Benjamin Teixeira,
em diálogo com o
Espírito Eugênia.

(Benjamin Teixeira) – Eugênia, você teria algo mais a dizer sobre a suspensão de mensagens mediúnicas pessoais, para alguns destinatários preferenciais, ou sobre o porquê de alguns, mesmo estando próximos e se dedicando muito à nossa obra, nunca as terem recebido? (*1)

(Espírito Eugênia) – Compulse, por gentileza, o capítulo sétimo, versículos doze a dezenove do Evangelho de Lucas. Lá, notará a resposta que lhe propomos à questão do fenômeno do correio mediúnico e seus destinatários. Fico agradecida se me puder colher a mensagem agora.

(BT) – Não entendi o que quis dizer da passagem.

(EE) – Explico-me. A viúva é o traço desesperado do ser humano. O jovem morto representa o que dela se espera e que, por lho faltar, causa o choro de tantos: a autossuficiência dos aspectos psicológicos masculinos (nela subdesenvolvidos), retratados em a figura de seu filho. “Nosso Senhor Jesus” – ou a Visita de Deus, o vetor evolutivo em nossas vidas – não poderia chegar à existência dela e realizar o milagre da ressuscitação de seu masculino interior, do despertar do que estava inerte, se ela, primeiramente, não sofresse a ausência física de seu rebento. Logo, a metáfora evangélica nos chama a atenção para a importância de respeitarmos as dores e necessidades dos que convivem conosco, em algum nível; lecionando-nos, ademais, que, se lhes cobrimos as deficiências, carências e frustrações, sem permitir que se desenvolvam e se façam autossuficientes e, principalmente, produtivos, assumimos grande dívida para com eles próprios e para com a Economia da Vida, que quer todos ativos, úteis e senhores de si mesmos e de seus destinos, conscientes artífices de seu futuro. Lembremos da lição inesquecível de Confúcio: “Não se dêem peixes; ensine-se a pescar.”

Mister educarmos o amor, para que não se converta em agente da destruição, com aparência adocicada – os tais “lobos em pele de cordeiro” de que, conforme exortação de Nosso Senhor, deveríamos nos precatar. Exemplo extremo destas convincentes e sofismáticas – e, por que não dizer(?): sinistras – formas de amor é o afeto degenerado em mimo e vício, que fazem alguns pais amolentarem o caráter e deformarem a personalidade de seus filhos.

(BT) – Notei, Eugênia, que os versículos que você ofereceu não coincidiram com o trecho do título temático da edição católica da Bíblia que utilizei para a consulta. Houve falha de filtragem mediúnica da minha parte, ou você pretendia dizer alguma coisa que não compreendi, com esta “imprecisão”? Poderia nos esclarecer esse ponto?

(EE) – Claro que posso esclarecer. A passagem é “aproximada”, mesmo porque as divisões de capítulos (digo: com os títulos pré-estipulados pelas tradições católicas) é arbitrária. E, como os Evangelhos podem ser vistos como um “continuum”, o você notar que sugeri adentrasse outro tema indica, indiretamente, que eu desejava se prosseguisse na leitura do “tema seguinte” (um, em verdade, constitui continuação do outro), caso você pretendesse aprofundar o estudo em foco, embora em caráter secundário – por isso, não completamente incluso na citação de trecho “em aberto”.

(BT) – Com relação ao trecho seguinte, então, em cuja conclusão Jesus comenta que pouco importa se alguém é asceta como João ou liberal como o Próprio Cristo, já que as “más línguas” falariam mal do mesmo modo (*2), entendi que há uma sugestão a buscar-se o equilíbrio, entre os extremos opostos de estar no ascetismo excessivo de João ou na licenciosidade dos “perdidos” que seguiam o Cristo. É apropriada esta minha interpretação?

(EE) – Sim, é uma das boas hipóteses de interpretação, embora não seja a única. Sugerir-lhe-ia, por exemplo (há outras, que não tangenciarei aqui, hoje, por não caber na temática que desdobramos), além do quesito equilíbrio (necessidade de se buscar e viver esse ideal), a reflexão em torno do aspecto do dever de se amadurecer a personalidade espiritual, porque não só a postura escapista do segundo título indica puerilidade (o tal cotejo que o Mestre fez: de Sua postura com a de João Baptista), mas também a da viúva, no capítulo anterior, em seu desespero, que revela forte traço de infantilidade no caráter. Devemos ser puros, quais crianças, em nossas intenções e abertura ao novo, ao perdão, à generosidade; mas não infantis, no posicionamento caprichoso diante do mundo. Algumas pessoas, assim, julgam-se credoras de atenção especial de nossa parte, da Espiritualidade Amiga como um todo. Só isso já denuncia um distúrbio grave, no sentido de proporções, na avaliação que fazem de si mesmas e da vida, em sua complexidade e riqueza infinitas. A frustração de seu desejo por serem agraciadas com o correio direto, com o nosso Plano, faz-se, portanto, de muito bom tom e mesmo imprescindível a que se sintam impelidas a refletirem acerca do essencial: o seu amadurecimento espiritual, o burilamento de seus caracteres, o desenvolvimento de suas personalidades.

(Diálogo travado na madrugada de 07 de janeiro de 2010.)

(*1) A propósito, impressionei-me muito ao interrogar, pessoalmente, poucas semanas antes do desencarne de Chico Xavier, a simpática figura de tio Pedro – um de seus colaboradores mais íntimos, que aparece em inúmeras fotos históricas de Uberaba, ao seu lado (nos últimos tempos, segurando-lhe a cabeça, pelo avançado de sua labirintite) –, sobre quantas mensagens pessoais ele havia recebido por meio do médium incomparável. Eis que ele me respondeu, para meu pasmo, que, em 43 anos de contato íntimo contínuo com Chico, NUNCA havia recebido sequer uma única missiva direta da Espiritualidade Sublime, por intermédio do inesquecível “mineiro do século”.

(*2) Lucas, 7: 31-35.

(Notas do Médium)


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