Benjamin Teixeira de Aguiar
pelo Espírito Gustavo Henrique.

“Esqueceu-se das ‘dez pragas’ que Moisés lançou, em Nome de Deus, sobre o Egito Antigo, para libertar o povo israelita da escravidão, conforme relato no Antigo Testamento da Bíblia? A última destas pragas foi a morte em massa dos primogênitos de todos os componentes da etnia egípcia. Ele foi um exemplo histórico de juiz espiritual encarnado. Por outro lado, olvida você o que asseverou Nosso Mestre e Senhor Jesus a Seus Representantes: ‘O que ligardes na Terra, ligarei no Céu; o que desligardes na Terra, desligarei no Céu’ (2)? Nos Atos dos Apóstolos, capítulo 5º, Pedro, instituído autoridade do Plano Excelso no domínio material de vida, determina a morte de um casal, um cônjuge de cada vez, por faltarem com o testemunho ante sua pessoa.”

Aproximei-me do discípulo favorito – os alunos diletos costumam estar entre os mais aplicados, assim como entre os mais preparados a assimilar o conteúdo que nós, os professores, lhes desejamos transmitir. E perguntei-lhe:

– Está disposto, Licínio, a receber uma aula particular de subida significação?

– Sem dúvida alguma! – respondeu-me, presto, o jovem que estava sob meus cuidados há mais de duas décadas, desde quando desencarnara, ainda no verdor da adolescência tardia, próximo de vinte anos de idade. – É algo muito diferente do habitual? – emendou, ato contínuo, ao entusiasmado atendimento a meu convite.

– Sim, é algo que, depois de lhe mostrar e explicar até certo ponto, transformarei, a partir de nossas ponderações dialogadas, em publicação no plano físico de vida, pela primeira vez, de que se tenha notícia.

– Inédito assim?

– Não de todo, se considerarmos as assertivas esotéricas das relígio-filosofias em geral. Mas, se considerarmos as revelações mais técnicas e racionais, desde o surgimento da psicografia, como meio lúcido de comunicação entre encarnados e desencarnados, sim.

– Já estou tomado pelo meu maior defeito, Padre Gustavo: a ansiedade. Para quando será a lição?

– Para agora. Vim-lhe convidar à caravana instrutiva, após autorização de nossos Maiores, em sabendo, de antemão, que sua agenda de hoje está livre para lhe permitir essa incursão de algumas horas.

– Que notícia magnífica!

– Mas não iremos sozinhos. A magistrada de nossa dimensão espiritual, Sophia, acompanhar-nos-á.

– Não será com o senhor, então, a aula?

– O tema é delicado demais para que eu mesmo o ministre. Há sutilezas em torno da temática, que só podem ser elucidadas por alguém da estatura do próprio amigo que visitaremos.

Licínio, aluno devotado, demonstrou estranheza.

– Já lhe vou adiantar o assunto. Vamos falar de um juiz de nosso domínio de existência, encarnado, e somente outro juiz espiritual tem condições de esclarecer em minúcias o que se dá com um deles, ativo em tal ministério, embora envolto na névoa da matéria densa.

– Como? Um dos juízes encarnado?

– Exatamente.

– Não duvidava que, apesar de sua envergadura evolutiva, demandariam, a certa altura, tornar a revestirem-se de corpos materiais. Todavia, a ideia de um deles preservar as funções de um magistrado de nosso plano espiritual de vida, enquanto encarnado, é de pasmar e confundir…

 A essa altura, nossa Mestra Sophia, como é habitual a seres de sua estirpe espiritual, fez-se presente no ambiente em que estávamos, e fizemos-lhe, tanto eu quanto Licínio, mesura respeitosa com as cabeças, ambos já de pé.

– Obrigado pelas referências generosas, inobstante exageradas, a meu respeito, querido Pe. Gustavo. Espero que suas opiniões constituam preces atendidas, nos Páramos Celestiais, em meu favor. E, outrossim, que me perdoe subtrair-lhe o filho do coração, por alguns momentos do tempo de aula que deveria ser absorvido apenas por você.

– Com toda satisfação d’alma, adorada mãe-mestra! – respondi-lhe, imediatamente – e com sentimento de dever cumprido, uma vez que suas interferências sempre serão superiores às minhas, por motivos óbvios, e não só meu discípulo como eu mesmo beneficiar-nos-emos do que vier de seu espírito envelhecido no carreiro evolucional.

