(Quadro a óleo clássico de Sêneca – famigerado filósofo romano da Antiguidade –, uma das encarnações do Espírito Anacleto.)
Benjamin Teixeira
pelo Espírito Anacleto.
Não precisaríamos buscar fundamento em Kardec, por que o teríamos em Jesus, que pediu aplicássemos a misericórdia e não o sacrifício, acusou religiosos conservadores de hipócritas e conviveu com a escória da espécie humana, elucidando que os sãos não precisavam de remédio, tanto no sentido literal, quanto no metafórico-irônico, grande gênio que naturalmente Ele era, enviando uma mensagem cifrada aos tempos futuros – os de agora –, que Lhe compreendem bem melhor os pareceres revolucionários, no combate a toda ordem de discriminação, numa era primitiva da história humana. Resolvemos, todavia, procurar respaldo não somente na compilação clássica de Kardec, mas nos Próprios dizeres do Espírito da Verdade, sobre o assunto, quando foi consultado pelo ínclito codificador exatamente a respeito da temática ora em foco.
Ser preconceituoso, nos dias que correm, ao menos de modo explícito, constitui um erro crasso, condenado por toda gente relativamente informada e inteligente. Condenarem-se a sexualidade de mulheres, a dignidade de negros ou a própria existência de homossexuais é considerado feio, deselegante, grosseiro e, na maior parte das ocasiões, ofensivo, repulsivo e até mesmo criminoso.
Mas há quem pretenda sustentar teses anacrônicas, ainda nesta data, inclusive em meios ditos seguidores de Allan Kardec. Condenam o divórcio. Deveriam reler “O Evangelho segundo o Espiritismo” – a mais religiosa das obras coligidas-redigidas por Kardec –, em artigo de sua própria autoria, item 5º do capítulo 22, apresentando o divórcio como necessidade humana inarredável. Dessarte, quem se opõe ao divórcio, nos tempos contemporâneos, não só apresenta um atestado indiscutível de desinformação e desatualização, como jamais se poderia dizer kardecista – palavra que, como a formação etimológica do verbete indica, significa seguidor de Kardec.
Pregam a virgindade obrigatória antes do casamento. Logo, não têm nenhum respeito pela instituição sacratíssima do matrimônio, que não é área para experimentações sexuais, e sim de consórcio de almas, para fins sérios de constituição de família ou de união de forças psíquicas, para realizações nobres, em função do bem comum.
Condenam a homossexualidade. Esquecem-se de que há quatro décadas a Ciência, em todos os seus departamentos, ligados ao estudo do comportamento humano (como a Psiquiatria, a Sexologia, as diversas Escolas de Psicanálise e Psicologia, a Antropologia, a Sociologia, etc.), retirou-a do rol das enfermidades psicológicas e/ou sociais e/ou morais, olvidando, ademais, a máxima expendida pelo próprio Kardec de que, no momento em que a Doutrina que ele codificou, com o auxílio da Espiritualidade Superior, entrasse em contradição com a Ciência, abandonasse-se o seu sistema de ideias, naquele ponto específico, e seguisse-se a Ciência.
Toda pessoa sensata e esclarecida atualiza-se, como também o sábio francês pedia fizesse-se com o conjunto de conceitos que ele deixou (denominado de “Doutrina Espírita” ou “Espiritismo”), em suas próprias palavras: em seus “andaimes”. A edificação maior viria no futuro, por previsão dele mesmo, documentada, quando possível fosse falar-se mais abertamente de assuntos que, à época, eram completamente proibitivos, como os relacionados às questões racistas, numa era de escravagismo, em inúmeras nações do globo.
O Espiritismo acompanharia o progresso das ideias, dos conhecimentos e dos costumes humanos, sem perder a sua intemporalidade, nos princípios de amor ao próximo e evolução sempre! Permitam-nos reiterar: foi o que o próprio Kardec, inspirado e apoiado em ditados mediúnicos do mais alto nível, declarou, categoricamente!
Mas alguns parecem pretender assassinar a vivacidade adaptável do legado kardecista, em sua suma essência: o poder de evoluir, o Centro de todas as suas proposições, inclusive base de toda sua cosmogonia e escatologia.
