Asseverou o Mestre Supremo: “A minha paz vos deixo. Não vo-la dou como o mundo a dá” (João, 14:27).
A paz que Jesus oferece a Seus(Suas) discípulos(as) é a do Plano Crístico de Vida, e não a do mundo. Logo, não se coaduna com a pretensão de ausência de conflitos, mas sim com a aplicação da energia motriz psicológica gerada pelos próprios conflitos, na intensificação do impulso imanente à transcendência.
Por isso, noutra ocasião, declarou o Cristo Verbo: “Não julgueis que vim trazer a paz à Terra. Vim trazer não a paz, mas a espada” (Mateus, 10:34).
O paradoxo se decodifica à medida que o(a) buscador(a) da Luz compreende o propósito da genuína espiritualidade: a superação dos limites rasteiros que os instintos animais e as artimanhas do ego impõem ao espírito imortal.
Ao contrário do que se presume, a partir de uma ótica superficial sobre o gravíssimo assunto da função evolutiva, a irradiação e a influência celestes, justamente por promoverem o despertar espiritual em um nível mais elevado de consciência, podem recrudescer e multiplicar dificuldades e problemas, dentro e fora das criaturas.
Natural que assim seja, porquanto a Providência Divina catalisa o desenvolvimento moral de indivíduos que, mais disciplinada e fervorosamente, façam-se receptivos à Sua Presença, o que lhes resulta em inevitáveis distonias com antigos e perniciosos hábitos em que se cristalizavam, bem como em disparidades de interesses e valores em relação a personalidades com quem convivam e a comunidades de que sejam partícipes de algum modo.
Eis por que a Voz do Senhor ribombou estas sentenças comumente ignoradas: “Daqui em diante” (após a autêntica conexão com o Céu) “haverá numa mesma casa” (ou agrupamento humano de qualquer natureza) “cinco pessoas divididas: três contra duas, e duas contra três” (Lucas, 12:52). “Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e terão por inimigos(as) seus(suas) próprios(as) familiares” (Mateus, 10:35-36).
Fique alerta, filho(a) amado(a), para o que real e inalteravelmente Jesus pretende ofertar como dádiva de amadurecimento e expansão da lucidez e dos sentimentos:
A paz dos(as) combatentes a serviço do bem, no reto cumprimento de seus deveres d’alma;
A paz dos(as) que labutam, dia a dia, na multiplicação dos recursos de esclarecimento e consolação a seus(suas) irmãos(ãs) em humanidade;
A paz-espada da mais afiada percuciência, do mais agudo discernimento entre o bem e o mal, em cada circunstância vivida…
A paz que o Excelso Redentor legou à civilização terrena, em suma, diz respeito à busca perene de harmonização do ser humano com os princípios espirituais que provenham do Alto, e jamais à conformação com o moralismo rasteiro, castrador e amiúde diabólico das convenções de época e lugar…
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium) e
Eugênia-Aspásia (Espírito)
em Nome de Maria Cristo
Bethel, CT, região metropolitana de Nova York, EUA
24 de outubro de 2020