Benjamin Teixeira
pelo espírito Eustáquio.
Remonta, amigo, aos antigos corcéis de outras vidas. Montavas cavalgaduras bravias, e hoje diriges veículo motorizado que desliza sobre rodas providas de fantástico sistema de amortecimento, acomodado em fofas poltronas, respirando ar refrigerado.
Recorda, outrossim, dos tempos idos de terríveis epidemias, com pestes avassaladoras, a arrasarem grandes populações, com vírus simplérrimos de gripe, e vê agora os recursos da Medicina, desde a aspirina singela que te alivia a cefaléia, até os CTI’s fabulosos, verdadeiros milagres tecnológicos a salvar vidas, prolongar sobrevidas e reverter quadros patológicos há muito pouco tempo de todo irreversíveis.
Relembra, outrossim, dos sistemas tirânicos de organização social e de poder, que há pouco eram tidos como inexpugnáveis, do regime escravocrata de cento e poucos anos atrás, até os recentíssimos abusos com o sexo feminino, reduzido, nas legislações dos países mais civilizados, à condição de semi-incapazes, ao lado de dementes e alienados. E contempla, em contrapartida, os modernos mecanismos democráticos de expressão pública de opinião, de defesa ao direito das minorias, de ataque sistemático a toda forma de despotismo e abuso de classes favorecidas sobre segmentos menos beneficiados pelos meios de poder.
Observando tudo isso, com um mínimo de sensatez e isenção, notarás que já estás no Céu, e apenas não te apercebeste disso, e que, da mesma sorte, és contemplado em tua vida privada, com mil manifestações da infinita bondade do Criador, que, Mãe Dadivosa, cobre-te de maravilhas, a fim de te repletares de paz, felicidade e oportunidades de crescimento.
Não desdenhes, assim, a hora que passa, com seus tumultos característicos. Um pouco de dificuldade e conflito compõe a condição humana, como excelentes estímulos e ensejos que são para o desenvolvimento da personalidade, para a expansão de potenciais adormecidos do espírito.
Relaxa e segue, fazendo a tua parte. Está tudo bem, muito melhor do que imaginas.
(Texto recebido em 7 de junho de 2002.)
