Na semana passada, eu fazia uma refeição com amigo querido, voluntário denodado de nossa Organização. Em meio a partilhas íntimas, entretecidas no preparo dos pratos, o irmão em Ideal, fazendo referência indireta a quanto havia amadurecido, no trato com o serviço no campo do bem, assim escapando do senso exagerado de importância pessoal – uma distorção típica da psique presa à faixa egoica de consciência –, verbalizou, um tanto entristecido, quase como se fora um suspiro de desânimo:
– Como nos iludimos, pensando que fazemos alguma coisa!…
Mal ele havia acabado de pronunciar a sentença, a nobre Orientadora Espiritual Eugênia-Aspásia procurou-me mentalmente e, em regímen de semi-incorporação (sem que meu interlocutor percebesse), falou, por meu intermédio, em resposta à aflição do devotado companheiro de fé:
– Primeiramente, temos a ilusão de tudo poder fazer. Num segundo momento evolutivo, caímos na ilusão diametralmente oposta de presumirmos nada poder fazer. Por fim, surge-nos a revelação íntima e o correlato estado de consciência de que temos o dever de ser úteis, ainda que limitados(as), aprimorando-nos, paulatinamente, no próprio movimento de servir a outras pessoas.
Benjamin Teixeira de Aguiar
Aracaju, 8 de agosto de 2018