Benjamin Teixeira
por espíritos Incógnitos.
Queridos amigos espirituais, o que vocês teriam a dizer sobre atenderem-se a desejos e ser-se feliz?
A felicidade anda na contra-mão dos desejos atendidos, que causam saciedade e, por conseqüência, tédio e desânimo, o fastio. Não que se deva agredir o organismo em suas necessidades, negando-lhes atendimento, mas que se entenda: “necessidades” e não ilusões dos sentidos, a repetição, a hipertrofia ou a degeneração desnecessárias de um impulso, como, por exemplo, a sede que é convertida em compulsão e dependência química à ingestão de bebidas alcoólicas.
Mas é verdade que, no transcurso da história antiga e medieval, reprimiu-se demais o desejo, como se fosse um erro em si, como inclusive algumas tradições espirituais do Oriente ainda propugnam, e que se deve sugerir a liberação de toda forma de castração.
Sim, mas, como sempre, de um excesso, passou-se a outro. Deve-se encontrar o meio termo do equilíbrio de funções, sem inversão de valores. O desejo é um mecanismo que a Divina Providência criou para propelir as criaturas à vida, em todas as suas expressões. Se um desejo atrapalha a manifestação da vida em toda a sua pujança, indica perversão de propósitos e desvio de fluxo. É o que se chamaria, usando terminologia da psicanálise clássica, de desvio da libido.
Não é provável que essa ideia que propõem seja um retorno ao estoicismo que, lamentavelmente, não tem mais campo de sintonia na mente do homem e da mulher modernos?
Onde não há espaço para a disciplina, não há espaço para a vida. Não estamos propondo castração de impulsos naturais, mas a sua educação, em função de uma vida plena, em todos os sentidos, e não apenas no fisiológico, que é uma mera base para a evolução das expressões espirituais da vida..
Não seria preconceito travestido de filosofia?
Houve um tempo, que não vai longe, em que se dizia que os pais não deveriam repreender os seus filhos e permitir-lhes livre curso de todos os “impulsos”, para não criarem personalidades recalcadas. O que se conseguiu, com a aplicação desse sistema em massa, sobremaneira nos Estados Unidos da América do Norte, foi toda uma geração de personalidades viciosas e fracas, caprichosas e indisciplinadas, que de tudo reclamam e não se dispõem a se esforçar e se empenhar por nada. No meio da ciência médica atual, tanto no campo pediátrico quando no psiquiátrico (sem excluirmos a Psicologia) já se considera tal política educacional completamente errada. Mas também não se retornou às origens do rigor excessivo na punição aos pequenos que se empregava até o início do século XX. Assim, se as palmatórias foram abolidas das escolas, não se podem eliminar as medidas disciplinares de suspensão e corte de recreações e outras regalias, como reforço ao processo de conscientização que deverá estar respaldado em argumentação fulcrada num sistema empático de comunicação com as crianças e os adolescentes. Da mesma forma, se em casa as crianças não são mais espancadas, sugerem-se pequenos corretivos cirúrgicos que acordem a consciência e a razão da criança ou do jovem. Faça-se o mesmo em relação aos impulsos fisiológicos: extravasamento com moderação. Educação de impulsos, em função de ideais. O físico, em função do espiritual.
Mais algo desejam dizer sobre o assunto?
Não, mas que cada um medite, na câmara secreta de seus corações, e averigue qual o caminho da paz e da serenidade. Onde há conturbação da consciência, não há verdade. Onde não há verdade, não pode haver paz, nem felicidade.
(Diálogo travado em 8 de fevereiro de 2003 (*2). )
(*1) Por superveniências inevitáveis, a mensagem desta terça-feira, dia 25, só está sendo atualizada às 0:50 h)
(*2) O presente diálogo psíquico, como aqui exarado, foi recebido há quase vinte dias, mas só agora tivemos oportunidade de trazê-lo a lume.
(Notas do Médium)