Nunca é demais repetir: mediunidade é questão de sintonia. Se o sinal vai alto, ótimo; mas se desce, naturalmente influências deletérias assumem o comando da casa mental. E, como vivemos num cosmo de interação contínua, sobremaneira no mundo psíquico, a mínima vacilação na gerência da torre de controles da alma dá espaço à invasão de toda ordem de desajuste e sofrimento.
Um ponto leva à confusão, nesse capítulo da fenomenologia psíquica: os aprendizes dos assuntos da espiritualidade esperam percepções fabulosas, claras, a respeito da presença de perturbadores em seu cosmo psíquico, e isso dificilmente se dá. As induções são sutis, sub-reptícias, imiscuindo-se à socapa, no campo mental do medianeiro desavisado, fazendo-o crer, sentir e ver o mundo, externa e internamente falando, de uma certa maneira distorcida, tal qual se fora verdadeira.
Se você quer ser menos prejudicado por essas influências destrutivas, recorde-se de que elas ocorrem, inevitavelmente, na vida de todas as pessoas, queiram elas ou não; e que, no que tange aos portadores de excepcional sensibilidade (os médiuns), serão avassalados por aluviões de desequilíbrio e tormento, até o ponto da loucura e a morte, se não se precavierem desses assaltos sorrateiros (mas devastadores) do mal.
Mantenha hábito contínuo de prece, em horário pré-estipulado, diariamente, mas também no correr de todo o dia, antes, ao término ou no transcurso de qualquer atividade. Faça leituras de conteúdo superior, espiritualizante, calmante, tantas vezes quantas puder e se fizer necessário. Medite, reflexione sobre temas de teor edificante, visualize e pense no melhor, escolhendo o enfoque positivo de todas as questões que esteja vivendo.
Seja sua vida uma vida de serenidade e ação no bem. Em meio a todo torvelinho de desarmonia, faça-se o vértice da Luz, a canalizar o amor e a paz a todos os circunstantes, por meio da doçura, da bondade, da paciência, sobretudo da fraternidade ativa, a soerguer, servir e restaurar ânimos e corações.
Não se lamente por erros pretéritos. Não importa quantas vezes tenha caído. Importa o quanto possa acertar, dagora por frente. Os equívocos de ontem constituem a malha de experiência sobre a qual tecerá as conquistas e vitórias do porvir alvissareiro.
Outrossim, quando se vir assomado por tentações aparentemente irresistíveis a capitular à indução malévola ou frívola, quando se vir possuído por um surto de descontrole, experimente tentar, de todo coração, manter em riste a guarda da moral e dos princípios que lhe regem o espírito, com a oração e a entrega a Deus. É justamente nos momentos de maior fraqueza que se desenvolve a força. Não é fácil superar tendências arquimilenares de ceder aos impulsos fáceis do momento (esse é o nosso passado animal, falando-se de evos infidáveis de rendição aos ímpetos instintuais da matéria bruta e inconsciente). Mas é justamente na quebra desse condicionamento que reside a vitória. Não tenha preguiça espiritual em se vencer. A alegria e os benefícios por se suplantar e se dirigir são grandes demais, e a tristeza e os prejuízos por não se ter sob controle extremamente extensos, para que se desista: a disciplina da autotranscendência é algo de essencial, indiscutível, prioritário, inadiável e indesistível.
As trevas instilar-lhe-ão ideias como: É impossível vencer-se nessa fraqueza. Já tentei outras vezes e fracassei. Vai exigir-me esforço demais. A vida não terá graça com tanto empenho e disciplina. Vou começar, mas vou cair e voltar a tudo o que era antes e ainda mais frustrado – melhor então curtir minha decadência., etc., etc., etc.. Reaja com energia e determinação a esses sofismas bem urdidos pelos inimigos da Luz, e concentre-se na realização do melhor.
