Amigo:
Não pode haver felicidade sem disciplina. Imagine o que seria de um elevador sem controle, descendo livre, por efeito da gravidade. Tente conceber, por outro lado, o efeito de uma cachoeira sem o leito do rio ou os canais que a acolhessem, conduzindo-lhe as águas rumo ao mar ou às hidrelétricas e centros de tratamento, para posterior utilização humana. Pense no que seria de uma criança sem a condução dos pais e responsáveis, ficando ante a televisão e nos folguedos naturais da idade, sem o empenho necessário da escola.
Existe uma lamentável tendência, nos tempos que correm, a associar-se felicidade a liberdade, e liberdade atreita a um conceito superficial e limitado de fazer-se o que se quer, como se quer e à hora que se quer. Pode ser completamente livre, que tem consciência bastante para fazer bom uso de seu livre-arbítrio. Não por outra razão, os presídios e as forças policiais estão na Terra. Felicidade não é apenas ter direitos e defendê-los, mas, principalmente, notar e intuir deveres e segui-los, à risca. O ser humano tem uma profunda e insopitável necessidade de ser útil, de servir, de superar-se, de buscar a transcendência, de encontrar a plenitude do ser, por meio da doação ao transpessoal.
Pare por alguns instantes e veja onde está sendo displicente. O relaxamento só é construtivo quando permite refazimento de forças. O esforço faz parte de todo movimento evolutivo da criação. Você é um ser em construção. Supor-se acabado seria de uma presunção e estultícia ímpares. E, se concorda comigo de que há algo mais a melhorar e fazer em si, não pode dispensar a disciplina em todos os âmbitos de sua vida, começando por sua casa mental.
Claro que não estamos propondo a inflexibilidade dos desprovidos de criatividade e visão intuitiva, o puritanismo dos moralistas castradores ou o anacronismo de quem pretende deter a marcha do tempo a golpes de tacape. Postulamos, sim, que você seja timoneiro da nau de sua consciência, em vez de se render às correntezas do momento, sendo arrastado para maremotos terríveis, em alto mar das crises existenciais, vida afora, sem rumo, sem remissão, sem escapatórias.
Matheus-Anacleto (Espírito)
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
20 de novembro de 2000