Benjamin Teixeira
pelo espírito Gustavo Henrique.

– Ernandes, que acha que poderíamos fazer para ajudar nosso grupo de companheiros no plano físico, em função de atingirmos os fins que colimamos, em matéria de extensão das bênçãos do esclarecimento espiritual a maior número de pessoas?

– Creio que poderíamos, caro Hernesto, abrir mão de alguns impositivos das convenções do meio kardecista, digo, preconceitos do plano material, já que nosso apanhado de amigos encarnados tem condições de nos compreender os reclamos, e, assim, pedir que se quotizem, para que alcancemos nosso desiderato.

– Realmente acha isso possível?

– Vamos fazer o que nos esteja ao alcance.

– Lembre-se de Nestório, todavia, a quem bastou falarmos em pedir ajuda pecuniária, na última ocasião em que isto se fez premente, para que se afastasse até mesmo das reuniões mediúnicas, a fim de não se sentir obrigado a colaborar mais diretamente.

– O caso dele é impressionante, de fato, companheiro. Não lhe foi suficiente o roubo em sua loja, nem o desastre de automóvel que arrebentou seu estabelecimento meses depois, como conseqüência a reiteradas negativas a socorro justo e módico. Entregou-se a especulações diversas quanto ao passado, esquecido do mais óbvio: verificar o que há de errado em sua conduta presente…

– São as durezas do coração humano, meu amigo. Lamento ter que compactuar com chiste menos digno, corrente no mundo material, de que a parte mais sensível do corpo humano é o bolso. À guisa de conscienciosos, muitos espíritas fazem-se sovinas, e, enquanto outras religiões criam impérios de comunicação em massa, com a cobrança do dízimo, temos dificuldade, amiúde, de imprimir mero folheto com mensagens de divulgação de nossas idéias, que confortam com linguagem tão apropriada aos dramas e necessidades dos dias atuais.

– O que mais me impressiona são os freqüentadores das palestras públicas. Você vê? Um valor inferior a uma passagem de transporte coletivo que se doasse, a cada visita à casa de bênçãos, seria bastante para que as despesas básicas de manutenção da instituição fossem pagas, e não logramos atingir a medida de um terço dos custos com donativos. Temos que contar com a colaboração de recursos financeiros do próprio palestrante e seus amigos mais próximos, para que as atividades não sofram solução de continuidade. Gastam pequenas fortunas com guarda-roupas já abarrotados de peças, com compras de novos veículos ou casas mais amplas; desperdiçam em festas e jantares lautos, ou na aquisição de novos eletrodomésticos, celulares e outros eletrônicos, esquecidos de reservar a centésima parte de tudo isso para os trabalhos de Deus e Seus representantes, o que já seria de enorme valia… Mas reclamam sempre graças do Céu!… olhando com suspeita para os esforços dos operários encarnados, que se empenham, no limite das próprias forças, em fazer o seu máximo.

– Mas tudo isso, amigo, é compreensível, já que essas almas andam cansadas dos abusos cometidos pelos que resvalam no fosso do charlatanismo religioso. Esquecem-se, é bem verdade, de que recaem no erro do outro extremo do espectro, recusando-se a viabilizar até a recepção das dádivas que recebem. Mas não nos cabe expender julgamentos. O tempo lhes mostrará, quiçá por meio de severas conseqüências, o quanto se equivocam.

– Vários amigos de nosso palestrante reencarnado têm sugerido a cobrança de valor simbólico para ingresso em nossos encontros públicos, idéia esta a que ele resiste, até o fim, no que concordamos plenamente. Tratar-se-ia de uma adulteração de nossos princípios mais sagrados o cobrarmos por preces e consolações, como as que acontecem em nossos encontros interdimensionais de toda semana.

– Os amigos no plano físico não se dão conta de que o dinheiro é energia vital coagulada, que precisa fluir; e de que, quando o repassam, o fluxo energético retorna em sua direção de inúmeros modos, alguns que lhes escapam mesmo à imaginação. Dar de si é muito mais meritório; mas quem não consegue sequer dar do material, que é fácil ofertar, jamais terá condições de se dar de coração. Da mesma forma como médiuns doam forças do organismo físico, que não possuímos, para a prestação de socorro aos próprios encarnados sofredores, igualmente cabe aos que trafegam pelas vias expressas da reencarnação oferecerem-nos, conforme estipulação de seu livre-arbítrio, quotas de recursos monetários, que nos viabilizem as conquistas na dimensão física.