A grande Sophia fez um trejeitinho mimoso com a boca e os olhos – sem perder um milímetro de sua elegância de impecável dama –, como a dizer que eu externava tolices sem sentido a seu respeito, e passou a palestrar, com naturalidade, diretamente com Licínio, para se dispensar de responder minhas referências elogiosas, que ela não poderia desmentir (risos). Lícinio era todo sorriso e empolgação. Além da minha companhia (que, sabia, já lhe era agradável, como de minha parte é recíproco), a própria Sophia lhe ministraria aula, pessoalmente. Humilde, tinha consciência de que deferência daquela natureza só poderia se dar porque, a posteriori, como lhe havia dito, um trabalho sério de revelação para o plano físico seria levado a efeito, por minha pessoa, estando ele na condição da psique despreparada na temática complexa, que provavelmente faria as perguntas que um encarnado lançaria à mente alcandorada de Luz de Sophia.

Em poucos instantes, estávamos presentes à sala de trabalho de Belarmino. Calvície avançada destacava-lhe a fronte larga e altaneira. Alguns fios grisalhos lhe emolduravam as têmporas, anunciando o início da maturidade do corpo biológico.

– Como você sabe, Licínio – tomou a palavra Sophia –, Belarmino e minha pessoa partilhamos da mesma atmosfera mental, há mais de três lustros. A sinergia psíquica, também conhecida por mediunato (nos meios espiritistas de que não somos adeptos propriamente, conquanto os respeitemos), conjuga-nos as mentes há aproximados 13 anos, não obstante as tarefas mediúnicas entre nós dois haverem-se iniciado há um quarto de século.

Sophia fez uma pausa, e pudemos contemplar o fenômeno curioso que ocorria entre a sábia das Faixas sublimes e o medianeiro ergastulado no vaso orgânico: forte emanação luminosa os unia, sobremaneira pelo cérebro e o tórax, fundidos os plexos superiores, do cardíaco ao coronário, como se funcionassem em compasso uns com os outros, os de Belarmino com os de Sophia.

– Não exatamente como uma sinfonia – interrompeu-nos os pensamentos, lendo-os e esclarecendo-os, a nobre mentora. – Belarmino tem personalidade própria e seu próprio fluxo de pensamentos, sentimentos, emoções. Entretanto, em certas atividades do dia ou da noite, interfiro muito claramente, com ciência dele ou não, mas com sua plena concordância, investido como está da missão de porta-voz de nossa Esfera de consciência, com a responsabilidade de educar o povo a pensar com acerto e sentir com equilíbrio, sem as castrações dogmáticas dos meios conservadores-moralistas, nem os desatinos de libertinagem inconsequente dos ambientes racionalista-amorais.

Licínio e eu guardamos silêncio, compreendendo que não deveríamos tomar qualquer iniciativa que a mestra da Grécia Antiga não considerasse importante encetar por contra própria.

– Licínio – de fato começou Sophia –, ouvi sua interpelação justa a Pe. Gustavo, sobre o delicado de um juiz de nosso campo de ação agir em tal função, estando encarnado. O que me deseja interrogar acerca disso?

Meu discípulo engoliu saliva e, tremulando um pouco os lábios, como a se esforçar tremendamente para articular ideia apropriada, em tema tão novo e complexo, terminou arriscando balbuciar:

– Tudo, venerável mestra, que julgar plausível me dizer. De tal modo sou ignorante e me parece surreal essa experiência, que não me considero apto a concatenar ideias para uma pergunta específica.

Sophia sorriu, complacente, e, demonstrando notar lucidez e maturidade no jovem estudante, disse-lhe:

– Vamos então começar por historiar os eventos. Ninguém renasce no campo da matéria mais densa já na condição de juiz, ainda que tenha sido, antes de reencarnar, elevada autoridade de nosso plano extrafísico. Em algum momento, porém, sendo dotado de mediunidade ostensiva e havendo recebido o encargo de guia espiritual de coletividades, como é o caso de Belarmino, o representante do Alto é comunicado de estar investido de tal poder, sobre vida e morte, em nome de nossa Rede do Bem.

– Muito estranho mesmo… Parece-me… – resmungou Licínio…

– Magia tenebrosa – completou Sophia.

– Desculpe-me, mestra amada, mas… sim.

– E se trata do anverso, exatamente. Seres com este grau de maturidade psicológica e espiritual não são dados a desejarem castigos a ninguém, muito menos de morte. Por isso mesmo recebem semelhante investidura de poder. Por sinal, a questão de vida e morte é apenas um detalhe. Eles têm outorga para determinar linhas de eventos para inúmeras criaturas, mesmo aquelas que se acham mais senhoras de seus destinos.

Licínio estava perplexo.

