Benjamin Teixeira
pelo espírito Gustavo Henrique.
“Se alguém quer vir após Mim, negue a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-Me.”
Jesus (Lucas, 9:23)
“Buscam Jesus, fazendo a idolatria em derredor de intermediários humanos. (…)
E, quase sempre, aqueles que os acompanham, na suposição de buscarem o Cristo, ante os mínimos erros a que se arrojam, por força da invigilância ou inexperiência, retiram-se, apressados, do serviço espiritual, alegando desapontamento e amargura. (…)
Não olvides que há muita diferença entre seguir ao Cristo e seguir aos cristãos.”
Emmanuel, psicografia de Chico Xavier
(Cap. 15 de “Palavras de Vida Eterna”)
Muito lúcido na consideração – pensas assim de ti, em jactanciosos solilóquios –, ao revelares portar muitas reservas para com os servidores do Cristo, pasmando que ainda gozem d’algum crédito, perante aqueles que freqüentam cultos religiosos de diversa denominação. Na tua opinião, pastores protestantes, padres católicos e médiuns ou palestrantes espíritas parecem tanto portar defecções humanas quanto os que pretendem auxiliar, com o verbo edificante, o esclarecimento espiritual ou o aconselhamento confortador.
D’onde tiraste a conclusão, todavia, de que esta tua inferência constitua apontamento novo, alguma descoberta extraordinária? Isto não vês, sem que os freqüentadores de tais cultos enxerguem igualmente ou até com mais clareza. Apenas, deténs-te em reflexões sombrias, ao passo que muitos dos que observas com desdém, como ingênuos ou psiques manipuláveis, estão em nível de percuciência intelectual e maturidade psicológica muito superior ao teu, pelo que podem construir conclusões bem mais elaboradas e, principalmente, construtivas.
Teus argumentos padecem de base, em função de que, encarnados, na Terra, não há seres redimidos, a sustentarem, em seus braços, a condução de almas, em perfeita mestria, rumo à Luz. São os líderes espirituais também almas imperfeitas – quanto tu –, já se esforçando, entrementes, por participar do banquete divino de redenção, através do serviço prestado a seus irmãos em humanidade. Assim, os que ouvem, atentos, o discurso sincero de um pregador do Cristo, ou que recebem a ajuda caridosa de um representante do Senhor, não são tolos como te parecem, no exame precipitado e perfunctório, mas, sim, lúcidos e realistas por aceitarem a humanidade do benfeitor, quanto o benfeitor, por sua vez, não se permite impressionar (nem paralisar seus intentos e esforços de realização no bem) pela postura pedinchona e caprichosa, tão comum entre os que buscam socorro.
Destarte, amigo, cuida que tua atitude íntima, de superioridade presunçosa, supondo devassares o que outros não estariam divisando, por obtusidade nas percepções, não indique, em verdade, pobreza de tua própria avaliação, na superficialidade e tendenciosidade a que te confias, no culto à própria miopia espiritual.
Não sigas os cristãos: segue o Cristo – eis a diretriz excelente, em matéria de propósitos espirituais, muito bem assentada, nas sábias palavras do Apóstolo Emmanuel, em sua lavra mediúnica, confeccionada pelo santo mineiro do século transato. E, assim, em vez de te escorares nas falas, realizações e frutos beneméritos dos outros, toma tua cruz (de teus defeitos, disciplinas e sublimações necessárias), ainda sabendo que te não converterás num iluminado ou santo, da noite para o dia, e faze, tu mesmo, tua parte no concerto da redenção coletiva, quanto, por conseguinte, de tua própria alma sofredora e limitada.
(Texto recebido em 17 de abril de 2008. Revisão de Delano Mothé.)