Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Há alguns anos atrás, encontrei uma moça que se lamentava por não ter encontrado namorado. Estava “sozinha”, enquanto todas as suas coleguinhas estavam acompanhadas, noivando, casando, etc.

Os anos se passaram. As coleguinhas quase todas realmente se casaram. Ela continua solteira, mas uma grande profissional. Recentemente perguntei-lhe, mais uma vez, se gostaria de encontrar o homem de sua vida. Ela choramingou, ensaiou um complexo de vítima, historiou sua lista de fracassos afetivos, mas, por fim, disse que se fosse sacrificar seu trabalho, não queria, e sorriu satisfeita por estar “só”.

Estava ontem observando as amiguinhas de infância e adolescência dessa minha pupila. Algumas frustradas profissionalmente, tendo interrompido os estudos e a carreira para cuidar de filhos e marido. Outras, engordaram e envelheceram precocemente. Outras tantas, estão “amarradas” (por si mesmas) a homens que não amam, por medo de não encontrar outra companhia.

Obviamente, que a vida afetiva não é óbice para o êxito profissional, muito menos para a felicidade geral do indivíduo, já que, inclusive, é um de seus elementos constituintes. Mas, como estamos num mundo bastante primitivo para relacionamentos conjugais ideais, algumas almas que encarnam com propósitos de trabalho muito sérios e extensos, preferem não pôr em risco o fundamental para suas atuais encarnações.

Às vezes nos lamentamos “de barriga cheia”. Observe se os motes de suas lamúrias são sinceros, se vêm, de fato, do fundo do seu coração. E notará que, se existem escolhas difíceis, há também compensações maravilhosas, que em muito superam o que foi “perdido”, o a que se renunciou. Observe a força dessa palavra: compensação; não disse substituição ou emenda: mas compensação. E as compensações podem ser superiores às causas que a geraram.

Não busque sucedâneos para a felicidade. Ou se está realizado ou não se está, e nada lhe cobre o vazio deixado para trás, sejam amores perfeitos, fortunas espetaculares ou prazeres infinitos. Mas, para se preencher a própria alma, para satisfazer o coração, deve-se saber o que é essencial para si. Assim, defina, claramente, suas prioridades, aquilo que considera inegociável, aquilo que é o cerne, o norte e o espírito de sua vida, aquela atividade que o faz se sentir vivo, com um propósito, com uma razão para viver, útil, em paz… feliz… E, munido dessa informação, coloque-a como meta de sua existência, como foco de seus esforços, de seus pensamentos, de sua vida como um todo. Dessa forma, poderá fazer sempre escolhas mais adequadas, e queixar-se menos do que não faz sentido para você, do que não concorre em nada para seu verdadeiro bem estar.

(Texto recebido em 19 de maio de 2003.)