Benjamin Teixeira,
pelo
Espírito Temístocles.

Embora não se possam fazer generalizações, existem tendências, no campo de estudo da superação do ego, que merecem ser discriminadas, para que, detectadas, analisadas e melhor compreendidas, possam, por consequência, ser melhor gerenciadas pela consciência, favorecendo sua transcendência, para o reino do pleno espírito.

Existem exceções, para os padrões de valor e comportamento que apresentaremos, no intuito de explicitar nossos pontos de vista – e honrosíssimas são estas exceções, em muitos sentidos. Entrementes, de um modo geral, pessoas mais velhas (principal fator para definir a idade do ego é a idade do corpo), demonstram mais as características que aqui consideramos atinentes ao ego velho, mas também mulheres, em qualquer idade, e pessoas com maior nível de instrução. Assim, se unimos os três itens-premissas: ser mais velho, mulher e mais instruído, favorecemos a manifestação do “ego velho”, considerando que utilizamos a qualificação de “velho”, tanto na conotação construtiva – de mais amadurecido e senhor de si, tal qual visualizamos as figuras de um ancião sábio ou de uma anciã sábia –; como também usamos o verbete em sua acepção destrutiva – de inerte, vicioso e fossilizado, como imaginamos a velhice, na totalidade de sua decrepitude e decadência.

O ego jovem é afoito, ansioso, preocupado com tudo que diga respeito à autoafirmação, à vaidade e ao orgulho por ser quem é (normalmente por ser quem ele acreditar ser, mas que dificilmente será, de fato). Contudo, é também cheio de vida, entusiasmo e vontade de realizar, aprender e crescer, em todos os sentidos (vencer, como ele entende, em verdade)– incluindo os que lhe não dizem respeito, como os espirituais, em que pretende agir, com o mesmo desabrido senso de autoconfiança e extroversão com que lida com as coisas materiais e propriamente humanas. Visualizemos um homem jovem, com 20 anos, que seja muito pouco dado a estudar e se instruir, seja do tipo dinâmico e atlético e, é claro, completamente dispersivo (portador de TDA talvez) e passional, e facilmente teremos noção do tipo de padrão psicológico a que fazemos alusão.

O ego velho é  crítico, medroso e suspeitoso demasiadamente. Quer segurança, comodidade e continuidade de eventos e circunstâncias, garantindo, com isso, o “status quo” que haja conquistado (ou suponha ter conquistado) na vida. Pede que se seja malicioso, que não se acredite em ninguém, que se aproveitem os rendimentos dos tempos de bonança, para guardar para os maus tempos (que virão), em vez de aplicar em investimentos de expansão de negócios e realizações pessoais (o que faria um ego jovem bem orientado, em vez de consumir tudo que tenha ganhado, em celebrações intermináveis, como preferiria, naturalmente). Tenhamos em mente a figura de uma senhora madura, de uns 70 anos, digamos, uma catedrática aposentada, com vários livros publicados, terapeuta observadora e treinada, grandes óculos com grossas lentes, fala mansa e pausada, com enorme quantidade de descendentes, não tanto por ter tido muitos filhos, mas porque todos os netos já nasceram, e talvez até alguns bisnetos, e se terá uma noção do psicotipo que aqui apresentamos.

Todo ser humano encarnado porta, em combinações e graduações variadas, por excelência idiossincráticas, certa dose de ambos; e a tendência é que, com o passar dos anos (e das sucessivas reencarnações), e com os acréscimos de instrução e treinamento, profissional ou acadêmico, espiritual ou psicológico, o indivíduo lentamente trafegue da predominância do ego jovem para a prevalência do ego velho, até que possa transcendê-lo na direção do Reino do Espírito… que, por sua vez, podemos dividir em espírito jovem e Espírito Velho, Deixaremos, no entanto, este tópico subsequente de nossa tese, para estudar n’outra ocasião. (Alguém me perguntaria se, antes das duplas de ego existiria uma dupla de, conjecturemos: animal jovem e velho, mas isso também vamos relegar para elucidação posterior, em próximo ensaio sobre esta curiosa e esclarecedora temática, se nos for isso oportunizado pela Divina Providência). A questão mais importante, todavia, é entender que estas divisões são, em certa medida, arbitrárias, e que o que buscamos é, tão-só, de acordo com a perspectiva de nossa mundividência, estabelecer critérios didáticos para a compreensão de assunto complexo e subjetivo demais para que dispense ferramentas pedagógicas simplificadoras (e, lamentavelmente, reducionistas, em um ou outro aspecto).

