(Outro – quarto – exemplo de preconceito às avessas.) (*1)
Benjamin Teixeira
pelo Espírito Eugênia.
Nesta era de tanta reivindicação de direitos e liberdade para a mulher – o que é muito justo, bom e devido – cabe acentuar um direito que parece ser negado à sua condição feminil, nos círculos considerados mais modernos e desenvolvidos: o direito de se devotar, integralmente, ao ninho doméstico, aos rebentos do próprio coração, ao homem amado que lhe é filho mais velho, carente de atenção diferençada da que oferece aos pimpolhos.
Empregadas domésticas, amiúde, se fazem anjos em casas que se convertem em pandemônios, pela falta de amor com que crianças infelizes são geradas por pais desassisados. Se você prefere ser o anjo protetor de seus filhos e do reduto do sossego e da ternura mais cara de seu espírito – o que há de errado nisso?
Além de manter a economia familiar em movimento e todos os apetrechos funcionais do lar em boa eficiência, a amiga ainda pode dedicar-se, quando os meninos estiverem confiados a professores e instituições de ensino, a leituras, cursos (presenciais ou à distância), videoaulas que lhe melhorem o trato com as crianças, aprimorando-lhe a capacidade de conduzi-las à realização plena, sem ferir-lhes a personalidade, as características únicas e preciosas de que são portadoras para enriquecer o mundo.
Que bom que você chegou até a concluir o nível superior! Isso, em vez de seu mais um argumento contrário à sua decisão existencial que parece estar na “contramão da história”! Em países nórdicos, já hoje, o mestrado é exigido para que se deem aulas nas classes do ensino fundamental (*2). E que função mais séria e espiritual poderia haver que ajudar na conformação saudável da personalidade e do caráter de espíritos que lhe foram confiados por Deus na condição de filhos muito amados? Como subestimar o sacerdócio-ciência-arte mais sagrado e complexo que existe: o de auxiliar espíritos eternos, de quem não se conhecem, de antemão, as necessidades, problemas, propensões e taras, e favorecer seu desenvolvimento, dentro de certos limites de bom senso e moralidade, mas que jamais castrem a originalidade e a espontaneidade, a liberdade e o direito de ser (ainda que ferindo nossas expectativas) – predicados com que nossos filhos nascem, como prerrogativas inalienáveis, diretamente concedidas pelo Criador?
Preste atenção à criança que pede asilo em seu coração, um pouco de carinho, de ternura, de dedicação. Acaricie-lhe a fronte, enquanto fala com ela, beije-lhe a testa e a ouça, fitando-a fundo nos olhos. Faça com que ela se sinta importante, presente, considerável. Propicie que ela viva a experiência de existir, de ocupar um lugar no concerto das coisas, de ter um encaixe no esquema do mundo. Isso é o que de mais precioso você pode transmitir a seus filhos, exatamente o propósito axial de todas as psicoterapias criadas até a presente data: despertar, consolidar e ampliar a autoestima do indivíduo.
Se você fizer isso, notará a resposta em forma de vibração de amor; e o amor, que eleva a vida e fá-la frutificar, torná-la(o)-á feliz, ainda agora, e não numa pretensa outra vida ou depois da morte do corpo de carne.
Prepare o almoço ou o jantar com afeto e zelo pelos que lhe absorverão os valores nutritivos. Limpe a casa com a doçura da mãe realizada que higieniza o ambiente aconchegante, onde vivem os tesouros mais caros de seu coração. Arrume a mesa, a casa, o banheiro, o jardim e a roupa da família, como quem fizesse os preparativos para vestir uma rainha: sua vida, sua felicidade, sua glória de ser na Terra, de desfrutrar da oportunidade preciosíssima de uma encarnação, de interagir com seus entes queridos, de servi-los, de aprender com eles, de ensinar-lhes alguma coisa.
Depois, ao sair para comprar o pão e o leite do dia, sorria para os passantes, seja afável com a balconista, pague o valor estipulado pelo estabelecimento, com a gratidão de poder adquirir o alimento da noite, e distribua sorrisos, gestos de gentileza e amabilidade.
