Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia
Eugênia, poderia nos dizer alguma coisa sobre Espiritismo e Felicidade?
Claro que sim. Espiritismo é uma forma de pensar e de sentir, de viver e de interpretar o mundo que favorece a felicidade.
Que conceito lindo!
Não houve intenção de fazê-lo bonito, mas preciso. De fato, o Espiritismo envolve as questões materiais, sem desprezá-las, além de estudar criteriosamente as que mais lhe interessam – as espirituais – de modo que a completude do ser humano é considerada, favorecendo-lhe a sensação de plenitude, paz e, por conseqüência, de felicidade.
É lamentável, porém, percebermos que muitas pessoas fazem de conceitos espíritas um meio de se martirizarem.
Sim, existe isso. Porque em tudo na vida, há má interpretação, avaliação superficial, aplicação imprópria de idéias. O carma, por exemplo, é um desafio à auto-superação e não uma constrição, como normalmente se o vê. Um estímulo para o crescimento e não um bloqueio ao bem estar.
O que se pode fazer para ser feliz, efetivamente?
Atender a todos os níveis de necessidade do próprio ser. Como seres multidimensionais, portamos impulsos próprios a cada uma dessas esferas de interesse, que têm que ser atendidas, de forma equilibrada, sempre visando à harmonia do conjunto, que representa a individualidade, a totalidade do ser.
Justamente isso parece ser a grande dificuldade de todos.
Por isso estão encarnados e trabalhando pela própria melhoria, que se estende além-fronteiras da morte biológica.
Estou sentindo-a um tanto lacônica nestas respostas. Minha impressão está errada?
Não sou prolixa. Quanto a não tecer mais comentários, porém, apenas não está havendo necessidade de dizer-se mais. Mesmo porque, em matéria de felicidade e espiritualidade, as pessoas, na Terra, devem focar mais a atenção em agir do que em especular. E falar muito pode alimentar esse vício ao excesso de teorização e de pouca prática.
Você falou sobre a multidimensionalidade do ser. Pode deixar claro sobre o que quer dizer com isso?
Nível biológico (para os que estão encarnados), psicológico (ou emocional), social (familiar, profissional, amical), intelectual (instrução formal e informal) e, por fim, a dimensão espiritual (que inclui práticas religiosas, contato com Deus e busca de um propósito maior, um sentido para a vida).
Cinco dimensões ao todo.
Exatamente. Mas isso pode ser mais extenso ou mais restringido, conforme o interesse do estudioso
E o que poderia dizer ser o maior problema em lidar com essa muldimensionalidade?
Dois. O primeiro é ignorar uma delas. O segundo, tão grave quanto o primeiro, seria não estabelecer a hierarquia certa de priorização dessas necessidades.
Hierarquia? Isso lembra Maslow(*). Como você estabeleceria essa hierarquia?
De trás para a frente, se tomamos, como ponto de observação, a perspectiva humana. Primeiro, deve-se atender às necessidades espirituais, depois às intelectivas-conceituais-paradigmáticas, para que se adentre o social em sua interação com o emocional, para então, por último, focarmos a atenção na realidade física. Não que se deva fazer uma coisa de cada vez, deixando o corpo e suas necessidade negligenciados. Lembremo-nos que estamos falando de prioridades, ou seja: ordem de interesse e prevalência, e não de exclusão, que nunca poderá existir, porque o ser é um todo indivisível, sinérgico, de modo que cada uma de suas dimensões repercute em todas as demais, criando-lhes perturbações ou benefícios.
Isso lembra aquela passagem do Evangelho de Jesus: “Buscai primeiramente o Reino dos Céus e Sua Justiça e o demais se vos acrescentará.”
Sim, sem dúvida. Quando colocamos o espiritual em primeiro plano e o material ao fim, é porque, em última análise, o ser humano é espírito, em trânsito pelo mundo físico, e não um ser biológico que possui características espirituais – como se costuma entendê-lo. Por isso o Mestre dos mestres falou dessa forma.
Mais algo considera importante nos falar sobre o tema?
Não. Mas sempre disponível a tornar a ser provocada, para seus estudos, da forma que desejarem.
(Diálogo travado em 14 de agosto de 2002.)
(*) Abraham Maslow, um dos pais da Escola Humanista de Psicologia, considerada a “Terceira Força da Psicologia”, e também um dos principais responsáveis pelo surgimento da Psicologia Transpessoal, denominada de “A Quarta Força da Piscologia”.
Nota do Médium.