Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Lute por tornar real seu contexto de alinhamento com o universo de significados em que todos estamos inseridos. Deus é finalidade, propósito, sentido, em uma de Suas mais importantes manifestações, para o nível humano de consciência. Deste modo, não se conforme com menos que uma vida de busca de coerência, de nexo, de razão para viver, agir, pensar e sentir, e, assim, ser útil ao mundo em graus crescentemente mais consistentes de coerência, paz e criatividade.
Isto não implica dizer que não se encontrem, vida afora, momentos de contradição, de dúvida, de aparente denegação de nossos mais caros ideais e convicções. Muito pelo contrário. O caos deve ser esperado, porque é o fomentador do progresso e faz parte das espirais dialéticas de evolução das consciências. Mas, como reza a Ciência da Complexidade – dos mais avançados departamentos da matemática – a desordem é aparente, e sempre oculta um nível mais profundo de ordem, em patamar mais alto de complexidade. É justamente nos instantes de maior confusão e aparente desordem, destarte, que se deve buscar o fluxo implicado de inteligência.
Deus nos impõe sucessivos testes de sabedoria, para que galguemos, progressivamente, patamares mais elevados de entendimento, de leitura da realidade. Buscar coerência no universo, assim, não constitui uma escolha fácil, mas exatamente o reverso: a escolha mais trabalhosa; mas, por outro lado, paradoxalmente, a menos custosa, em cotejo com a de renunciar a este esforço de entrever o sentido e render-se ao turbilhão de angústia, desespero, frustração e revolta de se interpretar mergulhado num universo sem nexo, porque tal conclusão, inclusive, contraria a própria constituição da mente humana, projetada para buscar sentido em tudo.
Cogitemos, outrossim: se até a mente humana revela fome de lógica e sentido, como o universo, d’onde promana a mente humana, que a produziu, pode ser destituído disto? A razão mais rasteira denuncia a falta de senso em acreditar-se que o nada pudesse gerar um cosmo cheio de regularidades matemáticas, constantes complexas e irregularidades em estágios intrincados de regularidade, produzindo seres organizados crescentemente complexificados, como indica o processo evolucional-filogenético dos seres, no estudo da paleontologia. Insurgir-se contra a obviedade de haver uma Inteligência-Diretriz-Mor por detrás de tudo é o mesmo que, em muitos sentidos, renunciar ao bom senso. E se você já não questiona a existência de Deus, o que o coloca ao lado de 99% dos brasileiros e de 97% dos norte-americanos, lembre-se de que o Ser Todo Significado não permitiria nada haver no cosmo sem propósito, mesmo que este não seja tão óbvio num primeiro exame, o que constitui um desafio à expansão da argúcia humana e não uma sina trágica.
Oração, meditação, reflexão, planejamento estratégico de cada departamento de sua existência, revisão periódica de valores e metas de vida, busca de aconselhamento profissional, terapias e filosofias espirituais, estudo constante, auto-conhecimento permanentemente procurado, auto-aprimoramento contínuo. Tudo isto representa, em linhas gerais, o que você pode fazer para se manter, dentro do possível, na linha de uma política existencial com perspectiva teleológica e coerente.
Estar nesta constante busca pode frustrar, volta e meia, porque, nos períodos de ruptura, nas fases de quebras de paradigma, de transição de níveis de significado e de complexidade dos referenciais de leitura da realidade, a sensação de queda livre novamente aturde a mente, deixando-a num vácuo de sentido e conceitos que torna a ser preenchido, novamente, quando um novo e mais imbricado padrão de princípios é descoberto. Mas, com o tempo, até com tal episódica vertigem se acostuma, amadurecendo-se para perceber um certo padrão coerente por detrás das incongruências provisórias, porque justamente esperáveis, componentes do processo do crescimento inexorável de todos os seres conscientes. A outra opção, a de desistir deste empenho visceral e imprescindível à paz e ao bem-estar, não perseguir tal fluxo subjacente de sentido é decretar-se, de pronto, a uma vida de desespero surdo e angústia inqualificável, por mais que se procure criar racionalizações elaboradas que, tão-somente, serão, em última análise, muito precárias e insatisfatórias compensações psicológicas para o essencial para o espírito, que é insubstituível, como o oxigênio o é para a vida do corpo.
(Texto recebido em 6 de novembro de 2005.)