por Benjamin Teixeira.
Neva agora, muito leve e belamente, nesta dolente manhã de domingo, na cidade de Bethel, Connecticut, onde estou hospedado, nesta viagem em périplo de conferências nos Estados Unidos da América, junto ao amigo e irmão em ideal Delano Mothé, um de meus mais próximos e importantes colaboradores, revisor de nosso site.
Corridíssimo, deveria já estar me preparando para viajar, dentro de pouco mais de uma hora, ao Estado de Massachusetts, onde proferirei palestra à noite, só retornando para cá amanhã. Estou fazendo tudo ao mesmo tempo: respondendo e-mails, scraps (recados no orkut), arrumando a bagagem (com a ajuda de Dê) e ainda digitando, entre uma e outra coisa, estas linhas despretensiosas.
Apesar de vir à pátria de Lincoln e Kennedy anualmente, desde 1996, esta é apenas a terceira vez em que assisto, pessoalmente, ao fenômeno um tanto bizarro e miraculoso – para a perspectiva de nós, brasileiros – de chuva congelada descendo do céu, em pequenos floquinhos espumosos esbranquiçados. A primeira ocasião ocorreu em 8 de dezembro de 2000, em evento relatado neste mesmo sítio eletrônico – à época, recém-lançado.
Terra redonda achatada nos pólos… latitude diferenciada, irradiação solar em menor intensidade… Pois é… mecanismos geofísicos bem conhecidos a provocarem esta temperatura tão baixa, realidades que ninguém discute… porque se as vêem, dentro do espectro de percepção dos próprios olhos físicos, sem sequer a ajuda de um microscópio ou de um telescópio… Mas por que se questiona tanto o que se não vê diretamente com os olhos, mas se pode perceber pela mente? Como desfazer as geleiras da insensibilidade humana e do cepticismo negativista, cínico, ateu, materialista? Somente com o sol de uma inteligência mais aguda, que enxergue além de fenômenos de superfície, para que se remonte às causas profundas do que nos fundamenta as vidas e os destinos…
Não dá para aceitar mais a tolice atéia de quem refuta a existência de um Ser Supremo, apenas por não se entendê-l’O. Premissa básica implicada nesta conclusão: não pode haver nada além do que meu cérebro consiga processar, já que sou o ápice da genialidade possível no universo conhecido e além dele.
Também não se pode admitir a estultícia de só acreditar no que se toca e vê, num mundo regido por domínios invisíveis da realidade, como a Economia, a Família ou o Amor. E, para não entrarmos na esfera subjetiva demais do campo afetivo e espiritual, seria cabível alguém retorquir que a permuta automática de bits entre seu cartão de débito e a empresa que lhe vende um serviço ou um produto não existe, por não ser acessível ao nosso sensório físico? Há como duvidar de que a tão intangível e incorpórea economia tem efeitos concretíssimos em nossas vidas?
Ainda é aceitável falar em materialismo “científico”, quando a física de subpartículas atômicas nos assevera que nada do que percebemos com nosso sensório vulgar – do universo aparente, no plano do macroscópico – existe como parece, e que tudo não passa de uma sopa quântica de possibilidades e de probabilidades de possibilidades, em meio a um oceano indefinível e infinito de informação e consciência?
Francamente, não há mais razões defensáveis para se perder tempo com tanta asneira… Se alguém duvida que a neve é real, só porque não teve as retinas “feridas” pela luminescência um tanto incômoda do reflexo da luz solar sobre a colcha de branco puro que cobre o solo por aqui, dirija-se às proximidades de um dos pólos de nosso orbe e acompanhe “in loco” o fenômeno…
Há daqueles que não acreditam que o homem foi à Lua, por não terem pisado, pessoalmente, o solo lunar; ou que não aceitam a existência de Jesus, porque não Lhe apertaram a mão… Para estes, como para crianças, psicóticos e silvícolas primitivos, só as experiências físicas são reais… Neste caso, o que fazer, senão esperar que a escola evolutiva lhes ensine novas lições, até que tenham inteligência e saúde mental suficientes para divisarem além do óbvio?
(Texto redigido em 2 de dezembro de 2007. Revisão de Delano Mothé.)