Benjamin Teixeira pelo espírito Eugênia.
Sim, realmente existem mudanças repentinas. São complexas, demandam tempo de preparação, mas acontecem. A História dos grandes vultos da humanidade, como da própria espécie humana apresentam sobejos exemplos disso.
E, para facilitar-lhe a participação nesse curioso fenômeno (Quem não gostaria que seus famigerados regimes de início de ano dessem certo?), vamos apresentar algumas sugestões práticas e breves, para que sua mudança seja coroada de êxito.
Primeiramente, para que uma mudança seja verdadeira, tem que ser duradoura. Para que seja duradoura, deve ser sustentável, dentro do quadro de possibilidades do indivíduo, ou seja: respeitando-se seu atual padrão evolutivo, sua estrutura de personalidade, seu arcabouçou psíquico como um todo. É a partir desse raciocínio elementar que vamos atacar por duas frentes o nosso esforço de guerra (existe esforço maior e mais necessário que aquele que concerne à evolução de si?). Primeiro: incrementar transformações imediatas, dentro dos limites evolutivos presentes. E, em segundo lugar: agregar potencial evolutivo à nossa consciência, a fim de que haja maior potencial de mudança por conseqüência.
Com relação ao segundo bloco de iniciativas, demandam tempo, energia e bastante trabalho, com desapego a resultados imediatos, já que não se pode controlar o ritmo de progresso, de complexificação da alma, em seus intrincados mecanismos conscienciais. Nesse âmbito, labora-se no campo do princípio do salto quântico, conceito que para aqui trazemos da moderna Física Quântica, que reza a possibilidade de um elétron passar de uma órbita para outra no interior de um átomo, sem passar pelas faixas de espaço intermediárias que afastam essas órbitas. Para tanto, porém, o elétron acumula carga elétrica, até o ponto de atingir o patamar de carga correspondente à órbita para onde é projetado instantaneamente. Assim, a mudança repentina de posição dentro do átomo, assim como as revoluções históricas, parece inopinada, mas vinha acontecendo no correr de um longo período de tempo, de modo cumulativo.
Transpondo essa idéia para nossa experiência de catálise de processos transformacionais, fica implicada uma série de iniciativas continuadas, persistentes, que elaborem solo da psique, para que se alargue seu potencial de fertilidade, para os frutos almejados. Leitura, psicoterapia, aconselhamento profissional, participação em grupos de apoio e, sobremaneira, uma forte experiência de Deus, pela religião ou pela forma de espiritualidade que mais apeteça às predisposições ideológicas e psicológicas da pessoa. Tudo isso, porém, esquecendo-se de auferir efeitos instantâneos, mas sim confiando na fatalidade do bem, e, como numa gestação mental cujo tempo de gravidez psíquica não se conhecesse, precisa-se levar a cabo o empreendimento, pelo tempo que for necessário, indefinidamente, ou se terá um aborto consciencial das conquistas novas que seriam efetuadas.
Mas quanto ao primeiro fronte de batalha, o das iniciativas imediatas, e de maior efeito, já que, inclusive, favorecem, na perspectiva do segundo, um excelente exercício evolutivo do indivíduo, veja as quatro sugestões singelas mas fundamentais que se seguem e que coligimos para que você catapulte seu modificação para melhor:
1. Propor-se mudanças de pequena expressão. Não ambicione o muito inviável. Pense no pouco que possa ser mantido, por tempo indefinível. Desejar muito pode simplesmente bloquear a mente e até gerar efeitos contra-reativos no inconsciente, que sabota iniciativas excessivamente audazes, por meio do reforço daquilo justamente que se quer superar.
2. Objetivar a mudança, para que possa ser monitorada. Ler mais, por exemplo, é um objetivo que peca por uma abstração frustrante, fora do controle da razão. Ler meia hora por dia ou ler por cinco horas por semana, diferentemente, são metas passíveis de supervisionamento, tanto para atestar o êxito em alcançá-la, como para se quantificar quanto se aproxima dela, ou quantos progressos se fazem, no correr do tempo, em função do ideal estipulado.
3. Começar imediatamente. É muito comum esperar-se pelo momento ideal, pela data certa, a circunstância emocional favorável, a companhia, o estímulo, a inspiração maiores. Quem realmente quer empreender uma mudança faz o seu tempo, e as condições propiciadoras são atraídas ou descobertas, depois, como conseqüência. A famosa proposta de mudança de final de ano, como apresentamos no frontispício dessa digressão dá uma idéia desse falso conceito de que existem ocasiões especiais em que as mudanças podem ocorrer. É a decisão do indivíduo que faz a ocasião.
