(Sobre a Verdade que Provoca a Loucura da Mesquinharia Humana.)


Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

(Esta mensagem dá continuidade à série de artigos iniciada na sexta-feira passada, 26 de dezembro.)

Há os que se aproximam pela imagem de poder que alguns medianeiros-líderes-espirituais exalam de si – almas envelhecidas no carreiro evolucional, portadoras de muitas funções psíquicas invulgares –, sentindo-se seguros, ao seu lado, longe de qualquer perigo natural à condição humana.

Existem aquel’outros, por sua vez, que se imaginam fazendo a conquista definitiva da fonte de suprimento emocional permanente para todas as suas necessidades do coração, por se verem alimentados pelo carinho, assistência e amparo sábio ofertado pelos bons canais da Luz.

Aparecem ainda os que se julgam aptos a tudo entender da complexidade teórica e conceitual das idéias de vanguarda professadas pelos porta-vozes do Plano Sublime de Vida, e que se envaidecem de estarem próximos de uma “inteligência privilegiada”.

Por fim, espocam aqueles movidos de baixas intenções, miscigenando, em sua intimidade, preguiça a covardia, inveja a cupidez, pugnando por controlar a “fonte de poder e facilidades” que o médium ultradotado parece constituir, para atingirem seus fins escusos.

Estes últimos, portadores de mau-caráter, são os mais odiosos e repulsivos no comportamento, quando se afastam do círculo afetivo onde se beneficiaram, largamente. Caluniam desabridamente, oferecendo versões inteiramente distorcidas dos fatos, no intuito de desmerecer o valor de quem invejam, sentindo-se frustrados por não obterem controle para suas comodidades inconfessáveis. Os analistas de carreira e entrevistadores para empregos, na modernidade, conhecem bem estes psicotipos: são os primeiros a serem descartados para novas aquisições de recursos humanos de instituições e empresas (sobretudo as de natureza privada, que, sem incumbências políticas, contratam livremente) – só falam mal de pessoas e organizações a que emprestaram seus esforços; e, fazendo-o, revelam a si mesmos, denunciando o quanto são perigosos e devem ser mantidos à distância.

Os demais que não conseguem se manter ligados ao circuito de intimidade de grandes embaixadores do Domínio Excelso de Vida, porém, são iludidos bem-intencionados, ou famintos do espírito que julgavam haver descoberto a “galinha dos ovos de ouro” para solução das problemáticas psicológicas e existenciais em que se viam até então inseridos. Ao perceberem, porém, que a dificuldade e o desafio prosseguem existindo, amiúde em níveis mais altos de complexidade, fogem espavoridos das atividades com que se haviam comprometido ardorosamente, declarando-se decepcionados. Deveriam consultar, entrementes, na intimidade de si próprios, sobre a existência prévia de expectativas ilusórias (diríamos mesmo infantis): de santidade e virtude excelsas, com relação a companheiros de bem, mas igualmente portadores de fraquezas humanas normais, em esforço não raro heróico, por realizar um trabalho de transcendência, num mundo terreno ainda de decadência; bem como (tais expectativas falsas) de descobertas mágicas de resolução de problemas, esquecidos de que a vida é prenhe de camadas de aprendizado sucessivas, e de que, somente pela disposição sincera de trabalhar muito longa e sistematicamente por galgar níveis mais altos de consciência, pode alguém atingir a excelência da felicidade imperturbável.

Para se lograr esta conquista, inúmeras etapas de desenvolvimento são imprescindíveis, entre elas o desapego a quimeras pueris de pseudo-segurança, como a da criança que dorme de luz acesa, para não encontrar o “bicho papão” debaixo da cama. Somente em faceando o próprio lado sombrio, na elaboração genuína da própria espiritualidade, muito semelhante ao trabalho de integração psicológica e amadurecimento da personalidade (porque dele decorrente), pode-se começar a divisar os primeiros bruxuleios da própria luz, conforme asseverou, em palavras aproximadas, Gustav Jung. Nem todo mundo, no entanto, está preparado para desferir este salto de fé (em muitos aspectos, um “salto no escuro, nos braços de Deus”), a maioria, quase sempre, preferindo retornar à “segurança” do conhecido – ironicamente, todavia, o caminho menos seguro, já que estamos todos imersos e interconectados num universo de significado e transformação constante, regido por uma Inteligência Suprema que tudo e todos propele a patamares mais altos de complexidade e lucidez.

(Texto recebido em 25 de dezembro de 2008. Revisão de Delano Mothé.)