Benjamin Teixeira de Aguiar
pelo Espírito Eugênia.
A rigor, você não sofre por erros cometidos noutra existência. Não há propósito punitivo nas Leis da Vida, e sim finalidade educativa, evolutiva.
Assim, se você remover ou transformar em virtude um defeito, em sua personalidade ou caráter, que gerou um ou vários maus comportamentos no passado longínquo, desta ou de outra reencarnação, não precisará padecer o carma pelo(s) deslize(s) em que incorreu, pois que este carma será facilmente permutável por compromisso de fazer o bem, na mesma medida do mal que haja perpetrado no pretérito ou, como é comum, em uma proporção muito maior de realizações beneméritas.
Há certas situações extremas que, por serem ou parecerem estruturais ou irresolúveis, insinuam contraditar o princípio que aqui expendemos. São os casos de parentela biológica problemática ou de certas deficiências congênitas. Uma análise mais detida, todavia, revela que, também nesses casos, o mesmo fator essencial preside a composição das circunstâncias existenciais. Primeiro, porque tais contingências implicam falhas ou lacunas evolutivas mais graves no espírito em carma, que dificilmente se corrigiriam numa única encarnação – eis, então, o caráter inamovível (ou assim se afigurando) das consequências cármicas “insolúveis”. Segundo, porque, mesmo nestas conjunturas mais sérias, é possível, pela superação ou ao menos pelo arrefecimento das defecções tão enraizadas no espírito, que justificaram as duras adversidades, antes do berço, amenizar as dores que se padecem, ou, em certos casos, de fato suspender o carma.
É o que ocorre com a descoberta de lições e alegrias tão profundas, como o encontro da própria vocação, propiciado por uma certa limitação orgânica, que a razão de sofrimento passa a ser motivo de gratidão, quando não acontece a remoção do padecimento físico, por tratamentos fisioterapêuticos ou mesmo cirurgias reparadoras. No que concerne a dramas familiares, mudanças íntimas podem solucionar a pendência que parecia externa, ou, em contextos mais graves, a coragem para a ruptura com a parentela consanguínea, em prol da ligação com os verdadeiros familiares, os das afinidades de Espírito, pode constituir uma das mais importantes etapas de aprendizado de um indivíduo, conforme tão bem ilustrou, com essa atitude dramática, convencionalmente não muito bem-vista, ninguém menos que Nosso Mestre e Senhor Jesus, o que surge nos Evangelhos em passagens diversas, mas melhor exarado na célebre máxima crística: “Quem é minha Mãe e quem são meus irmãos?” (Mt, 12:48)
(Texto recebido em 27 fevereiro de 2013.)