Pessoas esclarecidas e lúcidas escandalizam-se, com razão, ante o chocante fenômeno, em massa, que se tem denominado de “negacionismo científico”.
Sem dúvida, estupefaciente é a conduta daqueles(as) que, numa era de tecnologia e ciência, permitem-se intoxicar por ideias disparatadas, distúrbios cognitivos e ondas de contágio paralelas às das novas variantes da atual cepa do coronavírus.
Como negar a eficácia e os benefícios da vacinação, em meio a uma pandemia tão letal? Entretanto, como explicar que os(as) negacionistas(as) da vacina continuem fazendo uso de todos os expedientes tecnológicos disponíveis no domínio físico de existência, incluindo o socorro hospitalar, quando são vitimados(as) pela própria enfermidade contra a qual não querem se imunizar?
Não seria de se perguntar por que não abdicam da assistência dos(as) profissionais(as) de saúde que eles(as) absurdamente ignoram e desrespeitam, ao contestarem a função salvadora da vacina, para então ficarem em casa, morrendo naturalmente, sem buscar o auxílio da medicina e da farmacologia, em que declaram não acreditar?
Curiosamente, não há tese conspiracionista que leve criaturas a abandonarem seus aparelhos celulares e a deixarem de navegar nas redes sociais da internet, ou que as impeça de utilizarem eletrodomésticos e automóveis, de consultarem um(a) odontólogo(a), quando acometidas de dor aguda de dente, de recorrerem a analgésicos e medicamentos diversos, em circunstâncias de graves e dolorosas doenças do corpo material.
No entanto, por mais bizarra, essa atitude não constitui nenhuma novidade. Pelo contrário, tem sido uma constante na história da civilização humana na Terra.
Cabe destacar, porém, um ponto de capital relevância para a presente crise de sobrevivência da humanidade nesse orbe.
O negacionismo da cultura helênica clássica estabeleceu o horror do obscurantismo religioso que oprimiu populações ignorantes e supersticiosas, com vagas pavorosas de terror e culpa que as fizeram denegar, ao ponto da demonização, até mesmo os mais básicos instintos de perpetuação da espécie.
Em contrapartida, com o advento da ciência positivista do século 19, houve um espocar progressivo do materialismo ateísta, com a consequente condenação da transcendentalidade inerente à condição humana, um negacionismo altamente ruinoso ao equilíbrio e mesmo à sanidade mental de indivíduos e povos.
Se, por um lado, a ciência auxiliou a comunidade terrena a romper com os abusos crassos do dogmatismo religioso, sua deificação engendrou, por outro, um cenário cultural de niilismo e cinismo que degringolaram nos impérios diabólicos e sinistros dos regimes materialistas ateus implantados na antiga URSS e na China, no século 20, propiciando a ascensão e a entronização, por decênios, dos dois maiores genocidas da história da humanidade: Josef Stalin e Mao Tsé-Tung, dizimadores de dezenas de milhões de cidadãos(ãs) das próprias nações que governavam.
A negação da ciência configura um delírio óbvio, sem qualquer espaço a argumentações sensatas que a possam sustentar.
Todavia, a negação da espiritualidade tem-se mostrado igualmente mortífera, desde os sistemas totalitários ateus do século transato até a conjuntura trágica de legiões de almas atormentadas da atualidade, dita pós-moderna, em que multidões sem conta são aliciadas para o descaso, a toxicomania, o abarrotamento de consultórios e clínicas psiquiátricos, engrossando, dia a dia, as hostes de desesperados(as) e suicidas de todas as ordens.
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia e Matheus-Anacleto (Espíritos)
em Nome de Maria Cristo
LaGrange, Nova York, EUA
1º de setembro de 2021