– Para exemplificar, Belarmino nos consultou, certa vez, antes mesmo da cessão de poder a ele conferido, como juiz espiritual encarnado, se determinado político que se apresentava como candidato a alto cargo executivo, no Estado da União brasileira em que reside, seria mesmo o melhor (ou menos ruim) para assumir a função. E solicitou, se pudéssemos considerar o parecer dele, que a tal personalidade componente de uma oligarquia política fosse removida da posição em que estava, parasitando o erário público, há decênios. Anuí com sua impetração, que subiu a Domínios Mais Altos com minha subscrição.

– E então… – deixou escapar, entre os dentes, um estupefato Licínio.

– A tal figura do poder público, que se encontrava “na crista da onda”, por assim dizer, foi precipitada ao descrédito geral, em questão de poucos meses, para dar espaço a outro grupo político, em formação à época.

– E, desde que Belarmino está com esta concessão, ele pode definir… – disse entre os lábios, perplexo, sendo completado pela mestra:

– Fortuna material ou não, aprovação em concursos, relacionamentos afetivos novos… tudo, obviamente, dentro das regras invioláveis do livre-arbítrio, porque a liberdade humana age também para sabotar as oportunidades recebidas.

– Se ele pode pedir cassação de encarnações, acredito que também possa solicitar prolongamentos existenciais? – raciocinou meu aluno.

– Sim. E, no caso dele, os pedidos, neste particular, são tão frequentes, que há uma verdadeira profusão de graças!

Sophia riu-se, elegantemente, com o arremate em tom bem-humorado, mas Licínio tinha o queixo caído, olhos esbugalhados, como poucas vezes assim o vi, em tantos anos de convívio íntimo.

– Vou auxiliá-lo, querido Licínio – prosseguiu ela. – Belarmino é muito criterioso em nos encaminhar qualquer solicitação a deferimento. Sempre começa seus pareceres com uma ressalva, quase nestas exatas palavras: “Caso os Senhores, com melhor campo de percepção que o meu, considerem apropriado o requerimento, para o bem de todos os envolvidos…” Todavia, desfruta ele de uma especial Tutela no âmbito crístico do planeta, que deliberou, há muitos séculos, realizar um trabalho singular por seu intermédio. O Cristo-Mãe de nosso orbe é-lhe especial Protetora e concede, há decênios, a todos os que trabalhem com ele, mais proximamente, essa extraordinária Tutela, e, assim, sequer desencarnam!…

– Como?

– Há duas décadas e meia, não conheceu a morte física ninguém que esteja em contínuo trabalho por ajudar a Obra espiritual que se dá por intermédio de Belarmino. E isso é tão só um aspecto: carreiras deslancham, vidas familiares se resolvem (para a harmonia da amizade legítima ou para a ruptura de laços infelizes), toda ordem de graças é prodigalizada em torno dele, a todo tempo…

– E os que prejudicaram ou tentam prejudicar?

– Belarmino, que conhece seu “poder profético” (como às vezes o alcunha, intimamente), toma todo o cuidado para não guardar mágoas de seus desafetos, e mesmo ora por eles, sinceramente, para que fiquem bem. Mas as leis do carma funcionam com mais rigor sobre essas infelizes criaturas, seja desnorteando-as psicologicamente, desgovernando-as nas atitudes autossabotadoras, arruinando-as financeiramente, fazendo-as resvalar nas baixadas de infelicidade ou mesmo…

– Perdendo a vida física? – completou, pasmo, o jovem.

– Algumas, de modo espetacular – respondeu Sophia. – Mas a morte física é a sina mais suave, porquanto constitui uma oportunidade de suspenderem maus comportamentos, que lhes fariam acumular grande débito cármico, por agirem contra um enviado das Alturas. Os que desencarnam precocemente, portanto, têm maior merecimento do que aqueles que prosseguem na loucura de atraírem chuvas de desgraças sobre si.

Ante o embaralhamento de Licínio, com as aparentes novidades, prosseguiu Sophia:

– Esqueceu-se das “dez pragas” que Moisés lançou, em Nome de Deus, sobre o Egito Antigo, para libertar o povo israelita da escravidão, conforme relato no Antigo Testamento da Bíblia? A última destas pragas foi a morte em massa dos primogênitos de todos os componentes da etnia egípcia. Ele foi um exemplo histórico de juiz espiritual encarnado. Por outro lado, olvida você o que asseverou Nosso Mestre e Senhor Jesus a Seus Representantes: “O que ligardes na Terra, ligarei no Céu; o que desligardes na Terra, desligarei no Céu” (2)? Nos Atos dos Apóstolos, capítulo 5º, Pedro, instituído autoridade do Plano Excelso no domínio material de vida, determina a morte de um casal, um de cada vez, por faltarem com o testemunho ante sua pessoa.

