Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Minha querida amiga:
Está fazendo dieta? Ótimo que controle o peso e as medidas do corpo. Mas, assim como se importa com a silhueta de seu casulo de carne, seria bom que também pensasse em tornear sua alma de mais belos pensamentos e nobres sentimentos.

Caro companheiro:
Anda fazendo pesados investimentos financeiros? Muito bom que seja precavido. Mas quanto anda empenhando no valor impagável da felicidade familiar, no trato com quem mais lhe importa na vida? Seria bom que considerasse que, assim como os mercados financeiros são voláteis, muito mais são a vida e as oportunidades de estarmos com quem realmente amamos, em momentos que nunca se repetirão.

Prezado jovem:
Anda estudando muito para o vestibular ou está interessado em mestrado ou outros cursos pós-graduação? Interessante que esteja agregando valor à sua empregabilidade. Mas seria igualmente importante que considerasse a necessidade de adicionar sentido, propósito, razão de ser a sua existência, sem o que todo título não passa de enfeite sobre um espantalho no meio de um trigal abandonado. Somente a verdade traz sentido à vida. A instrução sozinha constitui mera ferramenta de trabalho.

Cara jovem:
Anda aprendendo novo idioma? O Inglês vai solto em sua língua afiada? Bom trabalho. Mas seria bom que traduzisse outras linguagens, as linguagens da alma, do seu coração, do seu ideal, a fim de que tenha noções claras de valor, de significado, de conteúdo, de natureza, de finalidade em todos os acontecimentos da existência.

É sempre bom exornar a personalidade com valores novos, mas todos eles podem afigurar-se patéticos, inúteis ou mesmo contra-producentes, se os assuntos essenciais da alma não forem devidamente considerados, trabalhados e vividos.

Pense bem antes de apenas conter calorias na dieta, guardar dólares no banco, adquirir novos títulos ou dominar idiomas, técnicas e habilidades variadas. “O Reino dos Céus está dentro de Vós”, disse Jesus. Seria bom considerarmos isso, ou seremos, nos termos do Mestre, quais “sepulcros caiados, brancos por fora, cheios de podridão e rapina por dentro”.

Saia da morte, do vazio, da carência de significado. Venha para a vida, para a plenitude, para a descoberta de todos os propósitos. Mude o foco: do externo para o interno, e você encontrará não só a vida, mas a felicidade, a completa felicidade…

(Texto recebido em 11 de outubro de 2002.)