Benjamin Teixeira
pelo espírito
Eugênia.

Por ocasião do novo aniversário do nascimento de Kardec (*1), um ano a mais além do bicentenário, e aproximando-nos do sesquicentenário de publicação de “O Livro dos Espíritos”(*2), estamos cada vez mais imersos no segundo século da Era Espiritista. Assim como houve o segundo século da Era Cristã, nos primórdios dificílimos dos primeiros vanguardeiros da fé em Jesus, igualmente atravessamos crises diversas, nós que, encarnados ou desencarnados, somos profitentes da Terceira Revelação, como assim foi chamada a Codificação Kardequiana.

Cabe-nos a responsabilidade de arrotear o terreno das mentes e das almas, para a humanidade adentrar o Terceiro Século da Era Espiritista. Deve haver reformulação de idéias, de valores, de modos de abordagem, de linguagem, como asseverou o ínclito codificador, assessorado pelas inteligências superiores que o conduziam da outra dimensão de vida, afirmando o Espiritismo ser fadado a se reformular continuamente, assimilando novos conhecimentos e descobertas científicas, acompanhando o amadurecimento da cultura e da psique coletiva.

Ante este contexto que se descortina para os horizontes da humanidade, precisamos de uma nova versão das idéias espíritas para o século XXI, fazendo a transição do Espiritismo da era positivista do século XIX, para a era da pós-modernidade, em que os conceitos de castração e de infelicidade deverão estar completamente elididos.

Destarte, por motivo nenhum, devem descoroçoar os prezados amigos, neste esforço ingente de remar contra a maré do “status quo” não só das facções mais reacionárias do Movimento Espírita, como de todos os agentes e vetores civilizacionais que combatem a fé na imortalidade da alma. Porque ou fazemos tal atualização do espiritismo, ou ele correrá risco de ser extinto, em perdendo sintonia com as informações e paradigmas da era pós-industrial. E, por outro lado, porque, por ora, a maior parte dos setores da cultura que propugnam pelo bem-estar, felicidade e prosperidade dos indivíduos está desconectada das postulações religiosas e espirituais. Assim, é dever nosso, os espíritas conscienciosos (e por isto mesmo atualizados e esclarecidos), vincular os conceitos de espiritualidade e felicidade, como idéias geminadas, como partes constituintes de um binômio conceitual indissociável – o que é expressão da mais pura verdade, como revela a própria origem etimológica da palavra felicidade (dos verbetes latinos: “fe licittas”, que significam: “fé legítima”).

Portanto, renovemos a disposição de serviço, reforcemos propósitos de mudança íntima e de realização no mundo externo, e não nos deixemos obstar por quaisquer impressões paralisantes, como os sugeridos pela baixa auto-estima, pelo sentimento de culpa e de auto-flagelação psicológica. Que façamos os exercícios de humildade e de auto-disciplina, no empenho em superar as vibrações neutralizantes das trevas, que são continuamente desfechadas na direção dos trabalhadores comprometidos, mas jamais embotemos a abertura de mente, em nome de modelos obsoletos de conduta e de interpretação da realidade.

Outrossim, como propôs Paulo, o Apóstolo, unamo-nos como um feixe de varas, para que mais difícil se faça sermos “quebrados” pelas forças do contra, já que as varas, isoladamente, podem ser facilmente partidas. E, deste modo, estaremos mantendo vivo e contínuo este circuito de energias e de estímulos que parte da nossa esfera de ação e pensamento para a de vocês.

Diante de tais considerações, ratifiquemos, aqui, o nosso compromisso de agir em grupo, para que uma nova era, a era da felicidade, estabeleça-se sobre a Terra, pelo único meio por que isto se pode dar, de modo duradouro, porque respaldado em alicerces firmes: o da espiritualidade na feição da cristandade espírita, que constitui a espiritualidade com lastro racional-científico, lastro este imprescindível a fazer qualquer discurso persuasivo e apropriado à Era do Conhecimento, que define o século XXI, como dito por vários autores encarnados (*3).

(Mensagem recebida psicofonicamente, na reunião mediúnica fechada de 4 de outubro de 2005.)

(*1) 3 de outubro de 1804.

(*2) Em 2007 serão completados 150 anos de publicação da obra fundamental do Espiritismo.

(*3) Peter Drucker, praticamente o criador da disciplina “Administração e Negócios”, ainda encarnado à altura desta publicação, é um dos mais respeitados autores modernos a fazerem esta assertiva publicamente.

(Notas do Médium)