Confiar em Deus! Confiar em Deus! Confiar em Deus!…
Quantas vezes teria que repetir, para que essa sentença fosse gravada a ferro e fogo na alma do prezado internauta? Essa convicção me abrasa a alma, e gostaria que o estimado amigo, mesmo sem acreditar muito nela, abrisse-se a considerá-la ao menos plausível. Digo isso porque, caso se esforce nesse sentido, você será premiado ao cêntuplo, só de início(!), com graças em quantidade e qualidade crescentes, em proporções exponenciais…
Há 16 anos trabalhando com o aconselhamento de pessoas, na área espiritual, desde que me tornei espírita, no início de 1988, posso afiançar que tudo me corrobora esta certeza, este saber (um fato, mais que uma certeza): Deus é Infinita Bondade e a todo momento concorre para o nosso bem, a despeito de todas as nossas atitudes impensadas ou francamente equivocadas. Tendo travado contato com milhares de pessoas, ouvindo-as e, dentro do que minhas pobres condições evolutivas me permitiam, esclarecendo-as, posso garantir que presenciei “milagres” e conheci “mistérios” assombrosos que apontam todos em uma mesma direção: como todos somos assistidos e inspirados por um Ser de Inteligência e Bondade Intérminas.
Obviamente que isso não implica relaxarmos e esquecermos nosso dever de casa evolutivo. Mas, muito mais do que o cepticismo e a negação cínica dos materialistas possam longinquamente supor, estamos num universo seguro.
Na madrugada da última segunda-feira, não conseguia dormir. Nada errado com minha insônia. Foi uma abençoada insônia. Despedi-me da pequena multidão que vai-me ouvir, na condição de representante dos bons espíritos, nas palestras de domingos, no centro de convenções do Hotel Parque dos Coqueiros, em Aracaju, e, quando consegui me pôr à cama, após minhas habituais atividades madrugueiras, simplesmente não conseguia conciliar sono. (Na calada da madrugada, posso me concentrar melhor em meus estudos, meditações e psicografias, como este texto que agora redijo, às quatro horas da manhã desta quarta-feira, 31 de março, aniversário de morte do codificador do Espiritismo, Allan Kardec.¹)
E vi-me de volta ao passado… a terrível crise de 1996! O programa, que já havia sido posto no ar, em transmissão nacional de televisão, captável por quem dispunha de parabólicas analógicas (à época uma coqueluche nacional), teve que sair do ar, levando de roldão o programa local consigo – o programa de TV, que existia desde 94, ficaria fora do ar por aproximadamente um mês. Inexperiente e inapto para questões administrativas, não soube organizar as contas, e as dívidas, exorbitantes, fizeram-me “quebrar”. Era a minha segunda falência em dois anos, e daquela vez o rombo foi além do que podia gerir. Agia com fé, com idealismo, mas com muito pouca perspicácia financeira, para não dizer logo: com uma atitude economicamente suicida.
Em quarto pequeno na casa de meus pais, que era ao mesmo tempo meu dormitório e meu escritório, na penumbra recém-formada do pós-crepúsculo, fiz uma prece desesperada. Afinal de contas, o que estava acontecendo? Onde estava errando? Ou, pior ainda: como fazer o que minha consciência mandava, com tanta inaptidão para as questões monetárias, como percebia em mim?
Foi então que ouvi uma forte voz mental assomar-me à psique, imperativa²:
– Deite-se.
Imaginei então tratar-se de um espírito que me queria mais relaxado para se comunicar mais claramente comigo (estava sentado na minha cama), e então estirei-me sobre o colchão. A voz, então, retornou:
– Deite-se no chão.
Fiquei confuso. Aquilo não era hora para a voz de um trapaceiro do Além vir aturdir-me o pensamento. Mas, pela leitura das energias e pela frequência vibratória do comunicante, sabia ser ele uma entidade sábia e nobre. Avaliei rapidamente a situação, com abertura mental, para não bloquear o fluxo criativo dos insights que costumam provir dessas entidades elevadas, e então, ao notar que nenhum mal me faria deitar no chão do meu quarto, que estava relativamente limpo (para o piso de um quarto), e ciente de que eu não seria ridicularizado, pelo bizarro da circunstância, já que a luz do quarto estava apagada, com persianas cerradas e a porta trancada, resolvi, ato contínuo, deitar-me no chão. Feito isso. Voltou-me a voz:
– O que existe em cima de você?
– Milhares de toneladas de concreto armado. (Morava no primeiro andar de um edifício de apartamentos com 12 andares.)
– Não tem medo que tudo isso desabe sobre você?
– Claro que não – respondi, prontamente.
– Por que não?
– Ora, porque foram feitos cálculos matemáticos precisos, por especialistas, os engenheiros civis que conduziram a construção de acordo com seu projeto.
