Não mutile sua psique, lançando fluxos de informação para baixo do inconsciente. Embora você deva focar o aspecto prático, positivo e construtivo das experiências, negar-se a vivência das emoções menos agradáveis (e seu aprendizado implicado) constitui um despautério, uma grave cisão da própria mente, um desprezo de seus talentos e mesmo uma alienação de faces importantes de sua identidade completa e profunda.
Proceda a uma leitura cuidadosa do que, por exemplo, a tristeza, a culpa, a raiva ou o medo lhe comunicam sobre seu universo interior. Observe, por outro lado, em relação ao mundo externo, se sua inteligência intuitiva ou suas percepções inconscientes não o(a) estariam alertando, por meio dessas impressões íntimas menos felizes (de caráter não lógico – não por isso menos autênticas), a respeito de indivíduos, situações ou caminhos de escolha que você tenha tomado ou venha tomando.
Quaisquer comunicações mediúnicas, sejam as provenientes de seus Guias Espirituais, sejam as oriundas de inimigos(as) desencarnados(as) ou de almas sofredoras não necessariamente ligadas a você, diluídas em uma escuta telepática difusa, podem se expressar através de emoções angustiosas ou de estranhezas emocionais aparentemente sem base. Dessarte, uma indução mental maléfica pode se manifestar como resistências internas ao bem, tanto quanto uma inspiração esclarecedora de alerta pode ser traduzida como convite sutil à contrição e a uma reflexão mais aguda, que evitem a queda no mal.
O trabalho de decodificação dos conteúdos que lhe afloram do hemisfério cerebral direito (conforme uma abordagem mais neurofisiológica e material do fenômeno), ou da contraparte não discursiva e não racional (bem diferente de se dizer irracional) de seu psiquismo, não é fácil nem simples, mas é de vital importância. Privar-se dos benefícios que esse empenho sistemático lhe pode trazer, expondo-se, por consequência, aos malefícios que ele lhe poderia evitar, configura um desperdício e um perigo difíceis de serem dimensionados.
Pela complexidade inerente a esse esforço contínuo de autoanálise e de expansão da lucidez, deve-se buscar apoio de pessoas e grupos abalizados(as) para tanto, adeptos(as) da psicoterapia de profundidade ou da espiritualidade genuína, ou ainda, se possível, de uma mundividência que abarque ambos os enfoques – o psicológico e o espiritual. Paralelamente, imprescindível que se estabeleçam, na esfera individual, hábitos bem arraigados de práticas diárias de meditação, oração e observação atenta da intuição.
É uma tarefa para toda a vida, para várias vidas… porque, quanto mais se avança em suas veredas, mais se alargam os horizontes das próprias percepções e mais questões ou conflitos podem surgir. Todavia, a cada passo que se dá, nessa senda de autoiluminação, mais inteligência, conhecimento e segurança íntima se obtêm…
E como menosprezar valores desse quilate, na tão imprevisível, complexa, desafiadora e perigosa jornada da existência humana?
Temístocles (Espírito)
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
5 de junho de 2018