4. Na eventualidade de uma queda, soerguer-se de imediato. Outro falso conceito é o de que ou se faz a mudança completa, perfeitamente, ou simplesmente se retorna ao ponto de origem, amiúde com acréscimos de desequilíbrio. É o caso do celebérrimo exemplo de quem se introduz em dieta alimentar rigorosa e que, por não conseguir vivê-la na medida espartana pré-estabelecida, entrega-se a orgias alimentares, logo após notar essa ausência de vocação para o regime naturalista.
Siga, prezado amigo, essas recomendações simples que lhe trouxemos, no advento da virada de ano, de século e de milênio. Mas sem perder o referencial de que datas são meras convenções humanas, embora contenham poder simbólico (e portanto psíquico) que merece ser respeitado e aproveitado. Datas especiais representam meros lembretes do que pode e deve ser feito em todo tempo de sua existência, em cada dia de sua passagem pela vida física ou fora dela. Dessarte, a mais importante decisão que você pode tomar, seja no réveillon ou em qualquer outro instante de sua vida, é tomar em suas mãos o leme da nau de seu destino e dirigi-lo rumo ao futuro que delineia para si, com equilíbrio, ponderação, lucidez, humildade, mas também com muita garra e determinação em atingir suas metas e galgar patamares melhores de felicidade e paz, para si e para aqueles que ama.
A escolha por jornadear rumo à ventura ou continuar escravo das circunstâncias, realmente, é sua.
(Texto recebido em 30 de dezembro de 2000.)
Nota do Médium:
Prezado visitante do Salto Quântico:
A carta que se segue, intitulada: Carta a uma Filha de Sempre, foi uma mensagem pessoal que a bondosa e sábia Eugênia transmitiu a uma jovem, hoje pela manhã. Pela qualidade dos pensamentos expendidos, cri tratar-se de algo que caberia levar a público, pois que imaginei que seria útil a muitos outros corações. Fi-lo assim, após pedir autorização da autora espiritual, bem como da destinatária encarnada, com as naturais exclusões de elementos identificadores (o que lamento, pois que, em diversos momentos da carta original, Eugênia usa o nome da jovem em diminutivos carinhosos que dão um tom amoroso todo especial à missiva.)
Ao término da leitura da carta, que fiz ao telefone para a destinatária, estávamos em lágrimas ela e eu. É maravilhoso saber que os grandes espíritos do além nos seguem tão solícitos e dadivosos, em nome do Ser Infinito Amor, que nunca estamos sozinhos, que sempre seguimos amparados e inspirados por Seres muito à frente que nós, no carreiro evolutivo.
Para os interessados em curiosidades fenomenológicas (já que Espiritismo também é estudo científico, não cabendo a fé cega), os detalhes pessoais precisos sobre a jovem, que aparecem descritos com clareza na carta: o fato de ter estado lendo, madrugada adentro, bem como os dois pensamentos dominantes que lhe surgiram com ela, minuciosamente discriminados, não eram do meu conhecimento e foram ipsis literis confirmados pela moça, em prantos.
Para que o leitor se situe no tema abordado por Eugênia, e também dimensione a grandeza da Mentora e de seus raciocínios, a destinatária da carta foi responsável por terrível trama que envolveu Eugênia em sua última encarnação na Terra, há quase seis séculos, afastando-a de seu grande amor e casando-se com ele em seu lugar, e ainda provocando, indiretamente, a armadilha vil na qual a grande enviada acaba perdendo sua vida física, com apenas vinte e cinco anos de idade.
Por fim, gostaria de dizer que, embora receba, diariamente, mensagens pessoais dos espíritos, principalmente de Eugênia, para algumas pessoas que lhe são diretamente guiadas, não é possível estender esse benefício ao grande público, o que muito me daria prazer fazer. Isso se dá porque nossas energias mediúnicas, a pedido dos espíritos, devem ser polarizadas para o trabalho de educação das massas – o serviço essencial e urgente da atualidade. Com isso quero dizer que o fato de o estimado leitor não receber uma mensagem pessoal assinada por espírito amigo não implica que não esteja sendo muito bem assistido por esses bondosos e sábios amigos do além, assim como, inversamente, duvidar da existência de micróbios, apenas por não vê-los, não nos protege de seus ataques infecciosos. Por outro lado, não acreditar no plano espiritual por não receber uma mensagem pessoal equivaleria a não acreditar que o Homem chegou à Lua, por não ter pisado lá. Inclusive, um dos motivos de eu estar aqui trazendo essa mensagem a lume é por ser tão excitante e confortante qualquer evidência, mínima que seja, da imortalidade de nossas almas, pelas implicações maravilhosas e poderosas em nossas existências da idéia de nossa eternidade, de como tudo vale a pena, de que nada é por acaso, e de que seguimos sempre acompanhados e protegidos por Altas Inteligências e Grandes Corações da outra dimensão de Vida…
E, assim como a transmissão pela televisão da chegada do Neil Armstrong ao solo lunar empolgou mais de um bilhão de pessoas que assistiam ao evento ao vivo, estou certo de que os poucos corações que tiverem acesso a essa mensagem e principalmente à idéia de nossa imortalidade que lhe subjaz sentir-se-ão estimulados a perceber que nada é em vão, nem nossos sofrimentos, decepções, dores ou quedas, e que tudo tem um propósito maior…
Maravilha das maravilhas, prezado leitor, cara leitora: somos imortais!… e, mais que isso: perfectíveis: fadados a progresso contínuo, de modo que quanto mais vivermos, mais felizes seremos… Fantástico, não???
