por Benjamin Teixeira.
Eu estava ao computador, psicografando um diálogo que travava com Eugênia, quando a mentora fez um sinal para que a acompanhasse até uma janela que dava para nosso jardim. Apontando para um pinheiro, disse:
– Veja que ele está preso ao chão pelas raízes. Não há vida para ele, sem estar conectado às suas raízes. O mesmo se dá com relação ao ser humano. Não há vida nem progresso, sem que se preserve a conexão com as tradições e o passado. A atividade humana, em verdade, resume-se em agregar valores ao que foi constituído por gerações anteriores, e ninguém pode transcender o passado, dar uma contribuição efetiva para o presente e para o futuro, sem primeiro conhecer o que já se foi, em profundidade. Não se constrói um edifício sem estruturá-lo sobre os alicerces. Não poderia haver computação avançada, se a eletricidade tivesse que ser redescoberta todos os dias.
Suspirei fundo, fazendo algumas associações e elucubrando quanto às implicações do que a guia falava, quando Eugênia voltou à baila, ato contínuo, chamando-me a acompanhá-la até a garagem, próxima ao jardim. Algumas folhas secas estavam espalhadas sobre o piso.
– O que você nota?
– Elas estão secas… porque estão desconectadas de suas raízes.
– Isso mesmo. Não há vida sem passado, não há progresso sem consideração às conquistas do ontem. É nisso que se convertem aqueles que pretendem fazer tudo do nada: meras folhas secas, sem vida, sem beleza, sem utilidade. As realizações humanas são realizações da Humanidade e não de indivíduos, inteiramente insignificantes, ante o grande concerto da coletividade. As modernas tendências em administração e negócios, inclusive, têm indicado, cada vez mais, a gritante necessidade de se trabalhar em equipes. E a mais importante de todas as equipes é aquela que congrega indivíduos além do espaço-tempo, pela mística corrente da cultura e da civilização, que transcende evos e povos.
(Experiência mediúnica ocorrida em 24 de maio de 2001.)