Benjamin Teixeira
pelo espírito Anacleto.

Qual o tema de hoje?

Busca da felicidade.

Que maravilha! O que tem a dizer sobre isso?

Que só se pode buscar a felicidade se, primeiramente, conhece-se bem a si mesmo. A felicidade é o resultado do atendimento de todas as necessidades do indivíduo, considerando sua multidimensionalidade. Como, todavia, cada alma tem manifestações próprias de ser em cada nível, quais sejam: o físico, o emocional, o mental, o social e o espiritual, deve-se conhecer em profundidade a si próprio, a fim de que se possa regular a conduta e a rotina de acordo.

Eis o grande problema. As pessoas não se conhecem. O que propor ao homem médio que talvez rirá de uma proposta como essa, julgando-a por demais filosófica, para suas questões e necessidades bem concretas e prementes?

Que não se pode confundir prazer com felicidade, nem facilidade com felicidade. Muito fácil, para o ser humano médio de hoje, supor que se tivesse mais dinheiro, por exemplo, todos os seus problemas estariam resolvidos. Mas, se a solução para a questão é assim tão óbvia, porque os mega-milionários não têm todos os seus problemas resolvidos? Muito pelo contrário: o mais costuma complicar, trazendo ônus tremendos para a vida do indivíduo, desafios, às vezes, que escapam à sua capacidade de enfrentamento. O que mais se almeja, na Terra de hoje: beleza, riqueza, inteligência, poder e fama, quase sempre, quando reunidos em grande medida, conturbam o seu portador, mais do que lhe trazem felicidade. Não há mal nenhum nesses benefícios, mas são benefícios, não bases da vida. A base está na alma, na paz de consciência, na sensação de dever cumprido, em se estar atendendo, prioritariamente, aos apelos mais profundos de propósito, de sentido para viver.

Parece ser essa, justamente, a grande dificuldade do ser humano médio. O que fazer para que descubramos claramente o propósito de nossas vidas?

Que cada um ouça o próprio coração, a voz da consciência. Na voz da paz, encontrarão a voz de Deus.

Mas e como encontrar essa voz da paz? Existe uma verdadeira balbúrdia no mundo íntimo das criaturas terrenas. Como fazermos a triagem e avaliação das vozes mentais em torvelinho que se percebe na maior parcela dos habitantes do planeta?

Por meio da prática da oração, da meditação, da leitura de bom teor, de conteúdo espiritual, da psicoterapia ou do aconselhamento com líderes ou mentores espirituais de confiança, pela busca contínua de se conhecer, por meio da auto-análise, da conversação construtiva e aberta com confidentes amigos sobre problemas e dilemas internos. Quem realmente quer se conhecer, quem realmente quer aprender a fazer leituras internas, descobre os meios. É, todavia, um trabalho para toda a vida. Não se pode ir à farmácia e comprar a fórmula pronta. Quem quiser realmente ser feliz deve abandonar o imediatismo. É o imediatismo que conduz, por exemplo, o indivíduo à saída fácil, trágica das drogas: o efeito é imediato, mas também arrasador, completamente contrário ao que realmente se busca.

Fabuloso, Anacleto. Você gostaria de recomendar mais alguma coisa aos nossos leitores sobre o assunto?

Sim, que não há felicidade solitária. A verdadeira base da satisfação está em ser coletiva, no serviço que se presta aos semelhantes. O ser humano é componente de malhas sociais, um ser gregário, como dizem os antropólogos, como disseram os filósofos antes deles – o traço social, de interdependência com grupos é um apanágio indissociável de sua natureza. Assim, a realização máxima para o ser humano reside em se sentir útil, em se sentir contribuindo, em alguma medida, para o bem estar, para o progresso, para a paz dos seus irmãos em humanidade. Quem fugir a isso, pode ter momentos de excitação e de deslumbramento, mas ao preço terrível de uma frustração infinda e arrasadora.

 

(Texto recebido em 7 de março de 2001.)