Benjamin Teixeira pelo espírito Temístocles.
Você se acha estranho e caótico, livre demais ou quase displicente? Se mantém um mínimo padrão de responsabilidade nesse sistema de ser, não deve se culpar: essa atitude não-linear é a ferramenta fundamental para que atinja um padrão excelente de criatividade. Não há criatividade sem algum nível de desordem. Não há crescimento sem o turbilhão das crises. Se você segue em crise, agradeça a Deus a oportunidade e não mais se angustie por causa disso.
Claro que não estamos chancelando o comportamento inconseqüente de quem se dá ao luxo de agir contra a Vontade de Deus, semeando destruição a troco de atender a alguns caprichos pessoais. Falamos daqueles que ousam ser diferentes, que se atrevem a revelar sua natureza tal qual ela é, sem rebuscamentos, em busca da completude, da integridade, da inteira autenticidade, da abundância plena no aproveitamento da existência. Para esses corajosos vanguardeiros do processo de auto-conhecimento, o prêmio da ousadia virá fatalmente, como insights luminosos a respeito de si e da vida, favorecendo a paz e a felicidade em níveis cada vez mais altos de consciência.
Lembre-se de que muita coisa tida, no passado, como indecente, indigna e anti-espiritual hoje é vista como natural e mesmo desejável. Muita coisa que era mal vista antes continua sendo agora, mas foi graças aos quebradores de estruturas, motivos de escândalo para sua época, mas antecipadores dos paradigmas da atualidade, que se tem hoje um discernimento mais claro quanto ao que realmente é ou não é bom.
Você se condena? Nós o parabenizamos. Bem-vindo à crise salutar que antecede a transformação para melhor. Bem-vindo ao casulo, viscoso, escuro e fechado da lagarta que libertará a borboleta livre e colorida. Bem-vindo ao horror do escuro da terra que fará germinar, da semente pequenina de gente que é, a árvore frondosa do herói, do santo ou do gênio que dormita em seu íntimo.
Você se condena e o Céu o congratula. Por tudo, só não pare de trabalhar no campo do ideal e sinceramente continue buscando fazer o bem do seu próximo. Se mantiver esses dois princípios redentores, de que mais se poderá condenar?
(Texto recebido em 27 de junho de 2001.)