Benjamin Teixeira
pelo espírito Roberto.
Ah… não quer perdoar? “Ok, no problem” (*1) – morra de câncer, tenha uma crise depressiva ou sofra de artrite reumatológica; quem sabe, um pouco das três alternativas (*2).
Orar é difícil, você não se concentra, sua fé é precária? Então, não ore. Desative regiões nobres da neurofisiologia cerebral e não estimule potências mentais ímpares – que têm sido utilizadas fartamente por homens e mulheres de destaque de todas as áreas do conhecimento e da ação humanos, em todos os tempos e culturas –, como a PES (*3), a intuição, a superconsciência e poderes paranormais, que numerosos estudos indicam todo ser humano possuir, em algum nível.
‘Tá duro encontrar tempo para ler, estudar, se atualizar, n’é? Tudo bem – permaneça ignorante e desatualizado, e se exponha ao risco incalculável de ser inculto num mundo progressivamente mais complexo e confuso, em todos os sentidos.
Sofreu muita decepção, descrê de todo mundo, acha que não vai confiar em mais ninguém… ‘Tá certo! É uma opção de vida, sim! Fique paranóico, tenha medo da própria sombra, não relaxe nem com o cônjuge, duvide do amor dos filhos, não se abra com ninguém. Se possível, tranque-se no alto de uma torre, no meio de um deserto, para evitar o perigo do contato com a maldade e a malícia alheias.
Acha trabalhoso se disciplinar e estabelecer metas de temperança para si? É uma escolha, outrossim. Entregue-se, portanto, à indisciplina, a toda ordem de vício, e deixe-se resvalar para a decadência, a autodestruição e a falência de todo poder e motivação para gerenciar a própria vida.
Quer desistir de acreditar que exista um Criador e que haja vida fora da matéria, porque Deus não cabe na sua cabeça e porque seguir consciente em outra dimensão de vida lhe soa fantasioso demais? Embora me pareça extremamente burro e presunçoso de sua parte, você tem esse direito: veja seus entes mais amados e você mesmo como um punhado de moléculas acidentalmente organizadas, bem como toda cultura, civilização, propósito e realizações humanas como abstrações desprovidas de significado, e a vida, de modo geral e absoluto, como uma circunstância vazia que poderia muito bem ser suspensa a qualquer hora, sem fazer falta a ninguém, já que o nada seria, de agora e para sempre, a única essência de tudo…
Em todas as opções que lhe apresentei acima, amigo, você pode escolher entre ser assertivo, resolutivo, lúcido e sensato, ou renunciar ao bem, confiando-se à preguiça do mal, que pretende tudo reduzir a nada. Sempre parece mais confortável (num primeiro momento) abdicar do esforço de afirmar o bem, edificando-o em torno e no interior de si mesmo, para, de reversa maneira, entregar-se à acomodação de negá-lo. Será, todavia, tão-somente no campo da ação aplicada na construção do melhor, dentro e fora de nós, que descobriremos sentido para viver, esperança, alegria, ideal, amor e felicidade.
Pondere bem o que julga melhor para si, e viva, no mercado das escolhas pessoais, o livre gozo do seu livre-arbítrio, de modo o mais criterioso que lhe esteja ao alcance… porque, amigo, se fizer a opção pelo caminho errado, outros até sofrerão repercussões de sua má decisão, mas ninguém, como você, será tão acachapado de conseqüências arrasadoras…
(Texto recebido em 22 de janeiro de 2008. Revisão de Delano Mothé.)
(*1) “Tudo bem, sem problema”. O espírito graceja com o leitor, querendo dar um ar bem moderno e “descolado”, para argumentar pesado, em seguida.
(*2) Roberto brinca com o absurdo da opção de não se ser indulgente, dizendo, nas entrelinhas da expressão “morrer (…) um pouco”, que o indivíduo só conseguirá matar o corpo, sem eliminar a si mesmo, visto que prosseguirá vivo, n’outro domínio de existência, padecendo as conseqüências destrutivas de más escolhas de posturas íntimas ante a vida e os relacionamentos interpessoais.
(*3) Percepção extra-sensorial.
(Notas do Médium)