Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Projeção do ego, diz você, informado dos últimos avanços na ciência da Psicologia. Sim, indubitavelmente, nas problemáticas da alma, e, sobremaneira, naquelas que tangem aos relacionamentos interpessoais, espelhamentos complexos de pendências e questões mal-resolvidas em si acontecem continuamente sobre a imagem dos outros. Tanto do tipo puro, como o vaidoso que vê vaidade em toda parte ou que não suporta pessoas vaidosas; quanto do tipo indireto, como no caso de quem precisa desenvolver reação justa a agressões e que é posto constantemente em contato com gente abusiva e violenta, para ser exortado dramaticamente a se defender.

Entretanto, apesar de existirem tais processos intrincados de reflexão do eu, não podemos generalizá-los como fonte absoluta de todos as dificuldades, conflitos e angústias da alma. Vivemos num universo de interação contínua. Forças, energias, vetores mentais, padrões conscienciais cruzam ininterruptamente uns com os outros, engendrando outros tantos inda mais complexos padrões psíquicos. Claro que toda matriz de sintonia com a mente está em bases do psiquismo que podem até jazer adormecidas, mas que existem. Mas a forma como tais ressonâncias se dão, em que medida são ativadas e potencializadas, a forma como são fundidas a outros processos psicológicos diz respeito a uma gama mais extensa de etiologia fenomenológica, em que devemos incluir, inescapavelmente, os agentes psiteta, da parapsicologia, ou, para simplificarmos: as entidades despojadas de corpos físicos, as Inteligências desencarnadas que, como aquela que aqui escreve, estagiam em outras freqüências energéticas de manifestação da vida, não menos reais porém.

O prezado amigo encarnado, como nós, que seguimos deslindados da matéria, está mergulhado num oceano de consciência. Ao seu lado e à distância, miríades de seres vibram suas expressões mentais e energéticas, conforme seu patamar evolutivo. Impossível não estar continuamente sendo influenciado por esses fatores inexoráveis de pensamento. E como distingui-los dos próprios? Em princípio, de modo absoluto, quase impraticável, já que as mínimas expressões de nosso caráter, personalidade, opiniões e desejos jazem infiltrados e encobertos de influências psíquicas, culturais e emocionais de n elementos alienígenas, desde a educação do berço, instrução acadêmica, induções conceptuais do sistema, cultura nacional, sexual, religiosa, filosófica, política, de uma época e lugar. E os espíritos… Ah… os espíritos que estão por toda parte, de todas as estirpes evolutivas, de todos os psicotipos, de todos os temperamentos, necessidades, aspirações e vícios. Entrementes, uma maneira há de, até certa medida, reconhecer-se o que provém de fora, diferenciando-o do que vem de dentro: o autoconhecimento em profundidade. Quem sabe realmente quem é, o que quer e para onde vai, como costuma perceber o mundo e reagir a ele, qual o padrão médio de seus pensamentos e a estrutura aproximada de seus sentimentos, percebe, com alguma clareza, o que não condiz com sua natureza íntima.

Ser lúcido é, primeiramente, estar cônscio da inevitabilidade de ser fruto de um contexto sócio-político-cultural-econômico e psíquico (ou espiritual) – os seres com quem se entra em ressonância, por meio da sintonia de gostos, aptidões, valores, hábitos, objetivos.). Assim, não se eliminará propriamente tal influência, mas se poderá alijar-lhe os aspectos mais destrutivos da originalidade individual e dos impulsos dalma que, provindo de Deus exclusivamente para a pessoa, são de ordem inarredavelmente única, voltada exclusivamente para a forma de ser ímpar daquele a quem é endereçada.

Você é um ser em processo de devir. Você se faz, você cresce por meio da autodescoberta e da aquisição de novos conhecimentos. Entretanto, esteja atento aos desvios do caminho, às atrações perigosas que marginam a senda do progresso espiritual. É por isso que o autoconhecimento é fundamental. A todo momento, fluxos novos de pensamentos ou sentimentos surgem, e, com isso, é-lhe proposto, pela Vida, ato contínuo, avaliar-lhes a natureza, procedência, finalidades e utilidades. Se você não se conhece bem, poderá facilmente albergar algo destrutivo dentro de si, proveniente de agentes perturbadores do plano invisível da vida, interessados em semear o caos e a ilusão, a fim de que mantenham seu império de poder, escravização e vampirização das forças psíquicas dos encarnados, que ainda portam o arcabouço orgânico que tanto lhes faz falta à continuidade de seus desatinos sensoriais.

Não só, todavia, um profundo conhecimento de si, mas também um largo conhecimento da natureza humana faz-se imprescindível, porque, às vezes, algo pode não se coadunar com seu padrão evolutivo atual, mas constituir a eclosão de uma nova estrutura psíquica, em nível mais alto de consciência. E quem não conhecer bem assuntos espirituais, provável até que veja como indesejável o que, em verdade, é impulso de progresso, e que até tente ou mesmo por um tempo consiga bloquear a correnteza da evolução, senão, no mínimo, atrapalhando-a e gerando dores completamente desnecessárias.

Ore, amigo, viva a prática do bem (em expressões de solidariedade, fraternidade, amor), siga seu coração e seu ideal (sonhos, projetos de vida, causas espirituais, sociais ou filosóficas) e faça do seu dia uma busca constante de aprimoramento, realização e, por conseqüência, de conquista da paz e da felicidade.

Você é uma estação concomitantemente emissora e receptora de ondas mentais. Cabe-lhe manter a mão do poder decisório e do livre arbítrio, sobre o dial das opções íntimas de sintonia, para escolher os canais psíquicos de ser, sentir e viver que mais lhe apeteçam às aspirações e necessidades que o trouxeram à vida física: os mais elevados, nobres e transcendentes que possa conceber e galgar.

O assunto é complexo, e você deve estudá-lo com critério e vagar. Mas, enquanto isso, comece com o essencial. Seja o melhor que puder, e fique atento ao pior que o convida a sintonizar com a treva, porque a treva fará uso justamente desse pior, para manipulá-lo, ou ao menos tentar fazer isso, contra sua felicidade e sua paz.

(Texto recebido em 28 de dezembro de 2000.)