(Como agir ante a manifestação da ingratidão e estar em paz e feliz mesmo assim.)
Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Quando forem ingratos contigo, sorri ainda mais largamente, e distende teus braços fraternos a mais corações e mentes. É este o padrão habitual dos que lidam no orbe, em nome do Cristo. Se Ele foi tratado aos apupos e pedradas, não imagines que hoje possa ser diferente com Seus seguidores. É de estranhar exatamente o contrário. Se todas as portas se abrem para alguém, num mundo que ainda é das trevas, predominantemente, talvez este indivíduo esteja excessivamente consorciado às potências deste mundo.
Sim. Não deves estimular o abuso. Mas não disse que estendesses mãos aos próprios ingratos tão-somente, mas a outros tantos, que precisem de amparo, como os há, aos magotes infindos, neste planeta de expiações amargas. Há uma forte tentação em desistir do bem, quando se encontra o mal mais intensamente. Não resvales neste sorvedouro de idealismo. Incurso neste teste da existência humana, que inúmeras vezes te fará a avaliação do rendimento escolar, neste grande educandário da Vida, reage com ainda mais perseverança, e consolida teus propósitos de realização benemérita. Fases de prova são naturais e justas, para que haja um fortalecimento do discípulo, em sua determinação fundamental, no campo dos princípios a que serve.
Os ingratos, por um tempo, merecem até tua persistência: podem estar carentes de atenção diferenciada, enredados em teias de obsessão e loucura (*). Trata-os, então, como doentes d’alma, enquanto supuseres plausível. Por fim, se realmente te convenceres de que eles não te querem o socorro solidário, libera-os, para que tomem seus caminhos em paz, dentro do mesmo processo de liberdade no uso do discernimento pessoal que a Divina Providência utiliza com todas as Suas criaturas – inclusive para que tomem, quando lhes aprouver, a rota das tortuosas e enlameadas veredas do mal.
O importante, contudo, é que mantenhas teu coração em estado de prece e graça, alinhado, quanto esteja em teu alcance, com os princípios do serviço e da solidariedade, e o demais virá, por conseqüência, porque quem sintonizar com este padrão de harmonia e paz procurar-te-á naturalmente; e quem não, espontaneamente se afastará de ti.
Indago-te, todavia: existe alguma coisa que se compare à consciência em paz, ao sentimento de reto dever cumprido e à alegria de servir a Deus, na pessoa do próximo; de estar integrado a algo maior que a própria pequena personalidade e a uma realização infinitamente superior à mesquinharia da vida individual? Visto que tais eventos de ingratidão e injustiça são perfeitamente esperáveis, no roteiro de todo servidor do bem, devem ser encarados – fazendo uso da metáfora popular – como o alarido de cães bravios que ladram enquanto a caravana do progresso passa, sem alterar o ritmo de sua marcha!… Uma marcha gloriosa, rumo aos planos superiores de paz e felicidade, que já de agora podem ser, gradativa mas seguramente, desfrutados, numa experiência de conexão mística a ser potencializada, progressivamente, à medida que os anos passarem, o aprendizado crescer e a alma se burilar!…
(Texto recebido em 23 de setembro de 2007. Revisão de Delano Mothé.)
(*) Eugênia emprega a expressão “loucura”, num sentido amplo do termo, fazendo alusão a determinados distúrbios de percepção e comportamento que passam por normais, à ótica do mundo, mas que, em verdade, constituem graves desequilíbrios à perspectiva do Plano Sublime de Vida, mesmo porque, amiúde, são geratrizes, quais sementes, de quadros patológicos mais graves.
(Nota do Médium)