A atitude cristã, em todas as suas implicações e desdobramentos, nas diversas áreas existenciais de um indivíduo, enfeixa-se num único princípio: a fraternidade.
Todavia, a fim de que a irmandade genuína se expresse na alma da pessoa, três pilares fundamentais ou faces do ser fraterno(a) precisam surgir e ser vivenciados, tão ativa, contínua e profundamente quanto possível.
O primeiro apanágio do cristianismo real lastreia-se na autenticidade. Sem um significativo grau de honestidade, para consigo mesmo(a) e para com os semelhantes, o(a) buscador(a) da Luz Divina jamais logrará a integração psicológica mínima nem a integridade moral imprescindível para a lapidação espiritual da gema íntima de sua divindade latente.
Jesus foi muito claro a esse respeito, distinguindo o moralismo convencional (e sua artificialidade hipócrita) do sentido lúcido de contato com a própria consciência e o corolário inexorável do seguir o que ela dite ser a Vontade de Deus para a criatura.
O segundo atributo indissociável ao padrão verdadeiro de familiaridade pelo ideal se manifesta no olor transcendente do perdão, que se pode revestir de compaixão, tolerância, compreensão e até de misericórdia, de acordo com a amplitude do espectro cognitivo de cada espírito e, principalmente, com seu potencial presente a exprimir sentimentos nobres, que o propulsionem das meras empatia e desculpa das faltas alheias à mobilização piedosa na direção daqueles(as) que se permitam socorrer, embora circunstancialmente se apresentem hostis e sintonizados(as) com vetores mentais da malevolência, da viciação egoica e do caos.
O terceiro índice do diapasão legitimamente cristão, e provavelmente o mais difícil de ser experienciado pela maior parte da população terrena da atualidade, consiste no desapego – não só em sua acepção mais óbvia, de colocar em segundo plano as tão generalizadamente cobiçadas (e consideradas precípuas) metas de aquisição de posses, prestígio e poder, mas também no que tange à complexíssima esfera dos relacionamentos interpessoais, a começar, mormente, dos entes mais íntimos e caros ao coração do(a) devoto(a).
Renunciar a posições de destaque e afastar-se de afetos, quando eles entram em conflito frontal com os ditames do núcleo sagrado do ser, constitui um imperativo que poucos(as) integrantes da espécie humana da Terra de hoje estão dispostos(as) a atender.
Esses três paredões estruturais da fortaleza espiritual se reforçam mutuamente. E, na ausência pronunciada de um deles, os outros dois caem por terra, escorados que estão uns nos outros, convertendo o que seria a luminosa chama da fraternidade, antecâmara da porvindoura angelitude, num simulacro diabólico de cortesia, conveniência social e dissimulação religiosa, diametralmente opostas ao que o Cristo-Verbo da Verdade propugnou em Seu extraordinário Messianato de salvação do planeta.
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia (Espírito)
em Nome de Maria Cristo
LaGrange, Nova York, EUA
29 de dezembro de 2021