Se não lhe entenderem as intenções puras, passe adiante, e faça por outros. Seja você uma geratriz viva de bondade e serenidade, disseminando a paz e o bem por onde estiver, e se surpreenderá ao se notar, todo dia, ao final do dia, pondo as crianças a dormir, e beijando o cenho franzido do esposo estressado, que está você albergada num pedaço do paraíso, sem o mundo se dê conta. E, assim, em prece de gratidão e louvor a Deus, por tantas bênçãos em sua vida, feche os olhos bem aventurada, aguardando o transporte para o Céu, onde prosseguirá trabalhando, a serviço do bem comum, o bem que hoje você ainda não pode alcançar, por estar, andorinha feliz, cativa na célula da felicidade dos frutos do seu amor com o homem escolhido por seu coração.
(Texto recebido em 31 de agosto de 2009.)
Eu mesmo incluo estas duas imagens questionáveis em seu valor literal – mas ainda neste capítulo de interpretação respeitáveis, porque não só constituem direito no livre gozo do livre-arbítrio de cada qual, como também patamares de consciência, do espírito eterno em evolução: a mulher que se revolta com o serviço doméstico; e a que o usa como um artifício de sedução e controle do seu homem escolhido. A reflexão que propõe, menos óbvia na leitura das mesmas imagens, é que se faça a transformação do tédio de atividades rotineiras, cíclicas (por isso desesperadoramente circulares), invisíveis (ninguém costuma reconhecer o valor de sua dura realização), para a meditação, a oração e o prazer de vibrar amor em cada detalhe da ação em estado místico de reverência e doação ao próximo. Assim, voltando às imagens: do fastio rasteiro do ego que não se empolga com o que é repetitivo e não-reconhecido, para a paixão superior do espírito que transcende o fogo das paixões subalternas (representado na lareira que se apagou), pelo fogo sagrado do êxtase místico de conexão com faixas mais altas de consciências.
Inúmeros espíritos se santificaram na forja de ocupações tidas como subalternas, mecânicas e sem valor cultural, social ou econômico (aparentemente ou num nível mais superficial de análise). No hinduísmo, há a disciplina que sugere se pôr uma pessoa virtuosa para o preparo dos alimentos, para que energias de alta vibração (de amor) impregnem o que se ingere, favorecendo o processo de “iluminação”. Incontáveis doutrinas iniciativas trabalham a sublimação do banal, que representa uma metáfora da metanoia do espírito – a sua transubstanciação, a sua transmentalização, o seu salto de nível de manifestação de valores, sentimentos, conceitos (os que são da minha geração, recordar-se-ão do treinamento do protagonista de Karatê Kid, que bem exemplifica o que aqui falamos).
Atentemo-nos, para que não sejamos preconceituosos às avessas, como tão bem nos lecionou nossa Mestra Eugênia, nesta pérola chocante da revelação que segue na contramão das tendências de “emancipação feminina”, movimento este que desponta aqui ou ali, não como nova tendência, mas como alternativa possível e digna à escolha das jovens que se sintam vocacionadas ao serviço por excelência, que preferem se aplicar a uma das mais nobres funções entre todas: cuidar de crianças (de todas as idades, filhas biológicas ou não) e educá-las, confeccionando e mantendo, em torno delas, um ambiente acolhedor de afeto, ternura e perdão: o lar.
Ela mesma – a grande e impoluta mestra do Salto Quântico – teve, como ideal de sua última encarnação, ser, tão-só, uma empregada doméstica, devotando-se, no convento de Nerver em que desencarnou, aos mais “humildes” serviços de limpeza e enfermagem. Não por acaso Ela, que só queria ser a serva de todos, fez despencar, pela vibração excelsíssima de seu coração despojado de ego e prenhe de amor altruístico, a própria Rainha do Céu. Ela, que quis ser a servidora de todos, é, no plano astral superior, cultuada e reverenciada como uma rainha eterna…
Ah… os paradoxos do Espírito e da Eternidade, que confundem, magnificamente, o raciocínio tosco do ego humano…
Benjamin Teixeira.
Aracaju, 19 de setembro de 2009.
(*1) Eugênia faz remissão ao artigo “Três Exemplos de Preconceito às Avessas”. Curiosamente, no anterior, Eugênia mostrou mais sua face sábia, para os demasiadamente intelectualizados. Neste, ela fala com seu lado santa, para as almas sensíveis, que lhe puderem alcançar a grandeza de coração, nas proposições escandalosas para os vencedores do mundo, perdedores do Céu.
(*2) Na Finlândia, se não me engano, é assim.
(Notas do Médium)
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