Fanatismo é um desequilíbrio das percepções e das funções cognitivas humanas, não se restringindo aos círculos religiosos.
Terrorismo não acontece apenas em sua expressão mais óbvia, como desdobramento infeliz da deturpação de orientações espirituais, mas se estende a toda ordem de intolerância, fomentando, direta ou indiretamente, violência psicológica, verbal ou física: de caráter sexual, étnico, econômico, cultural, linguístico, nacional etc.
O feminicídio é terrorismo, assim como o assassinato perpetrado, em índice vergonhoso e alarmante, contra componentes da comunidade LGBT, amiúde com requintes de crueldade. E o que dizer das forças policiais que atacam, aprisionam e matam, gratuitamente, jovens negros no Brasil, nos EUA, em diversos pontos da fatia dita civilizada da humanidade terrena?…
Bolsões de guerra e de miséria, espalhados pela superfície do planeta, ceifando em massa a vida de civis indefesos(as), e o cenário diabólico de milhares de crianças morrendo vitimadas pela fome, diariamente, em decorrência de injustiças crassas na distribuição global de renda, consistem em formas de genocídio permanente, difíceis de serem enquadradas, de tão horrendas, no âmbito do fanatismo e do terrorismo como normalmente os entendemos.
Toda seita fechada em si mesma, ainda que não se assuma como tal, necessariamente é radical, fanática, fundamentalista, na medida em que limita e deturpa a percepção da realidade, afastando-se de uma visão de conjunto, multifacetada, lúcida e, portanto, inclusiva.
Mascaradas de outras razões sociais de ser, essas seitas se arrogam funções de cunho “espiritual”, por pretenderem definir propósito para a existência de seus(suas) profitentes. E os efeitos dessa influência adulterada se fazem mais destrutivos quando seus adeptos(as) não percebem que estão absorvendo subliminarmente, sem o crivo de uma análise crítica, o perturbador e destrutivo estofo ideológico.
Nota-se isso – inconsciência e/ou dissimulação – no campo dos esportes, da política, dos meios acadêmicos, entre ateus(eias) militantes e até em legiões de fãs de celebridades da hora.
A vivência religiosa constitui uma propensão inata da psique humana, inclusive porque há regiões da neurofisiologia cerebral voltadas especificamente para experiências místico-espirituais. Assim, ao negar o Sagrado, a criatura acaba substituindo a Figura de Deus por um sucedâneo insuficiente (óbvio!) para o cumprimento do “papel” do(a) Criador(a) em sua vida, passando a adorar (idolatrar) deuses falsos, como poder, prestígio, sexo, drogas, entre outros vícios e ilusões do mundo material.
Eis então a raiz – idolatria – do comportamento notadamente histérico ou, no mínimo, desequilibrado daqueles(as) que resvalam em atitudes virulentas para com as opiniões e os sentimentos de pessoas que não partilham de seus pontos de vista.
Precatemo-nos contra a pseudointeligência que camufla a falta de coração, de consciência e de caráter em expoentes de doutrinas políticas, cientificistas, acadêmicas, midiáticas e até religiosas.
Priorizemos a consciência, a confraternização, o respeito e a solidariedade recíprocos, apartando-nos de abusos e abusadores(as), focando nossa atenção e energias em nos libertar dos grilhões do mal, do passado, das viciações de quaisquer naturezas.
Abaixo as manifestações de tirania, sejam elas cometidas no seio doméstico ou na esfera dos governos nacionais, nas relações íntimas ou no circuito dos conglomerados econômicos internacionais.
Demo-nos as mãos nesse inexorável, embora doloroso, processo de despertar, rompendo com prisões e hipnoses de todo gênero.
É hora de acordar para o “Reino dos Céus”, que Jesus localizou “dentro de nós”. No entanto, para isso, precisamos facear as mais duras, profundas e difíceis verdades pessoais, que nos propelem para longe das cristalizadas zonas de conforto a que, desastrosamente, nos acostumamos. Inspiremo-nos, dessarte, em outra máxima que nos legou o Cristo Verbo Divino: “Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos fará livres…”
Eugênia-Aspásia (Espírito)
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
New Fairfield (CT, EUA)
26 de novembro de 2017