Benjamin Teixeira
pelo espírito Demétrius
Formada por uma conjunção de arquétipos de todas as ordens e por matrizes culturais intrincadas, a mente humana é uma estrutura psíquica montada a partir de constructos conceituais e imagéticos, de difícil leitura. Além disso, o espírito, a individualidade eterna que lhe subjaz, é dotado de tendências próprias, desenvolvidas no correr de sucessivas existências físicas, apresentando propensões personalíssimas de destino.
A mente humana, rica de complexidades singulares, apresenta, em cada indivíduo, idiossincrasias próprias, conforme seu padrão de identidade, necessidades psicológicas, valores morais e tendências evolutivas.
Cada instante mental é resultado da interação de todas essas variáveis e outras tantas que não podem ser quantificadas, igualmente, como padrões culturais de desempenho de papéis impostos (também culturalmente), influência ambiente, intersecção de psiques desencarnadas, entre outros.
Quando se sentir desnorteado, portanto, não tente colocar em dados lógicos muito precisos o que acontece consigo. É impossível dissecar completamente qualquer mente, muito menos a própria. Ninguém é bom analista de si, mas, isso sim: bom julgador. Em outras palavras, somente o próprio indivíduo tem condições de decidir o que realmente lhe faz bem, muito embora normalmente desconheça as causas profundas para isso. Esse desconhecimento não é casual. O ser humano, por meio desse drama da escolha contínua, é levado a sair da esfera do intelecto, da mente racional, para o âmbito da mente emocional, das expressões sutis da intuição, da superconsciência, do seu eu espiritual eterno.
Assim, faça um esforço para não supervalorizar a sua mente lógica e se aproximar dos seus sentimentos, a fim de que possa se auscultar em profundidade e decidir com acerto, ou pelo menos mais acerto, dentro da gama infinita de possibilidades ofertadas à mente, seja em suas vivências íntimas, seja em sua interação com a realidade externa.
Pense mais com o coração. Deixe que fluam as verdades profundas que habitam sua alma. O que seu coração lhe pede como chamado à paz, à satisfação mais profunda do espírito, ao prazer espiritual mais genuíno: isso deve ser seguido, por isso se deve lutar, isso é o caminho de Deus para sua alma, é sua missão, seu destino.
Às vezes, conclusões às pressas indicam mera imprudência, ao reverso de eficiência, como se costuma interpretar a agilidade perigosa dos afoitos. A vida moderna exige velocidade, mas mais que rapidez, você precisa de eficácia, lucidez e segurança. De modo que, sempre que sentir que, para chegar a um bom desdobramento do que ocorre em torno de si, perceber que precisa dar um tempo para a maturação de processos, deixe-os em encubação, para que sofram a gestação psíquica por inteiro, e possam brotar, para a luz da consciência, como escolhas felizes para si e todos os envolvidos no jogo existencial em que está inserido, um jogo educativo, mas cheio de armadilhas que, muito embora também instrutivas, são por demais dolorosas com os incautos que nela caem, quedas essas quase sempre evitáveis.
(Texto recebido em 1 de junho de 2002.)