Benjamin Teixeira pelo espírito Eugênia.

Você tem atravessado dificuldades ingentes. Esse é um mundo de provas e de expiações. Ao descobri-las em torno e perto de você, não significa que esteja sitiado e que, portanto, não tenha condições de reagir. Muito embora as forças contrárias tenham muito poder ainda na Terra, a Luz tem ganhado batalhas substanciosas nos últimos decênios.

Quando se sentir mais abatido, recorde-se da biografia de grandes homens e mulheres do passado, e notará como foram caluniados, perseguidos gratuitamente, e atacados pelas costas, muitas vezes por aqueles mesmos que mais se beneficiaram.

Aqueles que hoje não lhe podem compreender, amanhã compreenderão. Trata-se de uma questão de nível de entendimento, de maturidade psicológica, que lhes impede de enxergar o óbvio – mas óbvio para você e para aqueles que já estão no topo da montanha e observam o labirinto do alto. Para quem está em meio ao dédalo, entrementes, a situação é bem diferente.

Amigos, porém, cercam seu coração. Você não segue sozinho nessa estrada. Almas valorosas o envolvem em eflúvios de paz e de contentamento. Basta que se abra para eles, por meio de breves minutos de prece, de meditação, de reflexão serena, e notará um influxo de energias positivas em sua direção, reanimando-o.

Talvez você tenha que adaptar seu projeto, mais uma vez, a medidas menores.
Ele não tem a expressão que você idealizou a princípio, você já sabe. Mas talvez até a redução drástica de proporções que tenha feito não tenha sido suficiente. Sendo assim, reduza-o ainda mais. Então, modere seus sonhos, e coloque-os na medida do possível, para que eles não se façam inviáveis.

Você não é mau por ter áreas de ignorância, de medo, de dúvida, de vício. Você é uma alma em construção, no carreiro da evolução. Portanto, nenhuma razão há para se culpar. Não deve relaxar a ponto de prejudicar outras pessoas, mas deve ter um mínimo de tolerância com as próprias faltas, para que a falta de indulgência consigo não bloqueie a auto-estima, essencial para qualquer iniciativa espiritual sadia.

Você se supõe mau e maquiavélico, de tanto as pessoas pensarem ou dizerem isso de você. Pare por um momento, e reconheça: precisamos reconhecer nossa ponta de treva, tanto quanto nosso núcleo de Luz. Você já fez a parte de assumir seu lado fraco e enfermiço. Agora, urge fazer o mesmo no que tange a seu ângulo bom de ser. Somente assim o equilíbrio do autoconhecimento se pode completar, e, mais que tudo, somente dessa maneira, pela percepção e pela concentração nos aspectos construtivos do eu, pode-se propiciar o desdobramento do desenvolvimento pessoal.

(Texto recebido em 31 de janeiro de 2001.)

Nota do Médium:

Eis, prezado visitante do Salto Quântico, mais uma belíssima mensagem dirigida, pelo espírito Eugênia, a uma jovem mãe, no dia do seu aniversário, que atravessou, há ano e meio, por uma das que talvez seja das maiores dores, senão a maior, que um ser humano pode sentir: perdeu um filho, o seu único filho, e um filho com quem mantinha uma relação simbiótica, que poderíamos dizer de almas gêmeas. Uma criança especial, que cativava a todos com facilidade; um – não exageraríamos em dizer – Ser de Luz, que não fazia acepção de pessoas, com uma bondade radiante, que o propelia a abraçar afetuosamente, com o mesmo ardor, as madames da society, bem como os funcionários de limpeza do confortável condomínio onde morava.

Aracaju conhece a fundo o caso, e boa parcela dos leitores certamente identificará as personagens envolvidas. Mas a destinatária da missiva nos autorizou sua publicação, sem sequer a alteração de nomes que levamos a efeito, apesar de quase inútil, respeitando, tão-somente, um escrúpulo íntimo. As colocações da sábia mentora foram de tal modo salutares que julgamos de bom alvitre pedir-lhe permissão para trazê-las a lume, bem como à felizarda destinatária. O prezado leitor e, sobremaneira, a cara leitora provavelmente nos compreenderão os porquês.

Muita paz e felicidade,

Benjamin Teixeira.
Aracaju, 3 de fevereiro de 2001.

Minha querida Helena:

Os anos passam, e tomamos consciência de nossas graves responsabilidades, à medida que amadurecemos. No início, apenas as flores inocentes da pureza infantil, desvestida, porém, da seriedade necessária ao cumprimento dos deveres. Depois, o excessivo contentamento da adolescência, num festim que parece infinito, como se o corpo fosse durar para sempre… mas que passa tão rápido. Por fim, a extrema sisudez nas preocupações da adultidade jovem, no afã de constituir todos os aspectos da vida, do afetivo ao profissional, com um mínimo de segurança e qualidade.

As invernias existenciais, todavia, também chegam, e levam conosco, de roldão, todas as futilidades, imaturidades, para nos acordar para os grandes valores da eternidade.

Hoje, você tem um rebento no além-túmulo. As questões de imortalidade, vida-e-morte, comunicação interdimensional e valores morais já não lhe constituem especulações de diletantismo filosófico, mas dramáticas necessidades conscienciais e psicológicas, para sua sobrevivência com um mínimo de humanidade, num mundo ainda prenhe de durezas irracionais.

