Documento de participação do Instituto Salto Quântico (ou Sociedade Filantrópica Maria de Nazaré, órgão consultivo com status especial junto ao Conselho Econômico e Social da ONU) na 67ª sessão da “Commission on the Status of Women”¹
É notório que há meios práticos e economicamente viáveis para que, com o uso da tecnologia digital, se garanta uma educação de melhor qualidade a meninas e mulheres de todo o mundo, favorecendo-lhes, mesmo àquelas residentes nas regiões mais pobres e remotas do planeta, a inclusão no universo da instrução formal e da capacitação profissional básicas, quanto no âmbito dos elementos primários de esclarecimento civil e conscientização política.
Aplicativos digitais simplificados que ofereçam acesso à internet, ainda que via satélite, e uma organização minimamente eficaz e treinada de professores(as) recrutados(as) para fazerem as devidas adaptações culturais e linguísticas, nesse movimento global de educação em massa, são perfeitamente alcançáveis, quando existe o que igualmente já se sabe de sempre: vontade política por parte dos governos das nações mais ricas e desenvolvidas, no sentido de uma orquestração apropriada de recursos materiais e humanos, com engajamento de organizações não governamentais e de voluntários(as) não afiliados(as) a grupos específicos de militância política, religiosa ou social.
Lamentável observarmos, ano sobre ano, o descaso com relação à maior causa humanitária da atualidade – a nosso ver –, porque abarca, direta ou indiretamente, literal ou metaforicamente, todas as outras causas minoritárias: a redescoberta do valor sagrado da feminilidade e, por consequência, o empoderamento de todas as mulheres, desde sua condição etária de meninas.
Enquanto se destina, continuamente, um oceano de recursos financeiros à conquista espacial e a outras frentes de investimento de valor mais ou menos questionável, em termos pragmáticos e também morais, qual a poderosa indústria de armamentos, notamos, com horror, o menosprezo, em grau aviltante, sofrido por metade da espécie humana – a que se encontra no gênero feminino –, sobretudo em países pobres ou em culturas em que a misoginia e o patriarcalismo são mais enraizados ou mesmo celebrados aguerridamente.
Chegou a hora de darmos um basta a tão grave crise de consciência planetária, tragicamente simbolizada na feição opressiva e genocida da masculinidade hipertrofiada e degenerada em falos estereotipados e apocalípticos: os mísseis nucleares, tanto os considerados “meramente” táticos como os estratégicos, em uma surreal ameaça de Armagedom nuclear, em plena terceira década do século 21!…
Benjamin Teixeira de Aguiar
Presidente-fundador do Instituto Salto Quântico – Sociedade Filantrópica Maria de Nazaré
LaGrange, Nova York, Estados Unidos
10 de outubro de 2022
1. Tema da CSW67 (2023): “Inovação e mudança tecnológica e educação na era digital para alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas”.
Vide versão em inglês: “Women vs. weapons”.