Curiosamente, ego jovem e velho constituem tese e antítese de uma mesma estrutura psicológica fundamental, que amadurece e caminha para a autotranscendência, quão (vai lá, vamos nos permitir este clichê) a lagarta que jornadeia no “mecanismo” de sua “deterioração”, no interior da crisálida, para, ao fim do processo metabólico da metamorfose, permitir o despontar da borboleta! Ou seja: constituem, em sua sinergia de relações interpessoais, no seio das comunidades humanas, um motor de conflitos que gera propulsão para a evolução humana, não só no nível individual, mas também no coletivo. Pais e filhos, gerações mais velhas e mais novas, têm encenado este drama evolucional, incontáveis vezes, a ponto de nos cansar, só em fazer a revisão histórica dos picos mais significativos, em que esta ordem de confronto-complementação (respectivamente: nível superficial e profundo em que for considerada) se deu. Revoluções sócio-político-econômicas foram travadas entre segmentos sociais regidos por egos jovens (prenhes de moços trabalhadores), contra outros estratos populacionais (liderados, normalmente, pela elite, por anciães treinados e vividos). Igualmente o que ocorreu e ocorre, com países (nas relações internacionais) e mesmo nas fases evolucionais da civilização (como um todo) podem ser compreendidos como pertencentes a uma ou outra camada de complexificação e acrisolamento psicológico do ego, mais ou menos intensa e claramente.

“Eles vão ver quem eu sou e quem manda aqui! Eles não valem nada e eu sou o máximo!” – grita o ego jovem, a plenos pulmões, para dentro de si mesmo.

“Fique quieto no seu canto, e se resguarde. Abra o olho para o que realmente importa. Deixe que os tolos disputem os nacos de queijo: nós já temos mais que o bastante para sobreviver com segurança e abundância” – sussurra, com olhar astuto e evasivo, o ego velho, para os ouvidos inquietos de egos jovens, de quem o ancião ou anciã interiores [não necessariamente sábio(a)] julga ser mãe ou pai (biológico, é claro).

Quem estaria certo? Quem estaria errado? A resposta é: “ambos”, para as duas indagações! (risos). O enigma deste paradoxo se dissolve, como já está exarado nas entrelinhas deste texto, que defende, subliminarmente, a tese evolucionista, quando se foca a mente no reconhecimento realista, pragmático e profundo (em seus desdobramentos no tecido da vida humana) de que tanto o ego jovem quanto o ego velho têm seu momento próprio de se manifestar, e correspondem a períodos específicos de desenvolvimento da personalidade e de acrisolamento do caráter.

Cabe, por fim, em qualquer circunstância da vida, evitar os laivos negativos de ambos, e, quanto possível, avançar, com esta trajetória de burilamento da psique, na direção das vigas mestras de realização, paz e felicidade em suas manifestações mais plenas, por isso mesmo assentadas, inexoravelmente, no campo de atuação do Espírito, em suas duas fases distintas: espírito jovem e Espírito Velho, antes do definitivo e completo mergulho da consciência na etapa final (para nossa ótica humana) da Angelitude, que, intemporal, nunca envelhece, e nunca é jovem demais para se dividir em duas categorias, porque é eterna e, completa… na fusão absoluta de todos os pares psíquicos de opostos..

(Texto recebido em 20 de outubro de 2009.)

 

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