Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eustáquio.



Convidado ao sagrado ministério da mediunidade, pensa, modesto, no trabalho humílimo da lâmpada, em salão de conferências. Sem ela, o serviço da Luz do conhecimento não pode ser estendido. Mas, em si, embora brilhe para todos, jaz paradoxalmente oculta, no alto do teto, sem chamar atenção de ninguém.

Não penses em ser dotado de faculdades luminíferas, com que te sintas em evidência, no concerto das humanas vaidades. Se queres viver nos galarins da fama ou no trabalho do destaque pessoal, cogita do palco artístico e dedica-te aos misteres da exibição profissional, sem te sentires em débito com a consciência. Mediunidade é serviço de apagamento da personalidade, em prol do crescimento da Espiritualidade.

Sim, é difícil. Mas este não é campo de divertimento ou de espetáculo, de ganho pessoal ou de qualquer outra ordem de benefício direto, no plano material ou egóico. Se queres ser útil, santamente, no sagrado ministério da mediunidade, esquece de ti mesmo e ouve a voz dos Imortais, pela câmara secreta de teu coração, e vaza, para o mundo, a consolação e o esclarecimento, a cura e o bom-ânimo, a paz e a sabedoria, o conforto e o amor, em todos os sentidos que tua inteligência e teu coração alcançarem sintonizar.

Ao dizê-lo, incluo a ti, também, que segues vida afora, supondo-te alijado da seara bendita de disseminação da Espiritualidade Sublime, por não te sentires galardoado com faculdades adequadas ao intercâmbio ostensivo, com nosso plano de ação. Lembra-te de que mediunidade é vibração, sentimento e afinidade e que, muito embora talvez não percebas, conscientemente, o alvitre silencioso do amigo espiritual que te assiste o curso existencial ou as mãos intangíveis dos assistentes da nossa dimensão de vida, podes te converter em abençoado canal da Luz, por, simplesmente, teres boa-vontade no trabalho da solidariedade cristã, improvisando, em toda parte, a dilatação do amor, desde a palavra afetuosa de cumprimento ao passante desconhecido, na via pública, ao sorriso fraterno para o filho querido ao lado, na mesa de refeições, quando teu dia parece condenado ao inferno do pior humor.

Mediunidade é serviço, sacrifício e amor. E, com devotamento sincero e desejo lídimo de ser útil a Deus, o serviço se transfunde em bênção; o sacrifício, em glória eterna; e o amor, no maior de todos os prêmios que alguém um dia poderia aventar para si.

(Texto recebido em 9 de fevereiro de 2005.)