Mas você vai vencer e já está vencendo. Sua vitória não é mais uma possibilidade, mas uma certeza, porque você simplesmente enlouqueceria de dor, se não se dedicasse ao serviço social, humanitário, solidário… Sei que não é algo muito agradável de se dizer, mas também sei que isso lhe dá mais confiança em si, paz de consciência e tranqüilidade quanto ao seu futuro.

A visita que você recebeu hoje pela manhã foi verdadeira. Não tenha dúvidas de que seu Huguinho está sempre por perto. É muito freqüente sua descida ao mundo de carne, por pedido dele e permissão de seus superiores. Um dos setores de assistência na Terra Dura vai receber o nome dele, e logo vocês saberão qual. Ele próprio o presidirá de cá. Está se preparando para isso, e, mais que tudo: mobilizando recursos para o pronto aviamento dessa obra de soerguimento humano.

Tente eliminar os últimos resíduos emocionais de materialismo. Sim, é um pouco disso mesmo que ainda a faz sofrer. Conheço sua convicção na imortalidade, mas discordo que a saudade deva causar paroxismos de angústia quando se tem certeza, ouça bem: realmente certeza do reencontro. É terrível não poder abraçá-lo, beijá-lo de novo, ouvir sua voz, mas agora, como nunca, pode se unir a ele pelo coração, e tornar sua existência um hino contínuo de louvor a esse sentimento sagrado, pela edificação de um trabalho de assistência aos infelizes do mundo. Se ele não tivesse ido, dificilmente (para não ser logo direta e dizer que não aconteceria) você ingressaria no campo da realização benemérita como agora faz e fará ainda mais no futuro. A presença de Huguinho hipnotizaria você, como sempre fez, e você gravitaria, feliz, em torno da existência dele, seus triunfos, suas conquistas, fase a fase de sua vida, e a sua própria passagem na Terra seria assim consumida, em sua ilha de felicidade, ignorando os desertos de dor que a cercam de todos os lados. Eis por que a tão grande dor da partida. Não haveria outra forma de engajá-la nesse trabalho gigantesco, com afinco e denodo, não fosse desse modo. Outras almas não precisam ser tão dramaticamente chamadas, mas porque ainda estagiam num nível de mediocridade espiritual que lhes permite a inconsciência, por vidas sucessivas, quanto as grandes verdades do espírito. Sua hora, porém, chegou. Inúmeras reencarnações suas foram desperdiçadas no poder e na futilidade das cortes. Agora, chegou o momento de ócio se converter em glória, glória de crescimento íntimo, de realização pessoal plena, de satisfação por fazer o seu máximo e deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrou, o que, no passado, nunca lhe aconteceu.

Um dia agradecerá, do fundo de seu coração, a iniciativa de Huguinho, em descer apenas para acordá-la. Hoje, você chora, e muitas de suas amigas sorriem. Mais tarde, você sorrirá, e expressiva maioria delas estará chorando. Você despertou para o essencial, enquanto muitos dos que passam, desfilando nos carrosséis da alegria pela Terra, seguem, tão-somente, hebetados no fascínio dos prazeres momentâneos, para acordarem, mais tarde, em terríveis pesadelos conscienciais, em além-túmulo…

Parabéns, minha filha.
Você nunca esteve tão bem encaminhada.
Você é mais feliz do que supõe.

A seu dispor, servidora última da Luz Infinita Bondade,

Eugênia.
Aracaju, 2 de fevereiro de 2001.

(Mensagem recebida pelo médium Benjamin Teixeira.)

Nota do Médium:

A mensagem que se segue Eugênia enviou a uma rapaz recém-ingresso na casa dos 20 anos, que freqüenta as nossas reuniões públicas (atualmente na Escola Técnica Federal de Sergipe, às 20:00 h de sábados, que, por sinal, completam hoje 9 anos de existência) desde o início de 1997. As dúvidas típicas à idade o confundem, e, em resposta a elas, a mentora expende poucas e sábias palavras, num primor de síntese, sem quaisquer pretensões literárias.

Como é comum se atravessarem crises de dúvida sobre caminhos trilhados, em qualquer fase da vida, e como Eugênia apresentou a complexa questão simplificando-a aos seus mais simples elementos, cremos que o prezado leitor também fará excelente proveito de suas colocações lapidares – razão por que as trazemos agora a lume.

Benjamin Teixeira
Aracaju, 4 de fevereiro de 2001.

Querido Marcelo*:

Existem razões ocultas, por detrás de toda boa intenção, e razões de ordem Superior. Sempre que existe o desejo de fazer o bem, de ser útil, de ajudar o próximo, não se deve ter receios, nem dúvidas quanto a se estar no caminho certo. A validação do Plano Superior acontece pelo ideal de serviço, pela busca de realização pessoal nos níveis mais altos, nobres, puros.

Sei que tem suas angústias internas, suas incertezas, suas suspeitas quanto a não ter suficiente capacidade para assumir a grave responsabilidade a que se candidata. Entrementes, meu filho, sempre que existe a humildade de perceber limites no próprio poder, também está presente o bom senso de nunca se sentir infalível, e de buscar sempre o auto-aprimoramento, bem com uma preocupação constante com conectar-se às Forças de Deus. Então, as aflições brandas que o atormentam, analisando-as pelas conseqüências, são extremamente salutares. Só seriam inadequadas se lhe paralisassem as iniciativas no rumo de seu sonho, de seu projeto de vida.

Desejando-lhe muita paz e felicidade,
convicta de que terá uma existência muito produtiva,

a seu dispor,

Eugênia.
Aracaju, 30 de janeiro de 2001.

(* O nome foi alterado para preservar a privacidade do destinatário da missiva.)