De certa maneira, pode-se compreender que uma pessoa em crise existencial está em processo de incubação, em regímen de gestação psíquica de si mesma. Em posição fetal, recolhida no íntimo de sua alma, sentindo-se fragilizada e vulnerável, busca proteção no útero de sua própria mente, como a lagarta – permita-me voltar ao chavão conceitual – que cria a crisálida para, dentro dela, sentir-se dissolver, sofrendo a metamorfose dolorosa rumo à conversão de si em borboleta.
O ser humano vive várias dessas etapas, de ficar grávido de si próprio, no transcurso de uma mesma reencarnação. Por diversas vezes, sente-se retornar, não a um útero materno, em estado de regressão psicológica, mas a um ventre metafórico, gerado por si mesmo (assim como na alegoria da lagarta), parindo-se borboleta cada vez mais colorida e mais eficientemente alada, em graus mais elevados de graça interior, ad aeternum.
Importante que cada um(a) se lembre, entrementes, de que o Universo também constitui boa analogia de um útero, o Útero da Deusa-Mãe. Você não está só: está amparado(a), envolvido(a) pelas energias e emanações mentais d’Aquela que cuida do bem-estar, do desenvolvimento, da expansão de lucidez e consciência de todas as criaturas.
Ou seja: não estamos tão vulneráveis, de fato, como nos sentimos em períodos de crise mais aguda. Os Multiversos são um “lugar seguro”, são úteros da Face Maternal de Deus, o Ser de Infinita Bondade, que, estando em toda parte, vê-nos e nos inspira, por miríades de meios, inclusive pela assistência de Mensageiros(as) Espirituais, despojados(as) de corpos físicos, não importando a denominação que concedamos a Eles(as), de acordo com nossa identificação religiosa e espiritual ou ausência dela.
Em contrapartida, é preciso considerar, por outro lado, que existem irradiações construtivas e destrutivas, amigas e inimigas (por assim dizer), provenientes de espíritos em diversos pontos da imensurável escalada evolutiva, irradiações essas que, segundo sua natureza, podem nos propelir às Alturas ou nos arruinar os esforços no bem. Não que estejam as entidades perturbadoras, dentro ou fora da matéria densa, necessariamente interessadas em atrapalhar esse ou aquele indivíduo diretamente (embora isso ocorra, em proporções assustadoras), mas porque naturalmente, pelo simples fato de existirem, como consciências livres, exalam de si ondas mentais que influenciam terceiros, conforme seu diapasão psíquico idiossincrático, pela interação de raios espirituais que se entrelaçam e se entrechocam, gerando vetores contraditórios de indução psicológica.
Mergulhados(as) nesse Gigante Oceano de Consciência, que continuamente nos “bombardeia” com vibrações conflitantes, cabe-nos viver a disciplina de buscar persistentemente a sintonia com a faixa de pensamentos, sentimentos, propósitos e ação com que desejamos estabelecer processos de retroalimentação.
Qualquer vacilação mais pronunciada, no campo das emoções ou das ideias, abre-nos comportas no psiquismo, sujeitando-nos à intromissão de agentes da desagregação. De reversa maneira, todo empenho sincero de autoaprimoramento e de serviço a nosso próprio bem, e sobremaneira a benefício geral, faz com que entreteçamos laços de sustentação psicoespiritual com Potestades do Bem, que, gradativa ou mesmo celeremente, nos organizam o caos existencial, auxiliando-nos a supraordenar a balbúrdia de nossas casas mentais.
Eugênia-Aspásia (Espírito)
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
New Fairfield, Connecticut, EUA
6 de dezembro de 2018