Claro que haverá momentos em que realmente não poderá atingir um ideal, tendo que criar situações intermediárias, exequíveis pelo seu atual arcabouço evolutivo, de seu projeto maior de vida. Sem dúvidas que, inúmeras vezes, estabelecer-se-ão metas impraticáveis ou mesmo danosas, devendo-se adaptá-las ou mesmo eliminá-las de seu quadro de disciplinas. Entrementes, enquanto algo lhe for visto como certo, como justo, como bom, deve envidar todos os esforços no sentido de concretizá-lo em seus caminhos, atapetando com as flores de felicidade do cumprimento do dever as veredas de sua existência. No momento em que se perceber equivocado, sim, surgirá o ensejo de corrigir a meta ou mesmo substituí-la, para continuar seguindo-a. Mas, em qualquer tempo, uma meta maior, um objetivo central de vida, um quadro de valores e diretrizes deverão sempre estar sendo seguidos, ainda que cônscios estejamos de seu caráter provisório. A disciplina do essencial – daquilo que, em um dado momento, afigura-se-nos essencial – é a disciplina essencial. Confundir-se com a própria confusão e apresentá-la como pretexto para a falência no âmbito do fundamental é o grande deslize de interpretação das criaturas humanas. Não importa para onde se vá, desde que se vá para algum lugar, que se tenha decidido ir para lá, que se esteja consciente, continuamente, da responsabilidade de se estar conduzindo a algum destino, ainda que mil e uma correções de rota surjam necessárias e aconteçam, assim como acontece em navios e aviões em trajeto.
Você, companheiro médium da experiência no mundo físico; você, amigo não dotado de especiais recursos medianímicos de sensibilidade, compreendamo-nos todos como incursos no dever de representar o Plano Superior da Vida entre aqueles com quem convivemos. É nosso dever, mais que apenas um ideal, fazermo-nos embaixadores da Luz Divina em toda parte, como responsabilidade constante que nos assinala a condição de Filhos de Deus.
Claro que, pela falibilidade que nos caracteriza a condição de criaturas imperfeitas, por diversas vezes incorreremos em erros lamentáveis. Todavia, não vejamos nisso motivo de desânimo ou de autoflagelação. Entendamos as vivências da queda como oportunidades de aprendizado, crescimento e, portanto, maior capacitação para acertar e cumprir, a contento e cabalmente, o mandato do Alto que nos foi universalmente delegado: sermos Canais vivos do amor, da sabedoria e da paz, em todo instante de nossas vidas.
Com isso, não pense que se esperam de você atestados incontestes de santidade e transcendência às mazelas típicas à condição humana. Disciplina espiritual é administração do possível, em direção ao melhor provável. Comece com pequenos gestos, mas continuados, de melhoria íntima. O triunfo está nos detalhes. O desafio está nos pequenos passos, decisões aparentemente insignificantes mantidos com perseverança.
Adulcique a voz, nos momentos de falar. Não para ser melífluo, artificial e hipócrita, mas para podar a rispidez com que a maior parte das pessoas se acostumou a falar, assim se fazendo mais amoroso, psicológico e útil ao bem estar do semelhante.
Quando chegar em qualquer ambiente, ou quando travar contato com qualquer pessoa, pergunte-se, no imo de seu coração: Senhor, o que deseja de mim nesse instante? Como posso ser útil nessa circunstância que me oferece, como ensejo de trabalho e de aprendizado?
Em todo momento da existência, indague-se, com seriedade e abertura dalma: Senhora-Mãe, o que quer que faça de minha vida? Conduza-me em todos os meus caminhos.
Nos instantes mais amargos de provação, interrogue-se, nos refolhos profundos de sua alma: Senhor, o que deseja me ensinar com essa crise benfazeja? E aplique as intuições que lhe chegarem, quão rápido e possível for.
Agindo assim, sem serem precisos grandes lances de renúncia e espetáculos grandiosos de realização, você se estará fazendo um Canal do mais Alto, a serviço do bem, da verdade e da vida, onde quer que esteja, com quem estiver, ainda que tudo pareça conspirar contra… pareça… Porque, acima de você, velando por seu destino, sua paz e sua felicidade, Potestades Celestes estarão vigilantes, facilitando-lhe processos e abrindo-lhe caminhos, para que o melhor dentre o melhor do possível e necessário para seu progresso aconteça sempre.
Gustavo Henrique (Espírito)
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
06 de dezembro de 2000