Dessa perspectiva, ser feliz, amar o próximo e se concentrar no essencial – nossos ideais e vocações – torna-se bem mais fácil, não concorda?
Experimente conversar com esses seres, sobretudo com Deus, em pensamento, pedindo-Lhes ajuda e inspiração, e faça tudo que seu coração mandar em termos de dar e receber amor, aprender, crescer e fazer o bem ao próximo e esse fantástico sairá do campo especulativo, para a vivência vibrante do dia a dia, enchendo seus dias de alegria, paz, amor, felicidade e êxtase…
Benjamin Teixeira.
Aracaju, 3 de janeiro de 2001.
Carta a uma Filha de Sempre…
Minha querida:
Que Deus nos abençoe sempre.
Não precisamos ter medo de estar fora de rota. Existem verdades que transcendem o lugar comum do maniqueísmo certo/errado. Às vezes, é sob efeito de nossos maiores deslizes, das grandes lições que por eles aprendemos, que somos capacitados a dar uma guinada em nossas vidas.
Sei que isso não justifica relaxamentos. A disciplina é dever da alma, em qualquer circunstância. Faço, todavia, essa referência, em alusão a seu impulso de se culpar por ter incorrido em falta. Esse é um posicionamento mental incoerente, já que implica a presunção de ser possível, na condição humana, não cometerem-se erros.
O que, porém, em particular, hoje, gostaria de lhe dizer é que não tenha medo de ser feliz. Você vai conseguir. A desilusão sofrida gera um receio de se repetir a dose da decepção, caso haja nova entrega à experiência do amor, da confiança, da intimidade, da partilha. Somente em vivenciando novas etapas de aprendizado, porém, poderemos nos aproximar da plenitude que buscamos. Não tenha medo de se abrir ao amor novamente. Falo de suas reflexões dessa madrugada, após continuada leitura. Você não passará por dramas amargos como os trágicos desfechos apresentados pelo livro. Não viverá um mar de rosas; entrementes, não precisará passar por crises tão intensas, pois que já possui a alma aberta à mudança, receptiva a conhecimentos novos e flexível em seus princípios e valores.
Continuo sendo sua mãe, como há séculos, com o mesmo amor de sempre. Esqueça esses sentimentos de remorso em relação à minha pessoa, completamente despropositados, a que novamente se rendeu nessas reflexões da madrugada. Quando lhe falo isso, não estou sendo inspirada por espírito de modéstia ou de humildade. Falo isso como uma mãe falaria das traquinagens de seu filho pequeno, para ele mesmo, já adulto. Faria algum sentido uma mãe idosa falar ao filho maduro que guarda mágoas das tolices que lhe dizia e fazia em tenra infância? O inverso é que se dá: quanto mais levado o menino tiver sido, mais motivos de riso os dois terão juntos, em suas recordações ternas do passado em comum, ou seja: mais motivos de amor, sorriso e ternura compartilhados. É exatamente assim que me sinto em relação a você. Você hoje é espiritualmente adulta, e, naqueles tempos idos de Aquitânia, era uma adolescente espiritual, cheia de destemperos emocionais, caprichos e desequilíbrios. Foi uma fase necessária de seu histórico evolutivo. Como poderia guardar ressentimentos, como mestra (a função do guia), por você ter passado pelo primário, para chegar ao ginásio e à faculdade? Muito pelo contrário: agradeço a Deus pela oportunidade de ter caído, para que tenha aprendido, em menos tempo, o que somente com muitos séculos de teoria e reflexão conseguiria assimilar.
Tranqüilize-se e siga seu caminho em paz, na busca de sua felicidade, procurando espalhar amor e alegria por onde passa, como tem tentado fazer. Agindo em amor, sendo amor, Deus estará com você, sempre…
Sem mais delongas, certa de seu êxito em todos os âmbitos de sua vida,
Sua mãe espiritual,
Eugênia.
Aracaju, 3 de janeiro de 2001.