– Impressionante existir tal ordem de investidura entre encarnados… – conseguiu pronunciar, hesitante, Licínio.

– Meu filho, Deus é sábio. Só recebem esta concessão os que não ousam utilizá-la para si. Somente aplicam para o bem comum.

– Inacreditável.

– Realmente, para o padrão médio de evolução do planeta, isso soa como conto da carochinha. É inverossímil saber de alguém com tamanho poder, que não o utilize em seu favor.

– Seria errado?

– Seria. Belarmino, por exemplo, submete-nos todas as suas questões, porque sempre agimos, deliberamos e avaliamos em conselho – é típico de nossa Faixa de consciência. Ele não pede nada para si. Tanto que, há mais de 15 anos, benfeitores de nosso Plano espiritual ficam atentos a seus pensamentos e falas entre amigos, para lhe providenciarem alguns presentes prosaicos e simples, e solicitam em seu nome, aditando pedido de deferimento a Esferas superiores, de acordo com os méritos do objeto de suas preces intercessórias.

– Surreal… – deixou escapar Licínio, observando, com atenção, aquele homem que parecia despretensioso, detido em meditação profunda.

– Realidade rara, seria melhor dizer, querido amigo. E, por sinal, quanto a não parecer pretensioso – novamente respondendo às impressões íntimas do rapaz –, Belarmino, de fato, não o é. Apesar de muito transparente, por perfil de personalidade, em raras ocasiões nosso porta-voz deixa escapar algo de sua condição para os mais chegados. Alguns íntimos adivinham-lhe a posição, pelos sinais numerosos e muito estranhos – a dizer modestamente – que ocorrem em torno dele. Outros suspeitam, mas as racionalizações do ego e a dificuldade em divisar as coisas espirituais lhes impedem de enxergar o óbvio, a prejuízo deles mesmos, pois que aprenderiam e ganhariam mais, em todos os sentidos, se cooperassem com a Tarefa que foi designada a Belarmino. Mas há boa parte de seus seguidores que nem de longe vislumbram quem seja ele, justamente pela forma espontânea e prosaica com que se comporta, na vida privada como na pública.

Então, veio Licínio com esta:

– E se alguém lhe “rogar uma praga” ou o vir como um ser “demoníaco”… Onde fica a questão da magia tenebrosa, neste contexto?

– A força destrutiva volta na direção de quem assim o pensou, só que com poder aumentado de destruição. Aquele ditado terreno – “o feitiço volta-se contra o feiticeiro” – aplica-se de modo implacavelmente potencializado, quando a afronta é tentada contra alguém que seja tutelado por Autoridades Angelicais. Lembra-se da passagem em que Jesus adverte que constitui uma blasfêmia sem perdão acusar de ser portador de intenções demoníacas alguém inspirado por um espírito santo? (3)

– Por isso então o Pe. Gustavo publicará este estudo… para que os fronteiriços da boa vontade e da lucidez “abram os olhos”?… – interrogou Licínio, quase afirmando, como se sofresse um lampejo de inspiração.

– Exatamente, meu filho, exatamente….

– Não soará absurdo demais? Não será contraproducente trazer tal temática a lume?

– Nada mais absurdo do que o índice de mortalidade em agrupamentos humanos zerado entre os que colaboram mais diretamente com nosso protegido, ele mesmo um protetor espiritual. Várias dezenas de pessoas já teriam desencarnado, no correr deste último quarto de século, em considerando o tamanho do aglomerado conduzido por Belarmino. E, por ora, embora todos venham a desencarnar um dia, ninguém se desenfaixou de seus organismos de carne, enquanto inúmeros outros, entre os que se recusaram a cooperar ou se afastaram da tutela de nosso amigo, padeceram não só a morte física, mas toda sorte de intempéries existenciais, psicológicas e espirituais.

– E o constrangimento do próprio Belarmino, com uma publicação deste teor? Imagino que, apesar de sua maturidade espiritual – e talvez mais ainda por causa dela –, deva ele se sentir profundamente embaraçado com revelações que tratam de sua pessoa, como muitos o compreenderão.