Nossa Escola de Pensamento, em nome da Espiritualidade Sublime, tem propalado algumas ideias que se mostram “escandalosas”, para alguns kardecistas mais conservadores, que, por sinal, cotejam textos de nossa lavra, publicada em pleno século XXI, para um público do século XXI, com os que foram redigidos, psicograficamente, inobstante por respeitáveis médiuns, em décadas distantes, para um público da primeira metade do século transato, como também os comparam com escritos psicografados mais recentes, de alguns médiuns desinformados dos últimos progressos da Ciência, que, por não serem responsáveis com o dever de estudar e atualizar-se continuamente, prosseguem sustentando teses obsoletas, em nome de nosso Plano de Ação.
Entrementes, confiante na possibilidade de reversão de quadros lamentáveis de prejuízo à Obra que não é dos homens, e que, conforme muito bem asseverou Léon Denis, prosperará, “com os homens, sem os homens, a despeito dos homens”, sugerimos maior reflexão, prudência e profundidade em opiniões publicadas (ou disseminadas, covardemente, à socapa, e não dos púlpitos, onde poderiam ser vaiadas nos tempos de hoje), a estes nossos confrades mais cristalizados nos conceitos passados, e lhes alvitramos, no mínimo, maior respeito às nossas exposições, que representam a Voz do Espírito da Verdade, para estas décadas primeiras do raiar do Terceiro Milênio – pouco importando o quanto incomodem tais revelações a quem quer que seja –, pois que rigorosamente cumprimos a tarefa de atualizar o Espiritismo, ao grau de adiantamento do Conhecimento Humano, no Plano Físico de hoje. Vale consultemos, mais uma vez, a obra do “bom senso encarnado” – como Léon Dennis cognominou o sábio codificador do Espiritismo, Allan Kardec –, na pergunta de nº 3, no item 301 de “O Livro dos Médiuns”, em resposta assinada pelo Espírito da Verdade, o Egrégio Gênio Celeste condutor da Codificação Espírita em todas as épocas, desde o tempo de Kardec (*1):
“Pergunta:
– Com que fim Espíritos sérios, junto de certas pessoas, parecem aceitar certas ideias e preconceitos que combatem junto de outras?
Resposta:
– ‘Cumpre nos façamos compreensíveis. Se alguém tem uma convicção bem firmada sobre uma doutrina, ainda que falsa, necessário é lhe tiremos essa convicção, mas pouco a pouco. Por isso é que muitas vezes nos servimos de seus termos e aparentamos abundar suas ideias: é para que não fique de súbito ofuscado e não deixe de se instruir conosco.
Aliás, não é de bom aviso atacar bruscamente os preconceitos. Esse o melhor meio de não se ser ouvido. Por essa razão é que os Espíritos muitas vezes falam no sentido da opinião dos que os ouvem: é para os trazer, pouco a pouco, à verdade. Apropriam sua linguagem às pessoas, como tu mesmo o farás, se fores um orador mais ou menos hábil. Daí o não falarem a um chinês ou a um maometano, como falarão a um francês ou a um cristão. É que têm a certeza de que seriam repelidos’.”
Por fim, nada mais lapidar, no sentido do respeito à espiral de evolução dialética, com que constructos conceituais são lentamente trazidos a lume, apesar das resistências dos mais refratários ao progresso das ideias humanas, do que a questão 801, do livro base do Pentateuco kardequiano, “O Livro dos Espíritos” (*2), com que encerramos este nosso breve ensaio:
“Pergunta:
– Por que os Espíritos não ensinaram, em todos os tempos, o que ensinam hoje?
Resposta:
– ‘Não ensinais às crianças o que ensinais aos adultos e não dais ao recém-nascido um alimento que ele não possa digerir. Cada coisa tem o seu tempo. Eles (os Espíritos Superiores) ensinaram muitas coisas que os homens não compreenderam ou desfiguraram, mas que podem compreender agora. Por meio de seus ensinos, mesmo incompletos, prepararam o terreno para receber a semente que hoje vai frutificar’.”
Cuidemos, amigos, para não repetirmos o erro de todas as épocas: anatematizar os que vão à frente – os carros chefes da evolução –, porque o preço em carma (para já agora e mais ainda para adiante) de quem acusa de infames os que se fazem Espelhos do Céu é alto demais para que se possa nominar…
(Textos respectivamente redigidos e compilados em 3 de maio de 2010.)
(*1) Servimo-nos, para este fim, da clássica tradução ao Português da obra kardequiana, levada a efeito por Guillon Ribeiro, com mais de cem anos de existência.
(*2) Já para este excerto, julgamos por bem utilizar a tradução nova de Evandro Noleto Bezerra.
(Notas do Autor Espiritual)
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