– E essa ciência não apresenta falhas? – indagou novamente o espírito.
– Claro que sim. Tudo que é humano apresenta falhas.
– E mesmo assim você não teme que essa estrutura despenque sobre você? – redarguiu o espírito, deixando-me intrigado.
– Não – respondi, mais uma vez, com segurança.
– E por quê? – insistiu a entidade, sabiamente.
– Bem, porque, muito embora seja possível uma falha dessa magnitude, causando um acidente trágico, a probabilidade de que ocorra é tão ínfima, que seria insensato eu perder tempo e espaço em minha mente, ocupando-os com esse receio.
Uma pausa significa se deu e, pouco depois, o mentor invisível concluiu, silenciando, logo em seguida, num tom pausado e dramático que nunca mais esquecerei:
– Você, então, confia irrestritamente na engenharia dos homens, que é falha, mas não confia na Engenharia de Deus, que não é passível de erro?
A mensagem calou fundo em minha alma, mas isso não foi tudo. Relatando esse episódio, escrevi um texto que foi publicado na sexta-feira subsequente ao ocorrido, no “Jornal da Cidade”. (Por aqueles dias, publicava artigos de minha autoria ou dos orientadores espirituais, nas sextas-feiras, nesse diário sergipano.) Pois bem… no espaço entre aquela sexta-feira e a seguinte, um edifício de apartamentos, no Rio de Janeiro, veio por terra, fazendo várias vítimas fatais.
A Espiritualidade Superior, que tem acesso, de antemão, a eventos traumáticos, coletivos, quanto individuais, antecipou-se a utilizar o evento como uma forte lição para a humanidade e me pediu que publicasse o material, antes do acontecimento funesto.
Mas a cadeia de eventos impressionantes não parou por aí. Já havia enviado um outro artigo para publicação, para a sexta-feira da semana posterior ao acidente, mas, por alguma “razão superior”, a composição sumiu, tendo sido publicada, mais uma vez, a minha narrativa autobiográfica que parecia aludir ao sinistro carioca.
Sim! – é claro, tinha que aqui registrar. Os eventos após aquele período crítico, realmente, foram magnificamente orquestrados por uma Mão Superior Invisível, como predito pela “voz”. E, assim, a Engenharia de Deus permitiu não só que me tornasse um palestrante internacional, como ainda lançasse o programa nos Estados Unidos, numa TV a cabo do Estado de Connecticut, além de estar o programa, desde julho de 2001, sendo transmitido para todo o Brasil, em cadeia nacional de televisão (e não mais apenas para parabólicas), a partir do pouco provável QG de uma capital modesta do Nordeste, a doce e pacata Aracaju. Tudo por uma simples vontade: a de Deus!
Você pode, amigo, sentir-se perdido, totalmente desorientado e confuso, em meio a um cipoal de questões complexas, inextricáveis. Saiba, porém, que, tendo feito você sua parte, esforçado-se na medida do possível para seu atual nível de evolução, a Divina Providência – esteja certo(a) disto – fará o resto. Assim, ao reverso de se deixar enovelar por ingrato carretel de preocupações, medos e ansiedades vãs, ponha-se nas Mãos de Deus e siga em paz seu caminho.
Sim, seja prudente. Sim, seja humilde e lúcido para só almejar para si o exequível e adequado à sua personalidade e aos recursos reais que você detenha. Sim, trabalhe duro e seja disciplinado. Sim, aprenda com seus erros, para melhorar-se progressivamente. Entretanto, apesar de todos os esforços que envide e de todo o investimento em evolução e em elevação da consciência, você continuará incorrendo em erros, atravessando provações e descobrindo-se limitado e falho. Não desespere jamais. Deus, antes de você, conhece seu coração e sua limitação.
Dessarte, aproveite o instante amargo para orar e exercitar sua confiança incondicional no Ser Todo-Amor, que, se permite haver sofrimento no mundo, para que Suas criaturas amadureçam, nunca as relega ao abandono, principalmente quando do esgotamento de suas forças módicas, em crises existenciais mais difíceis. E, munido de tal convicção (ou ao menos dessa esperança), asserene-se e aguarde. Esteja certo, amigo, posso garantir-lhe, a partir da perspectiva de um estudioso na área: você nunca se decepcionará, por uma simples razão – Deus nunca falha!…
Benjamin Teixeira de Aguiar
31 de março de 2004
1 135 anos: 31/03/1869.
2 Peço desculpas pela repetição dessa história, para os amigos que já a conhecem, mas sua mensagem parece um estrondo à minha alma. E o Plano Superior deseja que repita sua narração, colorindo com as luzes de uma memória galvanizada pelos canais inspirativos. Os relatos pessoais, por fim, por serem de primeira mão, costumam ser os mais ricos e persuasivos.
(Notas do autor)