Em certa ocasião de maior turbulência espiritual, um discípulo de Maria Cristo se viu imerso em uma experiência psíquica hiperlúcida, parcialmente deslocado do organismo de matéria densa.
A Mãe Santíssima da humanidade terrena, em Voz aveludada e segura, transmitindo ternura e proteção a um só tempo, disse-lhe à acústica mediúnica, embora gerasse todo o quadro mental permanecendo distanciada da superfície da Terra:
– “Tranquilize-se, meu filho. Trata-se apenas de mais uma investida de meus inimigos¹ contra você. Isso vai passar…”
O médium foi acometido, em seguida, de breve lapso de consciência, acordando estupefacto com uma cena em que jazia mergulhado em águas revoltas e percebia, diante de si, uma imponente Mão de Homem de tez morena. Era Jesus a socorrê-lo, numa vívida reportação ao episódio em que o apóstolo Pedro, por sua hesitação de fé, afundou no mar da Galileia, após haver caminhado sobre as águas, rumo à Figura do Cristo-Verbo.²
Com realismo impressionante, o socorrido segurou a Destra que Se lhe estendia, sentindo tanto o toque quanto a clara medida da pressão em resposta: a de um mero aperto de mãos.
Ato contínuo, o tutelado foi intuído a soltar a Mão de Jesus. E, para sua surpresa, o Messias retribuiu-lhe o gesto, de pronto, mantendo, no entanto, a Destra “parada e disponível”, no mesmo ponto, qual se aguardasse qualquer iniciativa diferente daquele que Ele pretendia salvar.
O sensitivo conseguiu deduzir, por detalhes da musculatura e tendões da Celeste Mão, que o Redentor esperava, com “força a postos”, que ele O buscasse.
E assim se deu: o medianeiro agarrou firmemente a Mão Excelsa, que correspondeu imediatamente, com o mesmo vigor preênsil, como quem tenta resgatar alguém de um afogamento ou da queda na encosta de uma montanha.
A Voz majestosa de Mãe retornou, então:
– “Eis, filho amado, a explicação do paradoxo de haver Jesus afirmado que era a ‘fé’ ou, em grego, ‘pistis’ – livremente traduzível por ‘decisão-compromisso’ – das pessoas que as salvava ou as curava, e não Ele Próprio, como parecia ser.³
O busílis da questão é que as Potestades Divinas, como o Mestre dos Mestres, só atuam, em favor dos seres humanos, na proporção exata da escolha e da receptividade de cada criatura, do entendimento e da transformação que demonstrem em profundidade, ou seja: não só no plano mental consciente, mas também nas camadas inconscientes de seu psiquismo.”
Benjamin Teixeira de Aguiar (médium)
Eugênia-Aspásia (Espírito)
em Nome de Maria Cristo
LaGrange, Nova York, EUA
23 de agosto de 2023
1. Nossa Mãe Crística solicitou que, desta vez, não flexionássemos para o feminino a expressão “meus inimigos”.
(Nota do médium)
2. Mateus 14:28-31.
3. Marcos 5:34.
(Notas da equipe editorial)