Benjamin Teixeira pelo espírito Eugênia.
Nesse dia da Independência Norte-Americana, marco na História Humana na luta pela liberdade, com a implantação da primeira república da era moderna, de uma constituição definida democraticamente e de um povo unido em federação livre, cabe-nos reflitamos a respeito das bases da liberdade atualmente concedida aos seres humanos, que, como todo valor com que se acostuma o ser humano, acabam acontecendo abusos, que lhe deturpam os valores e atributos básicos e lhe transformam em triste sina os aspectos mais felizes e em tragédia as conquistas mais gloriosas.
Para tanto, visualizemos esses tipos sociais:
1. A criança que come guloseimas sem parar, sem a supervisão de pais ou responsáveis.
2. O homem incontinente, que aborda mulheres com voracidade selvagem.
3. O comprador contumaz, viciado em cartões de crédito, incapaz de gerir sua vida financeira.
4. O político inconsciente, vampiro do erário público, que se locupleta com recursos destinados originalmente à promoção do bem comum.
Não é apenas a primeira que precisa de vigilância, nem tampouco a única a ser criança. Esse não é um retrato de monstros sociais (embora nisso possam se converter), mas da condição deplorável daqueles que não se contêm ante a tentação de ter mais, sem respeito pelos limites da vida em sociedade.
Se você prezado amigo, guarda fantasias infantis no que tange a vontades descontroladas, atente-se, porque muita gente de boa índole, mas sem disciplina nenhuma, acaba internado em clínicas de desintoxicação ou mesmo em presídios.
A continência emocional e moral é fundamental à manutenção da paz e do equilíbrio em todos os sentidos, não só na vida em sociedade, mas até no convício consigo mesmo. Não estipular nenhum critério de autocontrole equivale ao estabelecimento definitivo do caos, em sua pior acepção: a baderna destrutiva. O caos, é bem verdade, pode ser promotor de criatividade, mas, para isso, o indivíduo deve abordá-lo com o propósito de ordená-lo. É no esforço por encontrar a ordem implícita na desordem aparente que se evolui para níveis mais complexos de organização. Nunca, porém, o caos será benéfico quando dele se aproxima com espírito de permissividade, de frouxidão moral.
Pense nisso, meu filho, e pense com cuidado, sobretudo nessa era de todas as facilidades tentadoras. A felicidade não está em se render às tentações dos desejos, mas em saber apor limites a si mesmo, no intuito de firmar balizas de equilíbrio, para que os vetores destrutivos que permeiam a natureza e a própria natureza não assomem a casa mental e deixem-na em pandarecos.
Não tema haver perdido o controle de si. Trata-se de uma questão de maturidade psicológica que lhe advirá à mente, mais cedo ou mais tarde. O ser humano não se desenvolve por inteiro – redutos de infantilidade perduram por algum tempo, exigindo, como uma criança exigiria, um misto de paciência, amor e energia, para que medrem até a total adultidade. Aplique essa sistemática educativa a si mesmo, sem se maltratar internamente, como se faria a uma criança a quem se quer impor limites, mas considerando sua fragilidade emocional e sua necessidade de amor.
E, por fim, não tema, outrossim, a vitória do mal. Se você se mantiver em prece, se sinceramente envida esforços no sentido de acertar, confie em Deus: forças adicionais e condições íntimas lhe virão em socorro, a fim de que seja coroado de êxito, em seu empreendimento moral de auto-corrigenda e auto-transcendência.
Não se prenda mais à visão dos erros passados. Concentre-se no pleno aproveitamento do presente, para a construção de um futuro feliz e, da próxima vez que o canto sedutor da sereia lhe surgir, pare e medite, afastando-se imediatamente do elemento de tentação. Você pode vencer, se você quiser, se você realmente quer ser feliz, se você não quiser converter em ilhas infernais os mais encantadores oásis de felicidade em sua vida.
Não há liberdade plena sem disciplina. Não existe liberdade sem consciência. Não há liberdade sem consideração ao outro. Temos, respectivamente, nessas situações: licenciosidade, imoralidade e tirania.
(Texto recebido em 4 de julho de 2001.)