(A bomba de Hiroshima e a dor necessária; ruptura de paradigmas, para fomento da criatividade e da intuição; a profilática da prece sistemática.)

Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.

No dia 6 de agosto de 1945, eclodiu a primeira bomba atômica, a de Hiroshima. Devastação e morte, como d’antes nunca se vira. Seqüelas gravíssimas, em queimaduras hediondas ou em degradação celular, no correr de décadas sucessivas, em decorrência do poderoso e arrasador efeito radioativo (*). E, no entanto, graças à energia atômica, a civilização humana na Terra possui, hoje, uma das mais eficazes e atualmente viáveis alternativas tecnológicas para a produção de energia “verde”. Graças a tal invento medonho, foi possível também, por exemplo, desenvolver-se uma série de técnicas avançadas de terapêutica clínica, como as de ordem oncológica.

Tudo isto digo, prezada filha, em função da pergunta que me fez, na manhã desta última segunda-feira: “Para que tudo isto? Que utilidade pode ter tanta dor sem remissão?”

Pois bem. Eis a resposta para sua questão: distenda seu horizonte temporal; não veja apenas a existência presente, nem considere, outrossim, tão-somente, seus interesses pessoais, e claro lhe ficará que não só estes padecimentos são benéficos, como, inclusive, são diminutos, ante os ganhos extraordinários e intemporais que lhe advirão, por conseguinte. E sofrer por pouco tempo, para usufrutos eternos, creio que, embora contrarie a lógica imediatista em vigor, seja, sem dúvida, um excelente “negócio”, ainda que considere, apenas, os benefícios de caráter pessoal.

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Por que, meu filho, a tristeza? – digo, em relação a não conseguir “dar conta do recado”. Lembre-se de que um forte e profundo pedido seu, no correr de anos, foi o de desenvolver a intuição e a criatividade. Como você acha que isto se dá? Pelo caos, pela ruptura da linearidade, pela quebra (às vezes, sem imediata substituição) de paradigmas.

Logo, sua antiga perspectiva de profissional burocrata, com seus corolários de previsibilidade, continuidade e controle de funções, bem como de operacionalidade no desincumbir-se de tarefas e responsabilidades, tinha que ser dramaticamente revolucionada, a fim de que a ótica policromática da visão criativo-intuitiva lhe fosse paulatinamente enxertada no psiquismo de resistente racionalidade, com todas as suas implicações de controle funcional (o painel de controles do ego) e suas pretensões arrogantes e irracionais de domínio do mundo interno, do externo e até – delírio dos delírios – do fluxo dos acontecimentos e destinos humanos.

Se lhe conforta dizer, ante as considerações acima expendidas, tranqüilize-se, porque esta é uma das mais típicas experiências-lições a serem assimiladas na condição hominal de consciência, após a conquista da razão e do livre-arbítrio: a paradoxal renúncia aos dois, sem, ironicamente, abdicar-se do esforço e da responsabilidade, do discernimento e da disciplina, característicos da fase egóico-racional, que antecede esta crise da iniciação à transpessoalidade.

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Beatitude é o que lhe desejo. Perguntava-se o que poderia estar lhe faltando, para que venha sofrendo as vertigens de tristeza que freqüentemente a acometem, e posso lhe garantir tratar-se de necessidade de mais oração.

Alma deveras sensível, você porta necessidade maior, para a média da Terra, de oração e meditação na graça de Deus, no Amor de Deus, em Sua perfeita e sábia Providência. Se fizer isto, cobrando-se mesmo uma carga horária todos os dias para tanto, surpreender-se-á com os resultados psicológicos, em termos de bem-estar e equilíbrio íntimos, fé e paz.

Você anda se intoxicando com a atmosfera de pessoas e lugares, mais comumente e com maior intensidade, como tem notado. É porque está abrindo suas percepções psíquicas, assim carecendo de maior critério da profilática da prece sistemática.

(Trechos de mensagens recebidas por Benjamin Teixeira, durante o culto do Evangelho diário em sua casa, nos dias 27, 16 e 15 de fevereiro de 2007, respectivamente. Revisão de Delano Mothé.)

(*) Eugênia faz alusão, de forma eufemístico-técnica, aos diversos tipos de cânceres provocados pela altíssima concentração de radiação desencadeada pela explosão de uma bomba atômica.
(Nota do Médium)

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