Elimine a tolerância com o mal. O mal não deve ser aceito e sim compreendido, desarticulado em seus elementos implícitos e destarte reintegrado à psique.
Complacência com o mal equivale a conivência com ele. Não se deve ser condescendente com o negativo e sim enérgico, no sentido de dar-lhe o curso devido: rumo a seu polo oposto, complementar, o positivo. Ou seja: não estamos postulando um maniqueísmo perfunctório e sim o entendimento pragmático do mal, em seus desdobramentos reais: um fluxo destrutivo que não só pode, como deve ser convertido em seu reverso construtivo, que lhe dá significado, que lhe constitui a razão de ser.
E como saber onde o mal de fato está? Em tudo aquilo que o desvia da vitalidade, da paz, da sensação de estar na rota do bem, de alinhamento com o núcleo mais profundo de si mesmo. Se a sua intuição sinaliza-lhe estar fora de percurso, fique alerta. O coração nunca se engana (desde que esteja realmente ouvindo a intuição e não meramente a emoção, que frequentemente se equivoca). Ausculte o fundo de sua consciência e pergunte-se o que o impele na direção de seus ideais, dos projetos de vida que lhe inflamam o ideal de serviço ao próximo e de realização do melhor. Isso é a verdade, a sua verdade pessoal. Siga-a, com ardor religioso.
E, no mais, tenha paciência com aqueles que não o compreenderem. Não venda sua alma. Não prostitua a sua consciência, por conveniências passageiras. Melhor contrariar algumas pessoas, do que perverter o coração, e malsinar seus caminhos. Seja político, psicológico, cuidadoso. Mas se, com sua negativa gentil, com sua apresentação cortês de motivos, os interlocutores não o compreenderem, problema deles. A sua primeira responsabilidade é consigo mesmo e com sua consciência: é a ela que deve seguir, sempre. A obediência a sistemas de conduta, à moral convencional, a costumes e valores externos é hábito diabólico que deve ser completamente extirpado de seu íntimo. Vide a formação etimológica da palavra diabo: provém do vocábulo latino diabollus, que significa separação. Tudo que o separa de sua consciência – equivale dizer: de sua conexão com Deus – afasta-o do caminho do bem, não provém do Alto e sim das Forças Contrárias que, reforço: não devem ser desprezadas, muito menos reprimidas, e sim reincorporadas, por meio de dissecação criteriosa de seus constructos, mas jamais, jamais mesmo, obedecidas!
Alerta, soldado da vida! Não se deixe seduzir pelo canto da sereia das comodidades passageiras. O conforto de um momento pode gerar extremo desconforto mais tarde. Ou seja: mais vale um incômodo provisório que lhe conduz a bem estar permanente que o contrário. Busque a verdadeira felicidade e não a excitação temporária, que já lhe deixa, ainda quando acontece, com maus presságios quanto ao porvir. Os vaticínios lúgubres que despontam no fundo da mente, nessas horas insanas de alegria inconsequente, retratam a percepção intuitiva de se estar trilhando a vereda errada.
Concentre-se no melhor, e siga, resoluto, por essa senda, a que custo for. Negociando com vetores adversários, sendo diplomático com quem se lhe opuser; contudo, em última análise, invariavelmente fiel à sua consciência, ao que o fundo do seu coração lhe diz ser verdadeiro. Essa será a sua salvação, sua glória e sua felicidade, ainda na presente existência física.
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Matheus-Anacleto (espírito)
15 de novembro de 2000