Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Vozes diversas concitam-no à deserção moral.
A cultura consumista e cínica da modernidade propõe-lhe relaxamento dos costumes – o que diverge da eliminação de preconceitos. Porque enquanto o primeiro implica em retorno à selva, a segunda indica adiantamento intelecto-moral, que faz enxergar além das aparências.
Os amigos falam-lhe em aproveitar a juventude e a hora que passa, e, assim, indiretamente, a se empenhar menos na tarefa com que se comprometeu.
A própria família lhe diz que descanse e goze, que mais tarde será melhor.
Pense, todavia, na paz de consciência. Nenhum prazer terreno, nenhuma satisfação material pode ser maior que o sentimento de dever cumprido, de estar em perfeita concordância com a Divina Vontade ao próprio respeito.
Se o relaxamento moral fosse o caminho para a felicidade, aqueles que mais o adotam como filosofia de vida seriam expoentes de ventura, e os vemos abarrotar clínicas de desintoxicação, presídios e manicômios.
A virtude, como nunca, foi valorizada, e não só agrega valor à empregabilidade de profissionais, como gera respeito e simpatia, nas relações interpessoais de todos os níveis, das mais íntimas, às mais distantes.
A moralidade nunca sairá de moda. Na verdade, há uma forte tendência civilizacional nesse sentido. O sistema pós-industrial de sociedade, fulcrado, basicamente, em ciência, cultura, informação e serviços, torna mais gritante a necessidade de confiabilidade em profissionais e instituições, empresas e organizações que lhes são canais. Assim, ser ético nunca foi tão importante.
Ser honesto é obedecer à própria natureza humana, que busca sempre a verdade, a justiça, o bem e o belo, ainda que pervertidos, na beleza sinistra do crime, na justiça tosca do mal e na astúcia capciosa da mentira.
Destarte, sendo envolvido por estratagemas ocultos das trevas, pondere cuidadosamente, antes de ceder à sua hipnose macabra e hipócrita, e siga, optando sempre pelo caminho do dever, da retidão, da boa moral.
Tome o rumo do bem, sempre. Há pessoas que descansam da retidão, fazendo concessões perigosas ao vício, à maledicência, à sensualidade exagerada, à traição de compromissos assumidos. Quando sentir tédio, suporte-o em prece e meditação. O tédio pode sugerir necessidade de ser mais criativo, mais ativo, mais lúcido. Mas também é resultado de tendências primitivas a que se está condicionado em milênios sucessivos de instintividade desregrada. Nos instantes em que se sentir aturdido pelo fastio, desvie o foco mental para reflexões e estudos úteis. Navegue por sites instrutivos na internet. Assista a canais educativos de televisão. Telefone para amigos queridos. Visite entes amados da família. Vá a orfanatos, asilos, hospitais, aproximando-se dos carentes mais carentes que você.
Desvie a atenção do mal que tenta seduzi-lo, para o bem que irá redimi-lo. E, esteja certo, quando a tentação for maior, no sentido de se desalinhar do caminho do bem, mais fortalecido sairá, se a ela resistir, assim sendo mais capacitado à felicidade e à paz, mais consolidado em suas conquistas de alegria e realização pessoal.
Felicidade não existe sem fidelidade. Fidelidade primeiro a Deus e à própria consciência (por onde a Divina Vontade mais se manifesta para a criatura), depois fidelidade ao próximo, às empresas e instituições a que se dedica o tempo de trabalho, e por fim às causas a que o indivíduo devota seu tempo de ideal e serviço solidário.
Sem esse espírito de responsabilidade, compromisso e fidelidade, ninguém pode ser confiável e respeitado, residindo na esfera primária dos caprichos infanto-juvenis, de tudo querer usufruir, sem nada saber ofertar, em contribuição ao bem comum e à prosperidade geral.
(Texto recebido em 20 de agosto de 2002.)