Para inteligências mais sofisticadas, encarnadas nos avançadíssimos “computadores biológicos” que constituem os organismos de matéria densa, repercute na memória, quase que involuntariamente, a famigerada máxima shakespeariana: “Ser ou não ser – eis a questão”.
Quando a aflição, o pavor e a incerteza tocam muitas pessoas, quanto ao surgimento de modelos mais aprimorados de inteligência artificial, um(a) perquiridor(a) mais arguto(a) poder-se-ia perguntar: “Qual o motivo para tanto pasmo? Há alguma novidade na ideia de que a tecnologia da informação (TI) desenvolveria máquinas que reproduzissem, com refinamento extraordinário, comportamentos, reações ou respostas que se assemelhassem profundamente aos de um ser humano real?”
A questão do que seja a consciência continua toldada de grande mistério para o patamar atual de evolução científica da civilização terrena.
Sentimentos, empatia, juízo de valor, sentido de propósito e significado são experiências exclusivas de seres sencientes e com senso de autopercepção.
O busílis da problemática, entretanto, é que programas complexos podem simular, à perfeição, na aparência, para quem observe de fora, o que não existe em essência, no interior do sistema computadorizado.
Não deveria causar nenhuma perplexidade o espocar desta fase nova da TI, porquanto o assunto não era “se”, mas apenas “quando”, a ciência e a tecnologia na área chegariam a esse nível de excelência.
A confusão só revela que a cultura e os(as) habitantes da Terra andam retardatários(as) no capítulo impostergável e permanente da indagação existencial basilar, desdobrada em três axiais partes: “Que é o ser humano? Donde vem? Para onde vai?”
Cogitar sobre a possibilidade de se criarem ou não, em laboratório, dentro de estruturas de silício ou, num futuro indeterminado, de material orgânico, seres autoconscientes é, em última instância, uma elucubração de caráter inerentemente espiritual.
Dessarte, inadvertidamente, indivíduos ateus e comunidades materialistas foram lançados, irrefreável e inexoravelmente, a reflexões de cunho espiritual, de que tanto fugiram e que teimavam em considerar secundárias, primitivas ou, pior ainda, falaciosas.
Chegou a hora civilizacional da transcendentalidade, pelas vias paradoxais do adiantado progresso de certos setores das ciências, que agora se esbarram, como já aconteceu à física no início do século passado, com a realidade insofismável e inescapável do que não pode deixar de ser, porque é o Ser em Si Mesmo: o Espírito.
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia (Espírito)
em Nome de Maria Cristo
LaGrange, Nova York, Estados Unidos
20 de abril de 2023