Benjamin Teixeira
pelo espírito Eustáquio.
Anotas, enciumado, páginas de indelével sabedoria, lavradas pela pena iluminada de médium conhecido, e pensas-te inferior, inútil e insignificante, por não poderes fazer o mesmo.
Vês outros falarem brilhantemente, da cátedra e da tribuna, visivelmente tomados por inspiração ignota de elevada envergadura, e sentes o peito doer de tristeza, imaginando-te um revel de qualquer ordem de importância no mundo.
Soubeste de outro relevante missionário encarnado, espargindo cura e bem-aventurança, pelos passes ministrados de modo simples, mas “milagreiro”, já que fontes sublimes de energias nutrem seu trabalho como passista, e toldas-te de desânimo, julgando-te abandonado do Céu.
Para ti, os anjos não te vêem, e segues sem qualquer significado ou propósito para viver, pelo mundo das formas.
Não percebes, entrementes, o descalabro de tuas conjecturas? Sentires-te inútil é acusar Deus de haver-se equivocado nos desígnios a respeito de ti, e Ele, é claro, Perfeita Inteligência, nunca se engana. Por outro lado, para Ele, o Ser Absoluto, nada de grandioso é de fato grande, e a diferença de tamanho que separa as maiores obras das mais diminutas é simplesmente nula.
Assim, não imagines que médiuns se categorizam pela extensão dos fenômenos ou pela grandeza coletiva de suas obras. O irmão encarnado, que encabeça obra de grande extensão ante as massas, é apenas onerado de maiores responsabilidades, crivado, quiçá, de grandes dores e indizíveis provações, mas, de modo algum, é superior a ti. Diante de Deus, todos somos iguais. Médiuns se definem pela qualidade de suas intenções, da natureza de seus sentimentos, ao ofertarem serviço fraterno aos semelhantes e não pela dimensão das atividades que partem de seu centro de ação.
Destarte, quando te vires assomado de sentimentos de baixa auto-estima e inveja dos que te parecem engalanados de glória espiritual, observa o essencial, e sintoniza-te com o Criador, em Seus mananciais de infinito amor, e estarás sendo médium não propriamente de agentes imortais da Outra Dimensão de Vida, mas do próprio Ser Supremo, nas expressões singelas do caminho, em forma de bondade, serviço desinteressado e alegria pura.
Sê, assim, a palavra amiga que levanta; o ouvido atento que alivia; o braço amigo que ampara; o ombro acolhedor que acolhe; a bolsa generosa que socorre. Não tens a mais pálida noção do quanto de bem podes espalhar pelo mundo, em enormes teias de influência, se te decidires, realmente, a ser embaixador do Bem e Deus na Terra. Imagina, a título de ilustração, qual seria o efeito de um único dia de serviço integral ao bem, de uma criatura que seja, do sorriso fraterno a cada palavra dita em função de animar, acalmar e soerguer cada pessoa encontradiça no transcurso deste dia, e das dezenas de pessoas diretamente alcançadas, e das centenas indiretamente atingidas, e das milhares em poucas semanas envolvidas, numa grande malha de amor e espiritualidade… E se fizeres isso todos os dias de tua atual passagem pelo plano físico de Vida?
Jesus segue pelo mundo, nos dias de hoje, prestando socorros através de Seus tutelados e representantes, em sua esmagadora maioria ocultos em tarefas consideradas irrelevantes para as convenções terrenas. Sua voz e seu carinho, quanto Sua força e esclarecimento se estendem por toda parte, por meio de operários fiéis, que, em sua maior parcela, não são vistos como luminares, pelo vulgo sequioso de espetáculos dramáticos, mas que funcionam na vibração da solidariedade genuína. Estes, porém, são conhecidos do Céu… E há algo mais valioso que se pretenda almejar?
Não penses precisar ser ás de espiritualidade para alinhar-se com os Divinos desígnios. Podes servir a Deus, ainda que não sejas dotado de nenhuma forma de mediunidade, em caráter ostensivo. E podes, pela grandeza de teu caráter e pela nobreza de tuas motivações, colocar-te à mesa do Cristo, pela mais alta sintonia espiritual que existe: amor, amor, amor!
(Texto recebido em 27 de setembro de 2004.)