– Sua conclusão é pertinente, Licínio. Mesmo mentes dominadas por paixões egoicas, mas inteligentes, sentem-se expostas ao ridículo em circunstâncias bem mais leves – digamos assim – do que esta. É um sacrifício a mais que imporemos a um ser que padece diversas ordens de sofrimentos ocultos ao vulgo, desde o berço, na descompensação psicológica praticamente contínua, ano sobre ano, a começar do simples fato de não viver com os seus pares evolutivos. Não raro, almas ditas “santas” desencarnam muito cedo, em virtude mesmo de seus créditos: não merecem passar mais tempo pisando o solo ingrato da Terra. Belarmino sabe, porém, que tais informações podem ajudar a muitos, e se concentrará neste aspecto benevolente da contingência desagradável, para não acelerar, por exemplo, seu próprio desencarne, pelo mal-estar a que se expõe publicamente. São as novas fogueiras, meu filho, dos novos mártires… raríssimos mártires da modernidade! Não se tem poder espiritual quando se quer, por impulso do ego. Quem detém algo deste poder, por concessão das Potestades Celestes, muito sinceramente gostaria de passar de todo despercebido, quanto a esta face de si. Ele, assim, permitir-se-á sofrer a vibração desencontrada de conflitos em muitos, para que outros tantos sejam salvos da infelicidade para a felicidade de servirem ao Governo Oculto do Mundo, e possam amadurecer para além dos objetivos exclusivos da sobrevivência material, desfrutando de vidas plenas, cheias de significado e propósito existenciais.

– A senhora é autorizada a dizer mais alguma coisa sobre o assunto?

– Sim: que ele é o representante Mariano no plano físico para a atualidade. Todo Evento Mariano é cercado de prodígios ímpares. Maria Santíssima, todavia, para endossar Sua Fala, jamais realizou algo tão extraordinário quanto o Fenômeno das Não Mortes.

– Por quê? – atalhou Licínio.

– Pelo profundo descrédito em que as religiões e a própria espiritualidade precipitaram-se, nos dias atuais, e para falar diretamente às inteligências mais argutas e amadurecidas. Em vez de um “Sol bailando no Céu”, como em Fátima (Algo para assombrar mais as massas ignaras, que só acreditam no que seus toscos sentidos podem captar), o Fenômeno das Não Mortes, apesar do excepcional na histórica dos “milagres” no globo, exige o raciocínio fino de quem se pode impressionar com a matemática das estatísticas e com o absurdo de a morte estar bloqueada provisoriamente, em um grupo de porte médio de pessoas, que sequer conta com crianças ou adolescentes. É como se o absurdo fosse grande demais para ser processado com clareza. Destarte, muitos que tomam nota do evento “dão de ombros” apenas, ou afirmam, levianamente, tratar-se de fraude, sem se darem ao trabalho de checar dados (como os testemunhos de centenas de pessoas de caráter ilibado), que lhes evidenciariam o assombroso Sinal do Céu que se desdobra, continuamente, em torno do protegido da Mãe da Humanidade Terrena.

Licínio voltou a seus estudos, e eu me apetrechei às anotações para posterior comunicação psicográfica. Urgia informarmos, a todos quantos possam ter notícia destes Eventos, que Algo incomum e sagrado acontece na superfície da Terra, para que, se não puderem somar forças, ao menos não tentem opor barreiras a Obra que diretamente provém de Altiplanos Espirituais, inacessíveis à compreensão humana.

Como diria, mais uma vez, Nosso Mestre e Senhor Jesus: “quem tiver olhos de ver e ouvidos de ouvir, que veja, que ouça”. (4)

(Psicografia de 27 de agosto de 2013.)

(1) Espíritos com a responsabilidade de interpretar as leis do carma, para casos individuais ou coletivos, planificando circunstâncias e eventos que favoreçam o melhor crescimento e a felicidade de tutelados ou comunidades de que se fazem protetores. Agem em situações que demandem interferência de Inteligências superiores, acima dos meros automatismos da lei de causa e efeito. São Guias espirituais de elevada estatura evolutiva, que endossam e alteram planejamentos existenciais, antes da reencarnação dos indivíduos de evolução média da Terra, e que podem mesmo realizar mudanças significativas durante tais existências físicas em curso, eventualmente prolongando ou até cassando a autorização para certas pessoas permanecerem ligadas a seus organismos de carne. Daí decorre a denominação de “juízes de vida e morte”. São altos emissários dos Governos de humanidades que, no caso da Terra, estão sob os auspícios dos Cristos que nos dirigem o orbe, como o Governador Espiritual, Jesus; a Conselheira-Mor, Maria Santíssima; e o Tutor Absoluto (que representa diretamente a Vontade Divina para nosso planeta), o Arcanjo Gabriel.

(2) Mateus, 18: 18.

(3) Marcos, 3: 28-30.

(4) Mateus, 13: 9-17.

 (Notas do Autor Espiritual)