Benjamin Teixeira
pelo espírito Eustáquio.

Vês-te, mais uma vez, enodoado com as manchas do erro. Gostarias, presto, atingir as culminâncias da paz e da bem-aventurança. Notas, todavia, de modo mui arraigado, a alma presa a baixadas da humanidade primitiva.

Por muito tempo ainda, amigo, perceber-te-ás jungido a expressões primárias de ser. Por outro lado, escolas psicológicas modernas propugnam pela liberação completa de impulsos, qual se fora a última palavra em vanguardismo comportamental. Não há, porém, bem estar verdadeiro, sem atendimento aos reclamos profundos da consciência, que, por sua vez, jaz inelutavelmente programada a ímpetos de auto-transcendência. Ou seja: sem evolução, não há paz, nem felicidade.

Pediram-te que experimentasses acepipes variados de prazer, e, sequioso de aprender e de te sentires aberto ao crescimento, permites-te abrires-te a vivências dúbias.

Agora, porém, que te recompões do momento de confusão, reconsidera tuas escolhas e seleciona rumos com mais critério. Mantém sempre em mente: moral, ética, disciplina, devotamento, auto-aprimoramento nunca estarão fora de moda, assim como a lei da gravidade também não. Princípios universais não são caprichosos como convenções; são determinantes como fatalidades inexoráveis.

Hoje, refaze teu compromisso com a disciplina, com o espírito de dever, com teus valores morais, com teus critérios de bem e de verdade. Não te sintas démodé por agires consoante o intemporal. Sintas-te seguro, por estares além das oscilações das circunstâncias de tempo e cultura.

Hoje, a culpa te encobre a alegria e te conturba a paz. Soerguendo-te, contudo, do paul de teu equívoco, com a deliberação firme de não mais reincidires em concessões exageradas a ti próprio, na auto-indulgência e no relaxamento moral ou comportamental, estarás, com a dor de agora, incorporando uma conquista imorredoura a teu espírito imortal.

Podes, caro amigo, mais uma vez, estar em trevas. Mas recorda-te de que a escuridão traz a mensagem e o convite da Luz, e de que a vida é constituída de dia atrás de outro, de modo que, pelo aproveitamento do tempo d’agora por frente, poderás construir um futuro feliz, como nunca d’antes imaginarias possível.

(Texto recebido em 8 de novembro de 2002.)