Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Se você é um grande realizador, não o surpreenda o fato de ser invejado. Se algumas pessoas se aproximam de você com intenções inconscientes de possuir sua posição na vida, não julgue isso venal: é humano, natural. É claro que lhe é dado, se quiser, não estar com essas pessoas que se sentem magoadas, intimamente, com o seu sucesso, escolhendo aquelas que de fato lhe querem bem e o admiram sem desejos ocultos de lhe tomar o lugar. Mas apiede-se daqueles que, angustiados com a própria sensação de impotência, percebem em você a encarnação de um ideal que nunca poderão alcançar, na presente existência. Compadeça-se da falta de amor que há nesses corações limitados que não conseguem admirar, nem somar forças, mas apenas render-se ao sinistro convite da inveja.
Sim, eu sei, meu caro amigo, seu coração se confrange porque, sinceramente, ama as pessoas, e gostaria de apenas viver a permuta sincera de afeto, de ternura, de amizade. Mas por que ainda se surpreende de isso acontecer no plano físico? Não sabe você que o planeta ainda está abarrotado de criaturas empedernidas, rudes e indiferentes? Não sabe que o amor é uma mercadoria rara, de modo que os poucos que dela apresentam quotas um pouco acima do vazio geral que habita os corações terrestres passam por personalidades especiais?
Então, querido amigo, suspenda a ladainha de queixumes e retorne ao seu padrão habitual de distanciamento emocional e piedade daqueles que não conseguem dar quase nada de si próprios, e, ao reverso, procure concentrar-se em se dar, em educar e em compreender, já que é essa a função daqueles que são um pouco mais desenvolvidos que a média dos com quem convive.
(Texto recebido em 10 de novembro de 2002.)