Benjamin Teixeira
pelo espírito Gustavo Henrique.
A dignidade e a ética são elementos fundamentais. Ninguém engana ninguém. Só se engana a si mesmo. Não existe esperteza em burlarem-se princípios de decência. Quem pretende levar vantagem acaba, em verdade, perdendo a vantagem maior de estar em consonância com os padrões cósmicos de harmonia e paz que a justiça e o bem propiciam.
Mas, por outro lado, não existe honestidade absoluta, no mundo da ignorância: como ninguém é completamente honesto consigo (por limitação no auto-conhecimento), ninguém também pode ser totalmente honesto com os outros. Ninguém pode estar completamente com a verdade, se não a encontrou primeiramente dentro de si; ninguém pode ser totalmente transparente com os outros, se primeiramente não viu-se clara e profundamente por dentro. Sendo esse um drama geral na Terra, vamos aqui dar algumas sugestões de como agir diante de esparrelas da vivência moral:
1. Não se consuma em culpa. Responsabilize-se, corrija-se no que puder, e torne a tentar, incansáveis vezes (embora com inteligência e criatividade) até que, se não obtenha o êxito pleno, alcance a ventura da melhora progressiva.
2. Não resvale para antigas quedas, por supor que nunca superará a tendência de nelas derrapar. Esqueça antigos deslizes e pense no que pode fazer hoje, na perspectiva de um futuro muito melhor.
3. Seja ético, digno e justo com todos. Diga o que pensa (ou oculte, quando não puder falar, evitando a mentira), fale com decoro, purifique suas intenções. Jamais aja com segundas intenções, para desviar-se das defesas do outro: seja claro e permita a escolha de seu interlocutor, livre de seduções e envolvimentos manipulativos. Essa é a melhor forma de entrar em sintonia com o Plano Maior de Vida e as excelsas entidades que nele gravitam.
4. Não traia. Você não pode trair ninguém: somente a si mesmo. Se ninguém está vendo, sua consciência está. Respeite a confiança que depositaram em você, e, sobremaneira, respeite o amor e pureza de quem lhe devota carinho e fidelidade. Nada é mais condenável do que se explorar gente justa, de boa-índole, pacífica e dedicada. Seja grato e nunca se aproveite da natureza dócil daqueles com quem convive. Roubar de quem é despojado, enganar quem se entrega lealmente em confiança é mil vezes mais reprovável do que quando se lida com gente igualmente manhosa ou quando se está em situação-limite, e se é obrigado a agir em legítima defesa.
5. Resista à tentação de ceder ao canto da sereia das atitudes anti-éticas, do famoso jeitinho brasileiro e da safadeza inocente que têm corrompido tantas almas. A excitação pode ser forte, mas é passageira. As implicações de ceder, porém, podem ser permanentes e acachapantes. Evite a ressaca moral, a tragédia de repelir, para longe de si, quiçá sem quaisquer possibilidades de reconciliação (ao menos na existência que ora desfruta) corações nobres e almas de fato amadas, e seja o mais correto possível com quem está a seu lado. Se já incorreu em algumas faltas, comprometa-se, sinceramente, em não mais tornar a transgredir, e a Divina Justiça recompensar-lhe-á o empenho sincero, convertendo, quiçá, processos de infelicidade já em andamento para seu caminho existencial, quais sementes de destino amargo, aguardando-o, na curva do futuro, para lhe punir a presunção de onipotência e a sensação enganadora de impunidade, lecionando-lhe lucidez, humildade e bom senso.
6. Não se esqueça de que, por muito tempo ainda, apesar de todos os seus esforços, continuará falível e cairá, repetidas vezes. Para evitar grandes abismos, porém, ore sempre (ao menos uma vez ao dia), dedique-se à sua religião (ou forma própria de conectar-se a Deus), frequente (pelo menos uma vez na semana) um grupo de reflexão religiosa ou espiritual com que se afine, pratique o bem e conecte-se ao seu melhor, sendo solidário, amistoso, gentil, atencioso, em suma: humano. Tornando-se o seu melhor, dinamizando o seu lado mais elevado, estará potencializando o que há de mais sublime em si e, por conseguinte, dificultando, quando não de todo inviabilizando, a manifestação primitiva de fraqueza que tanto lhe vem atormentando.
Por fim, confie em Deus, amigo(a), entregando a Ele(Ela) o seu propósito de melhoria íntima. Elimine o medo e se concentre no Amor Divino, que enseja indefinidas oportunidades de resgate, reparação e recomeço. Não para ver a bondade infinita de Deus como um estímulo a continuar errando, já que infinito seria o perdão do Senhor, porque o mínimo que se conseguiria com essa filosofia e conduta estultas seria prolongar ou mesmo aprofundar a própria dor, dificultando-lhe a erradicação. Mas veja a Bondade intérmina do Criador como um enorme incentivo a recomeçar tranqüilo, com a consciência em paz, cônscio de que, se errou ontem, agia sob influência da ótica que lhe era possível ter, então, do certo e errado, do melhor a fazer e ser. Estando sinceramente disposto a acertar, terá infinitas ocasiões para se ressarcir dos antigos equívocos, fazendo o bem, a mancheias.
(Texto recebido em 19 de maio de 2001.)