Benjamin Teixeira
pelo espírito Eugênia.
Já ouviu falar em medo de ser feliz? À primeira vista, parece um total contra-senso, uma conduta típica a pessoas doentes ou dementes. Todavia, por mais estranho que se afigure, num primeiro exame, é comum e bem presente em pessoas consideradas normais, já que constitui um paradoxo curioso, peculiar à mente humana, compreensível, desde que partamos das premissas certas, a respeito do funcionamento basilar da mente humana.
A mente existe para criar, em seus intrincados mecanismos, além de assimilar, associar e gerar dados novos, bem como reintegrá-los dentro de um esquema de valores, verdade e significado previamente construído, para que não haja um colapso de toda a sua estrutura, que, numa medida pequena, provocaria uma crise existencial, e em proporção maior, promoveria a ruptura com a realidade, nos processos de fragmentação da psique conhecidos por psicoses, ou, popularmente falando: loucura. Assim, por precisar engendrar, continuamente, coerência, conforme pressupostos constituídos anteriormente, a mente acaba por condicionar a filtragem da realidade, distorcendo percepções, quanto possível, para ajustá-las ao conjunto de informações, ilações e paradigmas já configurados na mente. Se, neste arcabouço pré-existente, houver algo como uma crença de que não se pode ser feliz, o indivíduo fará tudo, inconscientemente, para confirmar este princípio, por mais absurdo ou contraditório ele for com suas próprias expectativas de bem estar e felicidade que albergue em seu coração. É que, acima de tudo, a mente visa a intuir e interagir com a “verdade”, concorde seu nível de entendimento do que seja esta “verdade”, mesmo que, em última análise, seja uma grande mentira.
Diante disto, prezado amigo, faça agora uma pausa em suas reflexões, e analise-se cuidadosamente: você acredita em felicidade? Você acredita que Deus possa ser infinita bondade? O Cosmo, em nome do Criador, sempre respeitará suas escolhas e opiniões, porque são elas tidas como parte inviolável de suas prerrogativas como ser senciente. Na Terra, saiba de antemão, ante o baixo grau de consciência espiritual e mesmo de maturidade psicológica de seus habitantes, numa era de primarismo social, político, cultural, filosófico e religioso, poucos são aqueles que acreditam sinceramente que possam merecer ser felizes, e fomentar, com isso, a felicidade de seus irmãos em humanidade.
De modo algum, com isso, estamos propondo uma perspectiva egóica, narcísica, e, muito menos, hedonista e materialista de enxergar o mundo. Quando falamos em felicidade, aludimos a estados de espírito de paz, realização profunda das vocações e dos ideais do indivíduo, de partilha sincera e harmônica com seus semelhantes e, principalmente, de grande sentimento de amor e devotamento a Deus.
(Texto recebido em 8 de agosto de 2004.)