– Ah… humanidade, humanidade! Por quanto tempo em nosso orbe terráqueo teremos que nos melhorar ainda!

– Sem dúvida!

A esta altura, porém, luminosa figura de matrona do Plano Sublime de Vida tomou assento à mesa da conversação amiga, aparecendo repentinamente, em atitude a um só tempo majestosa e humilde, vinda de esferas mais altas de consciência:

– Boa noite, cavalheiros. Vim-lhes ofertar meus préstimos de conselheira-mãe.

– Olá, nobre Beatriz! Que bom tê-la entre nós! Muito honrados com a gentileza extrema de sua visita. Imaginamos que nos tenha acompanhado o colóquio, de “Mais Alto”, e tenha nos vindo auxiliar as limitadas mentes, na busca de solução cabível ao caso.

Beatriz, entre circunspecta e imperturbavelmente serena, obtemperou:

– Tomamos, sim, prezados companheiros de ideal, as providências concernentes à problemática em foco, e logo tais questões serão encaminhadas à resolução, por inspiração que insuflaremos no médium que nos serve no plano físico de vida. Por outro lado, a idéia que os estimados irmãos avaliavam, de suplicar, mais uma vez, de público, por verbas, não me parece mais a solução apropriada, porque, nos últimos tempos, em vez de perceberem a própria mesquinhez e ingratidão, os freqüentadores de nosso núcleo espírita estão-se deixando engolfar em lúgubres e inconfessáveis especulações sobre desvio de verbas para fins privados, por parte dos dignos dirigentes de nosso estabelecimento na Crosta. Supõem divisar obsessão e ambição material nos orientadores encarnados do grupo, sem se aperceberem do apego medonho a que se rendem, negligentes com o “vigiai e orai” e com a necessidade de autoconhecimento que lhes propiciaria menor projeção de sua malícia sobre os outros, apesar da mensagem de imortalidade que já lhes clareia o ideal. Deixemos cada um entregue à lei do carma-aprendizado, enquanto focaremos soluções práticas, que efetivamente transformem a conjuntura de premência contínua em abundância de graças a transbordar consolações e esclarecimento a número progressivamente maior de corações.

A rápida e curta palestra ainda consumiu alguns minutos, com a veneranda Beatriz, alma de escol, burilada no cadinho evolutivo dos milênios, traçando, em linhas gerais, as iniciativas que para breve seriam tomadas pelo grupelho de protegidos seus, no plano físico, a fim de debelar, definitivamente, a chaga da carência de recursos financeiros para realizarem seus ideais. Hernesto e Ernandes, dois respeitáveis mentores espirituais, residentes da cidade astral de Andrômeda, ouviam, respeitosos e reverentes, a palavra sábia e serena da grande dama do Plano Sublime, ao fim do que esta, então, se esvaiu às suas vistas espirituais, da mesma forma instantânea com que havia aparecido, após polidas despedidas de parte a parte.

Quanto a mim, fiquei a pensar, parafraseando o amigo de meu domínio de existência: Ah… humanidade, humanidade!

(Texto psicografado em 18 de janeiro de 2007. Revisão de Delano Mothé.)


Aviso Importante:

No próximo domingo, a reunião pública do Salto Quântico, que tem como viga mestra a palestra do líder espírita Benjamin Teixeira, será realizada no salão de festas Mega Espaço, em virtude da prévia carnavalesca sergipana Pré-Caju, que lança um volume de decibéis que inviabilizariam nosso encontro no Espaço Emes, demasiadamente próximo ao epicentro da folia. O Mega Espaço se localiza à Rua Nossa Senhora das Dores, 588. Bairro Suíssa (Sim, é assim mesmo que o bairro aracajuano é grafado), entre a Av. Desembargador Maynard e a Rua Ribeirópolis.

Departamento de Divulgação do Salto Quântico.