Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Quase sempre a tristeza começa com um motivo razoável. A questão, porém, é que a tristeza não é razoável. O motivo é razoável, como concitação à preocupação sensata; como estímulo à ação, corrigindo o que deve ser corrigido; como um incentivo à lucidez e mesmo a posturas defensivas mais eficazes. Mas a tristeza é completamente contraproducente, já que retira forças ao indivíduo, forças que seriam fundamentais ao soerguimento do moral, viabilizando o êxito, ao propiciar saúde emocional, criatividade e energias para a reação construtiva.
Não estamos postulando uma alegria irresponsável, inconsciente e tola, a la Pollyanna. Outrossim, muito longe estamos de propor as idéias epicuristas de hedonismo inconseqüente, imediatista e egocêntrico. A felicidade deve ser procurada não como uma euforia passageira, que consome, amiúde, a consciência, mas como um estado permanente de realização íntima, por se sentir a alma ditosa, na trilha da verdade e do bem, algo que custa, não raro, gratificações temporárias, em troca de satisfações duradouras, de conquistas permanentes.
A consciência em paz, dessa perspectiva, é elemento imprescindível, constituindo mesmo o piso para qualquer forma genuína de felicidade; e a consciência, freqüentemente, exige trabalho árduo, disciplina, equilíbrio das emoções, renúncia a futilidades, desapego do eu e das posses materiais.
Assim, vamos continuar propagando a nossa doutrina da felicidade, mesmo que incompreendida aqui ou ali. A discordância, entrementes, reside mais na interpretação que no conteúdo dos conceitos que expendemos, bastando que, para melhor elucidarmos a temática, recordemo-nos da formação etimológica da palavra, dos verbetes latinos: fe licita, ou seja, uma fé ou uma convicção ou um padrão de valores que sejam lícitos, coerentes, consistentes, que correspondam não só às estruturas idiossincráticas e tendências evolucionais do indivíduo quanto às conjunturas existenciais, ao contexto circunstancial desse mesmo indivíduo.
Desperte, amigo, do seu sono de tristeza. Tristeza é transe, é hábito mental que se fixa e cria sulcos no psiquismo, enraizando matizes mentais mórbidas, destrutivos, no imo da alma invigilante, gerando traços permanentes de consciência. Não se dê ao luxo de sofrer por opção. Escolha a vida, escolha o bem, escolha a felicidade. Seja lúcido, racional e realista, é claro, mas sempre colimando encontrar o enfoque certo, dentro dos quadros situacionais em que estiver inserido, para desvelar o prazer de estar vivo, ativo, construindo algo de bom e participando, efetivamente, na edificação de um mundo melhor.
(Texto recebido em 08 de fevereiro de 2000)